Logo cedo, na última quarta-feira, um amigo muito querido me lembrou que naquele dia, 4 de abril, fazia 8 anos do lançamento de "OVALE", jornal que ajudei a criar. É, para mim, uma data importante.
E como não seria?
Não sou afeito a viver do passado, mas, participar da criação de um veículo de comunicação é uma aventura emocionante.
Da definição da linha editorial à escolha da letra, do conceito gráfico da edição em papel às tendências da versão on-line foram etapas lapidadas dia após dia.
Lembro, com carinho, da escolha da tipologia, primeiro passo rumo ao jornal real, feita num 31 de dezembro, em conversa com Chico Amaral, designer-chefe do escritório da Cases i Associates em Barcelona. Guardo, com apreço, um caderno onde está traçado a lápis o desenvolvimento do projeto do jornal que viria a ser "OVALE", com conceitos inovadores.
Somando tudo, chegou-se ao DNA do jornal. Foi uma grande jornada, ao lado de uma equipe competente --Flávio Forner, Adelson Gomes, Sheila Faria, Marcos Meirelles, Tânia Campelo, Fábio Zambeli, Janaína Coelho, Cláudio Leyria, Lucimara Nascimento, João Júlio, Adenir Britto, Marcelo Pedroso, entre outros. Fechar a capa da primeira edição, aguardar o jornal sair da máquina de madrugada, são, ainda, instantes mágicos na poeira do tempo.
Tudo isso, hoje, é, para mim, memória.
Mas esse instante de criação, que uniu arte e tecnologia, foi uma semente em direção ao futuro. Muita gente discute hoje o fim do jornal em papel. Em seu projeto editorial, "O Vale" foi criado para ir além, como bem captou o publicitário Gustavo Gobbato no vídeo de lançamento do jornal.
A crise do mercado e problemas internos obrigaram ajustes dolorosos. Tomei a decisão de deixar o jornal em 2014 e entreguei o cargo de editor-chefe em novembro de 2015. Não me arrependo. Hoje, o jornal mudou de formato e encara outros desafios, tendo como editor-chefe um filho meu, Guilhermo Codazzi da Costa.
A ele desejo, antes de tudo, que seja feliz no comando da Redação, como sempre fui.
Para encerrar esse mergulho na memória, mando um abraço aos companheiros daquela jornada, cheia de aprendizados, de noites em claro. Mando um abraço especial a Fernando Salerno, diretor da empresa, que sempre deu carta branca para sermos ousados, para mudarmos conceitos, para cristalizarmos um DNA editorial pautado em um jornalismo forte.
É isso. Desejo vida longa ao jornal que ajudei, tempos atrás, a criar. Valeu a pena? Como ensina Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E, como sempre digo, segue o baile. Afinal, como os argonautas, navegar é preciso....