Ideias

Bolsonaro perdido na Terra do Nunca

Por Hélcio CostaJornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia | 16/11/2018 | Tempo de leitura: 2 min

Eleito presidente, Jair Bolsonaro tem tentado se desvencilhar do linguajar belicista que é a sua marca registrada. Não tem dado muito certo. O uso do cachimbo faz a boca torta e Bolsonaro, vira e mexe, tem uma recaída, voltando a ser o capitão falastrão que tanto sucesso fez e ainda faz junto a seus fãs mais fervorosos, parte dos milhões de brasileiros que o guindaram à Presidência da República.

Pior: o estilo Bolsonaro contaminou os cardeais de sua equipe, que passaram a despejar opiniões sobre quase tudo. Resumo: o governo nem começou e já coleciona polêmicas. Assim, ora o futuro governo terá, ora não, um Ministério do Trabalho, mesmo efeito iô-ô sofrido pela fusão das pastas da Agricultura e do Meio Ambiente. Na política externa, Bolsonaro já entrou em bolas divididas com Mercosul, Egito, China, Noruega e, agora, com Cuba, graças ao fim do programa Mais Médicos. Briga de cachorro grande, grande demais para o diplomata de segunda linha que vai comandar o Itamaraty a partir de 2019, Ernesto Araújo, para quem a globalização é artimanha maquiavélica do comunismo internacional. Bem, se ele acha?

Nem Sergio Moro escapou... Indicado ministro da Justiça, Moro mudou no cuspe o Código Penal e inocentou no vapt-vupt seu colega Ônix Lorenzoni, pego em caixa 2 da JBS. "Ele reconheceu o erro e pediu desculpas", disse o juiz da Lava Jato. Simples assim? Bem, aí surgiu uma segunda suspeita de caixa 2 de Ônix. Mais uma e ele poderá pedir música no "Fantástico"? Mas, pela ótica de Moro, basta pedir desculpas, com sinceridade, e tudo bem. E se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir desculpas? A regra vale?

Bolsonaro e companhia têm que entender que a fase de falar bobagens passou com o final da campanha eleitoral. Urnas abertas, votos contados, tudo o que eles fizerem e disserem têm efeito real e não apenas no sobe-desce da Bolsa de Valores, na cotação do dólar. Bolsonaro precisa se curar dessa mutação da síndrome de Peter Pan e encarar que ele tem que crescer, dar um Norte a seu time de ministros e aliados e, enfim, ser o presidente de todos os brasileiros, como prometeu. Dá mais trabalho, mas o brasileiro agradece.

Adeus, Terra do Nunca ?.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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