Hélcio Costa

Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo

Por Hélcio Costa é jornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia |
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Hélcio Costa

Após semanas de faz-de-conta, Felício Ramuth renunciou ao cargo de prefeito de São José dos Campos, um ano e três meses depois de ter sido eleito para um novo mandato, com 58,21% dos votos válidos, no primeiro turno. Vai agora atrás do que OVALE chamou, sexta-feira, em manchete, de “sonho político” --ser candidato ao governo de São Paulo pelo PSD de Gilberto Kassab (depois de ter batido à porta do Podemos e do MDB). Deixa o cargo com 56,8% de ótimo/bom, segundo levantamento OVALE/Paraná Pesquisas. Entra na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes com 1% a 3% das intenções de voto, desconhecido por 86% do eleitorado paulista, um fator que os aliados enxergam como positivo.

De quebra, no último dia de mandato, levou dois sustos.

Na Câmara, para evitar ser derrotado, o governo pediu o adiamento da votação do projeto de Reforma da Previdência. Na Justiça, viu ser suspensa a licitação para compra dos ônibus elétricos. Susto para o prefeito que sai, susto maior para o prefeito que entra, Anderson Faria (PSD).

E agora?

Bem, agora é jogar o jogo. Felício diz que vai usar São José dos Campos como modelo de gestão a ser replicado à frente do Estado. A cidade ganha com isso. E Felício? O ex-prefeito diz que a disputa está aberta. Sim, é verdade, eleição é como a “Buzina do Chacrinha”, só acaba quando termina. Mas Felício tem no caminho adversários de peso --Fernando Haddad (PT); Tarcísio de Freitas (Republicanos), novo joseense, com direito a título e tudo; Rodrigo Garcia (PSDB). Ouvi de um aliado que se Felício ficar com 5% dos votos já será suficiente para projetos futuros. Ou seja, um cargo de secretário de Estado, a presidência de uma estatal, um eventual Ministério. É isso que está em jogo? De outro, contrafeito, ouvi que Felício foi picado pela “mosca azul”, bichinho que personifica a aspiração pelo poder --famoso pelo poema de Machado de Assis, nome de um dos bons livros de Frei Beto, “A Mosca Azul”, sobre os bastidores do governo Lula (recomendo, ali estão pistas de muitos escândalos do PT no poder, como o Mensalão). Será? Terá faltado na boleia de Felício a figura do escravo que, na biga, dizia baixinho ao ouvido do general vitorioso, durante o desfile triunfal pelas ruas de Roma: lembra-te que és mortal? É uma hipótese rasa.

Resta desejar sorte a Felício, que ele não repita a trajetória de outro bom prefeito, Joaquim Bevilacqua, eclipsado após deixar o cargo atrás de um sonho. A Anderson, que ele evite as armadilhas e rompa a tradição dos vices que enfiaram os pés pelas mãos ao assumirem o Paço. Um novo jogo começou. Em 2024, nas urnas, o eleitor vai sacramentar seu resultado. E fica a dúvida: nessa briga daqui a dois anos, de que lado estará o PSDB, canibalizado nesse quiproquó todo?

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