O governo Felício Ramuth (PSDB) deu um tiro no pé ao respaldar o projeto que reajuste em 19% o salário dos secretários municipais. Faltou, no mínimo, juízo político. Apresentado pela Mesa Diretora da Câmara, o texto chegou ao plenário na hora errada, na esteira do gatilho de 5% para os servidores e enquanto ainda reverbevam nas galerias queixas contra o aumento do IPTU e a aprovação da taxa de lixo. Mais: projetos desse teor cumprem sempre um rito clandestino. Nunca estão na pauta e acabam incluídos de última hora, por manobra de um vereador aliado. Esse não escapou da regra. Faltou, como de costume, discussão prévia, convencimento da sociedade, diálogo. Esse é o calcanhar de Aquiles do reajuste: se ele não tem nada de mais, por que seguir um rito torto? Parece truque de malandro agulha, que se acha esperto, mas só faz bobagem.
É desgaste desnecessário. Ou uso excessivo de força. Afinal, o governo aposta que aprova qualquer coisa, graças à bancada do amém. Algum estrategista genial do Paço deve pensar: tem sido assim, para que mudar? Mas, venhamos e convenhamos, o governo do PSDB ainda não é uma Brastemp para dar uma banana para a opinião pública e subir tão rápido no salto alto e na arrogância do tenho-maioria-aprovo-tudo. Vamos ser justos: ele está acertando mais que errando, mas ainda está longe de nadar de braçadas. Alguém pode perguntar: mas secretário não merece ganhar mais?
Até merece. Para uma cidade do porte de São José dos Campos e complexa como ela é, reajustar os salários de R$ 11,2 mil para R$ 13,3 mil não é um exagero. O erro, repito, está na forma como isso é feito. Em uma sociedade moderna, transparência é necessário. Mas, entra governo, sai governo, salários e benesses continuam tabus. Como é tratado como tabu um tema incômodo: um grupo de secretários da atual gestão demanda contra a prefeitura uma ação para receber direitos trabalhistas da época em que serviu ao governo Eduardo Cury (PSDB). Estar dos lados do balcão é ético? Bem, no caso do reajuste, o governo conquistou vitória inglória. Segue o baile, mas fora do tom .....