Ideias

Guilhermo Codazzi - Vacina da China e o analfabetismo contextual

Por Guilhermo Codazzi | 14/11/2020 | Tempo de leitura: 2 min

Barbaridade!

Tendo como alicerce a indústria de fake news, o peçonhento fenômeno da desinformação, definitivamente, está fazendo barba, cabelo e bigode.

Literalmente.

Dias atrás, enquanto eu jogava conversa fora com um barbeiro, ouvi dele a seguinte frase: "olha, só sei que a vacina chinesa não vou tomar, essa é a vacina que te faz virar comunista".

Naquele exato instante, e ainda impactado, pude constatar dois pontos preocupantes.

O primeiro deles é que, infelizmente, o corte de cabelo não ficaria bom. Já o segundo, muito mais preocupante, é a existência de um novo tipo de analfabetismo, uma forma distinta, um analfabetismo contextual.

É de deixar o cabelo em pé.

O analfabetismo contextual é aquele em que a pessoa, aprisionada em sua bolha, é incapaz de ler o mundo que a cerca.

Trata-se de um fenômeno cada dia mais comum, em um mundo em que somos bombardeados a todo o instante por informações e desinformações.

A indústria da mentira tortura a realidade, deturpa os fatos, faz o hackeamento da opinião pública e ataca o livre pensamento, sendo uma perigosa ameaça contra a democracia. É uma praga.

De acordo com pesquisa divulgada pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), fake news espalham-se com velocidade 70% mais rápida do que as notícias verdadeiras.

São lobos em pele de cordeiro, mentiras vestidas de jornalismo criadas com o propósito exclusivo de desinformar.

Os efeitos são sentidos no dia a dia, com o avanço do negacionismo e as críticas feitas contra a ciência, a medicina, as instituições e a imprensa, em uma clara tentativa de atacar o mensageiro pelo teor da mensagem.

O objetivo?

É desacreditar esses porta-vozes, representantes das áreas do conhecimento, da democracia e da liberdade, para tenta impor a própria narrativa dos fatos.

Ao ouvir a tese sobre a vacina, lembrei-me da escola e de quando li sobre a 'Revolta da Vacina' (1904). Ainda menino, recordo-me de ter pensado: "como havia tamanha ignorância?"

Mais de um século depois, hoje é fato: a democracia precisa vacinar-se contra as fake news..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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