Ideias

NOSSOS ÍDOLOS AINDA SÃO OS MESMOS?

Por HÉLCIO COSTAJornalista |
| Tempo de leitura: 2 min

Chacoalhado por denúncias de corrupção, com um presidente que, até aqui, balança mas, não cai e com as ruas em combustão, o Brasil virou uma terra em transe.

É natural que seja assim.

Graças à força das revelações da Lava Jato, o país coloca em xeque um sistema político perverso, que mescla um Estado gigantesco a ação organizada de piratas de colarinho branco, especializados em dilapidar os cofres públicos. É um instante de ruptura. E instantes de ruptura são traumáticos. Basta olhar a história. Nesse momento delicado, em que nada parece se sustentar em pé, é preciso cautela para não precipitar erros, nem aceitar menos do que é possível. O Estado está podre? É hora de pensar em cortar fora, sem dó, a carne estragada e planejar as bases de um novo Estado, com transparência, modernidade, menos burocracia e mecanismos eficazes de controle para fiscalizar os detentores de cargos públicos.

O governo Temer é carta fora do baralho.

Para olhar o país do futuro, o Brasil após o caos, no entanto, é preciso aprender com os erros e buscar não repeti-los. E está na repetição do passado o risco do novo Brasil. Nesse caso, soa mais verdadeiro o verso de Belchior, morto recentemente: o passado é uma roupa que não nos serve mais. Luiz Inácio Lula da Silva prega a volta de um governo de bem estar social. Puro engodo. O bem estar social foi o biombo que tapou a ocupação do Estado brasileiro por uma quadrilha em que o PT mandou às favas sua cartilha partidária para virar um partideco comum, interessado em enriquecer suas lideranças. João Doria, misto de prefeito e marqueteiro, é um Jânio Quadros moderno, vestido ora de gari, ora de bedel chiliquento, a flertar com as massas revoltadas contra tudo. Jair Bolsonaro é o "ó do borogodó", porta-voz de uma direita da idade da pedra, que sonha com a volta da Ditadura Militar. E Aécio Neves? Bem, esse foi para a cucuia, onde devia estar há muito, ao lado de outras figurinhas carimbadas. Não é possível reconstruir o país com modelos esgarçados. Esse é o maior desafio.

O desafio não é manter Temer ou não. Temer já era. O desafio é ir além. Como dizia Belchior, viver é melhor que sonhar. Mas é mais perigoso.

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