O ciclo das eleições municipais na RMVale, que se encerra com o segundo turno em Taubaté, trouxe lições para quem sabe que pingo é letra. A primeira é que as eleições municipais têm rito próprio. Quem apostou na repetição do tsunami político de 2018 caiu do cavalo. Mas as urnas ensinaram outras coisas.
Em São José dos Campos, elas ensinaram que não existe oposição sem oposição de fato. Muitos candidatos tentaram virar oposição instantânea. Resultado: Felício Ramuth (PSDB) foi reeleito com mais de 58% dos votos válidos. Sem um trabalho contínuo, de contraposição política, oposição vapt-vupt não passa de oportunismo. Alguém sonha com 2024? Comece a trabalhar já.
Essa é outra lição das urnas: 2020 não acabou em 15 de novembro. Eliane Nikoluk (PL), Wagner Balieiro (PT) e Renata Paiva (PSD) concorreram com um olho no peixe e outro no gato; disputaram a prefeitura semeando terreno para se lançarem a deputado em 2022. E, com Anderson Farias como vice na chapa de Felício, o próprio PSDB antecipou a agenda de 2024.
Espera-se que esse calendário confuso não atrapalhe o entendimento de outra lição: vitória traz alegria, mas, traz, sobretudo, responsabilidade. Não é cheque em branco. Que Felício aprenda com percalços e não tire projetos o bolso do colete, sem, antes, eles terem passado pelo crivo da sociedade.
Outra lição: avesso à realidade, o PT dissolveu. Caiu do patamar tradicional de 20% a 25% dos votos válidos para pouco mais de 10%. Culpa do candidato? Não acredito. Acabou a polarização PSDB- PT.
A última lição vem de Taubaté, cujo ciclo eleitoral termina em uma já eleição histórica: desde 1982, o Dia D não será um plebiscito em torno do clã Ortiz. O candidato oficial, Eduardo Cursino (PSDB) nem foi ao segundo turno, um embate entre Loreny Caetano (Cidadania) e José Saud (MDB). Falhas de campanha? Fadiga de material? Pouco importa.
O manto da glória é sorrateiro, ensina Tom Wolfe em "Os Eleitos", uma das obras-primas do Novo Jornalismo. Que essa lição não seja esquecida..