Ivone Maluf: Uma mulher à frente de seu tempo

Por Rosângela Camolese | 05/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Como não poderia deixar de ser, nesta semana ocupo espaço para homenagear o 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Tomo a liberdade de homenagear todas as piracicabanas em nome de uma mulher marcante em todos os sentidos: Ivone Maluf. E porque ela? Por que neste momento Ivone fecha um importante capítulo de sua vida com o encerramento das atividades da boutique Maison D'Or.

Ela que vinda de família bem posicionada e influente poderia optar por tornar-se esposa, mãe e dona de casa. Mas não! Em 1960, dominada pela inquietude que lhe é peculiar, abre em sua própria casa, a Maison D'Or, onde oferecia produtos exclusivos, importados da Itália. Alguns anos depois, construiu dois cômodos no quintal da casa e reuniu as amigas – como ela sempre tratou suas clientes – num elegante desfile abrilhantado por modelos internacionais para marcar a inauguração do novo espaço.

E este era somente mais um passo desta empresária da sobriedade e da elegância, que foi esposa de José Maria Goldsmith e dessa relação, gerou a Zezinho, Ana Teresa e Ana Cristina, filhos que lhe deram muito orgulho, por serem pessoas íntegras e de grande sucesso em seus negócios e profissões.

Sua ousadia empresarial ficou demonstrada em diferentes momentos, como o lançamento de produtos de marca própria, a oferta de artigos de decoração ao lado das roupas, acessórios e jóias exclusivas que já comercializava, atuando no segmento noivas e também como “arranjadeira de casa” - ganhou este título depois que ajudou uma de suas amigas a arrumar uma sala. O engraçado é que essa “brincadeira” cresceu, mas ela jamais permitiu ser chamada de decoradora, pelo contrário, seguiu arranjando lares aconchegantes.

Mas quero falar um pouco para além da empresária. Quero trazer a Ivone Maluf cidadã ativa e preocupada com o bem-estar da comunidade a que pertence. Ao longo de sua carreira ela sempre organizou eventos beneficentes na loja, em clubes ou em casa de amigas. Nos tempos das vacas magras, usando de criatividade, reuniu as clientes numa tarde caipira com pipoca, quentão e algodão-doce, pedindo a doação de vassouras para uma instituição. Em outros momentos organizou grupos de voluntárias para levar assistência e conhecimento a bairros carentes, como o Bosques do Lenheiro. Hoje, entre as diversas ações sociais nas quais atua, estão os Vicentinos (Sociedade São Vicente de Paulo) e a Muccap (Associação Pró-Mutirão da Casa Popular de Piracicaba. A sala de visitas sempre ativa em sua loja, constantemente foi palco de produtivas discussões políticas e sociais na busca de melhores condições de vida para todos, assim como um grande ponto de encontro entre amigas.

E eu que sempre prestigiei como cliente a Maison D'Or, hoje vejo, um novo ciclo na vida da minha querida amiga e como sempre a chamo, mãe Ivone, em plena realização, com suas portas na Barão de Piracicamirim sendo fechadas, porém, diante de sua história e brilhantismo só posso aplaudir estas décadas de trabalho incansável e inovador que ela capitaneou ao lado das fiéis funcionárias que a acompanharam ao longo de 60 anos. Para Ivone e suas “meninas” em nome de todas as mulheres piracicabanas, nosso carinho e eterno respeito. Um viva às mulheres guerreiras e batalhadoras!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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