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As mãos
Por José Faganello | 08/01/2020 | Tempo de leitura: 3 min
“São galhos/ ou talvez raízes que jamais se cravaram na terra / Ninguém as vê por muito tempo imóveis/, desejam sempre, mesmo o sonho as inquieta/ não existem sós./ em tua aflição uma se prende a outra no encalço de apoio/ para encontrar tão somente um gesto igual/ caindo no espaço/ certas que existe o abismo”. (José Paulo Moreira Fonseca).
A Pré-História fornece-nos mais escuridão do que luz. O conhecimento que dela temos baseia-se no estudo de fósseis, instrumentos, inscrições e alguns poucos outros vestígios. Os estudiosos do assunto têm como certo, que nosso antepassado começou a lenta caminhada para o que somos hoje, quando passou a andar sobre dois pés, liberando as mãos. Foram elas que elaboraram os primeiros objetos: flechas, arcos, arpões, machadinhas, porretes, anzóis, agulhas, etc…
Foram as mãos que plantaram as primeiras sementes, amassaram o barro da primeira cerâmica e que ergueram as primeiras moradias. Foram elas também, que registraram nas paredes de muitas cavernas, em pinturas, aspectos da vida, daquele período.
Com as mãos ele matou a primeira caça, o primeiro inimigo e também embalou o primeiro filho.
Seu cérebro ia se desenvolvendo e suas mãos iam produzindo: canais de irrigação, templos, pirâmides, códigos de leis, ídolos, correntes para escravos, catedrais e palácios, quadros, esculturas magníficas assim como forcas e guilhotinas.
Elas tanto erguem uma batuta organizando os sons de uma orquestra, como manejam uma espada, decepando cabeças. Acenam um lenço de adeus e brandem a borduna mortífera. Alimentam os pintainhos graciosos e destroncam o pescoço do frango, já acostumado ser por elas alimentado. Acariciam e dão bofetadas. Doam a esmola que conforta e recebem a propina que envilece.
Foram mãos privilegiadas que nos fabricaram a bússola, a pólvora; o papel, a caravela, a máquina a vapor, o avião e, infelizmente, os canhões as metralhadoras, a bomba atômica.
Elas estão tão ligadas à nossa existência que um número espantoso de significados foi-lhe atribuído. Podemos relembrar alguns: aberta: esbanjadora; boba; (que, fingindo descuido, vai apalpando outrem); cheia, de ótima qualidade; certeira: (que não erra o golpe que mata); sovina; tirânica, severa; de obra (capaz de um trabalho manual); de sal (porção de sal usada no tempero); leve, de gatuno; limpas, de quem é correto; lavar as mãos: não tomar responsabilidade; notícia de primeira mão: que usada pela primeira vez; pedir a mão: pedir alguém em casamento; abanando; vir com as mãos vazias. “Há ainda um sem-número de significados, expressões e até poesias, como a do início deste artigo, assim como o soneto de D. Pedro II ao Marechal Deodoro da Fonseca, intitulado ‘A um ingrato’, que termina com: ‘dor cruel que o ânimo deplora. Que fere o coração e quase mata/ É ver na mão cuspir, à extrema hora/ A mesma boca, aduladora ingrata/ Que tantos beijos nela deu outrora’”.
A natureza brindou ainda, nossas mãos, com o polegar opositor, que nos permite usar, com enorme facilidade, os mais variados instrumentos, como o pincel do artista e o cinzel para trabalhar a madeira, o ferro, o mármore, assim como a caneta para escrever poesias, romance e crônica.
No esporte ela é imprescindível no vôlei, basquete, tênis, remo, na natação etc. No futebol são os pés que são usados.
Oxalá nesse 2020 as mãos de nossos corruptos sejam substituídas pelas dos honestos.
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