Hécio Costa - Mais rápido, mais alto, mais forte. E mais feliz

A superação cria heróis, Jesse Owens, Usain Bolt, Michael Phelps, às dezenas. Muitos, perto de nós

Por Hélcio Costa, jornalista em São José dos Campos | 30/07/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Comecei a acompanhar as Olimpíadas em 1972, quando muita gente que está lendo esse texto nem havia nascido.

Esperava atletas, recordes, medalhas. Achei violência. Os Jogos de 72 foram marcados pelo Massacre de Munique, com 11 atletas da delegação de Israel feitos de refém por terroristas. O saldo: 17 mortos e o fim da competição. Fui encontrar atletas, recordes e medalhas em 1976, no Jogos de Montreal. Depois da crueza de Munique, a leveza de Nádia Comaneci, flutuando no ar, era o contraste entre o inferno e o céu. Só muitos anos depois vieram à tona os  maus-tratos a que era submetida àquela menina de 14 anos. Ali, em Montreal, Nádia encantou o mundo, primeira ginasta a atingir um “10 perfeito”, a ponto de enlouquecer o placar do ginásio, calibrado para ir até 9,99. Heróis e tragédias, coletivas ou individuais, são, desde sempre, a síntese do esporte. Metáfora da superação imposta a nós pela vida. O lema dos Jogos já traduz: mais rápido, mais alto, mais forte?

A superação fez com que Ítalo Ferreira, menino que aprendeu a surfar numa tampa de isopor, colocasse o ouro olímpico no peito e a pequena Baía Formosa no mapa. A superação cria heróis, Jesse Owens, Usain Bolt, Michael Phelps, às dezenas. Muitos, perto de nós. Adhemar Ferreira da Silva, João do Pulo, Maurren Maggi, César Cielo, Vanderlei Cordeiro e o ouro perdido por malfeito de um amalucado. Marta, Formiga, Neymar. Nosso vôlei. Paula, Hortência, Edvar. Agora, em Tóquio, Mayara Aguiar, Rayssa Leal, Rebeca Andrade, prata com “Baile na Favela”, gente que faz o Brasil, sofrido, dividido, sorrir. E sonhar. De Imperatriz, Rayssa avisa: ela vai bem quando está feliz. Superação? Chegar lá, aos 13 anos, é superação. Se divertir? Mais ainda. É bom ver um Brasil com cara de Brasil, que sorri, persiste. E pensar que muitos brasileiras e brasileiros estão quebrando recordes em outras frentes, na ciência, no campo, nas artes. Mais rápido, mais alto, mais forte. Mais felizes.

Que o esporte e a vida encontrem espelho em Nádia, Ítalo, Mayara, Rayssa e Rebeca. E não mais na face do obscurantismo.

* Jornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia    

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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