Com a experiência de quem fez 39 anos, já soprando algumas velas por aí, creio que o aniversário é, acima de tudo, uma esquina do tempo. Posso explicar. Você tem um tempinho? É rápido.

O tempo viaja, cada vez mais e mais rápido, como uma locomotiva que avança de uma forma implacável, de estação em estação, seja outono, inverno, verão... ou mais uma primavera.

Quantas primaveras você já fez, meu caro amigo? Nesta estação, o trem chama-se presente e leva, no bagageiro, o passado, aquelas lembranças acumuladas ao longo de toda a viagem. O futuro? Está ali, no próximo instante, prestes a despertar em trilhos dormentes.

O aniversário é uma festa.

Lá, pretérito e futuro estão presentes. Tem brigadeiro, beijinho, coxinha, chocolate hidrogenado, Coca-Cola... enquanto quem nós somos diverte-se ao ouvir velhas histórias, contadas por quem fomos, sob o olhar sempre tão sonhador de quem seremos em um segundo, no próximo dia, talvez em uma semana, no ano que vem ou em algum tempo.

É curioso.

Pois, nessa festa, como em um revezamento, o presente é passado de mão em mão até chegar ao futuro. Primeiro, ele é entregue e repassado por quem é pretérito. Como? Na figura de lembranças, experiências e vivências acumuladas por anos e anos. E esse presente definirá... o presente.

Mas, assim que no coração esse presente estiver desembrulhado, ele será transformado em sonhos e entregue nas mãos do amanhã.

Aqui, da janela da minha alma, com esses olhos do menino que fui e que em 30 de janeiro assoprou velinhas, digo que todas as manhãs, quando despertamos, temos uma decisão importante para tomar: viver um dia a menos? Ou um dia a mais?

No meu aniversário teve presente e presença. De coração, estive presente com meus irmãos, pais, familiares e amigos. Foram muitas mensagens. Teve saudade também. Mas, afinal, o que seria a saudade senão a presença de um amor ausente?

Hoje, só sei que o passado e o futuro estão presentes em cada passo que eu dou..