Ideias

Helcio Costa - Toda história tem começo, meio e fim

Por Hélcio Costa | 12/06/2021 | Tempo de leitura: 2 min

A CPI da Covid descobriu o fio da meada. Após passar semanas vendo a verdade ser espancada sem dó por um bando de intrujões, a CPI vai quebrar o sigilo de executivos das empresas EMS e Aspen, fabricantes de hidroxicloroquina, o elixir difundido pelo presidente Jair Bolsonaro como a receita mágica contra a covid-19. É a velha regra: siga o dinheiro. Em inglês, a frase "follow the money" é atribuída ao Garganta Profunda, fonte anônima dos jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward na cobertura do caso Watergate. Talvez por aí muita coisa comece a fazer sentido.

Até aqui, só a verdade pagou o pato, além, é claro, da CPI ter escancarado a omissão criminosa do governo.

E tem gente que acha que está tudo bem. Sinal dos tempos. Há mais ou menos 500 anos, uma expedição comandada por Fernão de Magalhães enfrentou fome, sede, doenças, revoltas, tempestades e mares desconhecidos para completar a primeira viagem de circunavegação da história. Ao dar a volta na Terra pelo mar, Magalhães provou, na prática, o formato esférico do planeta. Mesmo assim, ainda hoje mais de 11 milhões de brasileiros acreditam que a Terra é plana, fazendo Nicolau Copérnico e Galileu Galilei tremerem na tumba. Pobre Galileu, que julgava ter derrotado, com uma simples frase, o Tribunal do Santo Ofício, mesmo após ter sido obrigado a abjurar Copérnico: "eppur si muove". E no entanto, ela, a Terra, se move, disse ele, na frase que, por séculos, foi considerada um símbolo do poder da razão sobre a ignorância e a censura. Para 11 milhões de brasileiros, às favas, Galileu, o que vale é a crença: se eu acredito, é o que importa. Que não existe verdade absoluta, isso é sabido desde o tempo do guaraná com rolha. Platão falou disso 400 anos antes de Cristo e foi repetido por poetas, escritores e filósofos. E, em tempos de modernidade líquida, pós-verdade e verdades fluídas, decodificados por Zygmunt Bauman, a coisa foi para o beleléu. É o reino do eu acredito e ponto final, onde crenças e emoções valem mais que tudo. Quem sabe agora, seguindo o dinheiro, a verdade atrás da crença na pajelança bolsonarista venha à luz. E a gente possa dizer: eppur si muove.

PONTO FUTURO

A deputada Letícia Aguiar buscar um novo partido para chamar de seu, dentro do espectro de apoio a Jair Bolsonaro em 2022.

NO NINHO

O PSDB vai apostar na dobradinha Eduardo Cury-Juvenil Silvério para federal e estadual em 2022. Vai funcionar?

TELEVISÃO

Com a marca do Grupo Thathi, de Chaim Zaher, a chegada da SBT à região tem mexido com corações e mentes do mercado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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