Ideias

Bolsonaro é Jânio Quadros de mau humor

Por Hélcio CostaJornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia | 23/11/2019 | Tempo de leitura: 2 min

Cabeça vazia é a oficina do diabo, já dizia padre Rinaldo Rezende, hoje pároco da Matriz de Santana, em São José.

Estava zapeando a TV quando vislumbrei sequência de imagens do presidente Jair Bolsonaro, que, juntas, resultaram em um mosaico de caras e bocas.

De estalo, me veio à mente outro presidente, Jânio Quadros. Busca no Google e bingo: diversas imagens de Jânio remetem a expressões faciais de Bolsonaro.

Com uma diferença: Bolsonaro é Jânio de mau humor. A maioria das fotos mostra Bolsonaro de cara fechada. Jânio não era o "senhor sorriso", mas, com o tempo, sua imagem acabou sendo diluída pelo folclore político e suavizada. Bozo é Jânio de mau humor. Ponto final. Pois é.

Esta semana me deparei com outra foto, recente, que deixa isso mais evidente: um registro do repórter-fotográfico Pedro Ladeira, da "Folha", que mostra Bolsonaro com os pés voltados para dentro, em pose idêntica à foto célebre de Jânio, que rendeu um Prêmio Esso a Erno Schneider em 1962 e virou a imagem do descompasso de um governo curto e contraditório, que mudou -para pior-- a história do país. Toc, toc, toc, bate na madeira. Grande frasista, Karl Marx dizia que a História se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Espero que a ligação Jânio-Bozo não passe de coincidência. Será?

Além da renúncia, que lançou o país em um turbilhão político que acabou por mergulhar o Brasil em um dos períodos mais plúmbeos de sua história, Jânio fez um governo polêmico, calcado em uma pauta conservadora, com acenos populistas.

De resto, sonhou em voltar ao poder nos braços do povo após renúncia mandrake. Não deu certo. Faltou povo, o Congresso reconheceu a vacância do cargo e, o resto, é história. Bolsonaro também tem lá seus lampejos antidemocráticos, sonha em exterminar a oposição e coleciona em seu panteão um leque de ditadores e torturadores capazes de fazer a série "Game of Thrones" parecer "Vila Sésamo". Mas, como sou otimista, espero, que o Brasil atual tenha instituições e sociedade menos voláteis. E torço para que a ligação Bozo-Jânio não tenha passado de um lampejo fugaz na minha mente..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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