Ideias

PRIMEIRO O RIO, DEPOISA PONTE...

Por Hélcio CostaJornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia |
| Tempo de leitura: 2 min

A construção de pontes sempre fez parte do repertório de anedotas políticas do Brasil. Não é para menos... A mais famosa tem como personagem Adhemar de Barros, governador de São Paulo, inventor do "rouba, mas faz", aperfeiçoado, segundo as más línguas, por Paulo Maluf. Diz a história que Doutor Adhemar discursava em uma cidade do interior quando emplacou a promessa:

-- Se eleito, foi construir uma ponte nessa cidade. Assustado, um correligionário cochichou no ouvido do manda-chuva do Estado: "Doutor Adhemar, essa cidade não tem rio." Apegado ao seu lema de governo, "Fé em Deus e Pé na Tábua", Adhemar não titubeou: -- Não tem problema, nada deterá o progresso. Primeiro faremos o rio.

Bem, essa história me veio à cabeça quando o governo Felício Ramuth (PSDB) tirou da cartola o projeto da ponte estaiada, batizado de Arco da Inovação. Na verdade, projeto do governo Eduardo Cury (PSDB), deixado de lado por ter sido considerado caro demais frente a outras prioridades de São José. Mesma visão teve Carlinhos Almeida (PT). Pensei muito no assunto antes de escrever, conversei aqui e ali, ouvi gente pró e gente contra e não mudei de opinião: a obra é ótima, necessária, mas não agora. A cidade tem outras prioridades na área de transporte e, para seguir a cartilha dos bons planejadores urbanos, deveria investir no transporte de massa e em soluções viárias mais baratas e mais abrangentes. Sem medo de errar, o Arco da Inovação é uma peça de marketing paga com dinheiro público. E pode bater, de longe, os R$ 64 milhões anunciados. Quem aposta? Falta a ela o básico para fixação de preço final: um projeto. Tem maquete, animação eletrônica que lembra um autorama, tem festa e oba-oba, mas a ela falta o principal. Por esse exato motivo, a obra do novo Fórum passou de R$ 4 milhões para R$ 28 milhões e se arrastou por muito tempo, sendo entregue com oito anos de atraso. E segue o baile ...

Mas vamos pensar positivo. Diferentemente da história do velho Adhemar, na região da ponte estaiada já existe rio, o Vidoca. Menos mal ....

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