Ideias

Tinha uma pedra no meio do caminho

Por Hélcio Costa Jornalista e diretor da empresa Matéria Consultoria & Mídia |
| Tempo de leitura: 2 min

É o chamado segredo de Polichinelo. A Prefeitura de São José dos Campos anunciou na quarta-feira o que todo mundo já sabia, mas o prefeito Felício Ramuth (PSDB) teimava em negar: a obra da Ponte Estaiada não será entregue antes do Natal, ficando para 30 de março de 2020. Era batata. Nem precisa ser engenheiro, basta olhar para cima ao passar pela Marginal do Vidoca: o arco de sustentação da ponte não fecha antes do Natal nem por obra do Papai Noel. Para não culpar nem o Bom Velhinho, nem assumir a culpa, o governo jogou no colo da construtora Queiroz Galvão o pedido de postergar a entrega da ponte.

Na minha ótica, atraso em uma obra dessa magnitude é normal. Seria fácil explicar. Mas o governo bateu o pé e criou um Fla-Flu desnecessário. Na última vez que perguntei sobre a obra, semanas atrás, Felício voltou a garantir que ela seria entregue até o final de dezembro. Secretário de Governança, Anderson Faria disse que ela seria entregue antes do Natal, mesmo incompleta. Ora bolas, entregar obra incompleta só para não admitir o inevitável é o chamado "ó" do borogodó. Por teimosia, o atraso, antes administrável, virou problema. Ainda mais pela admissão do inevitável ter vindo acompanhada, no calendário, por dois outros fatos.

Primeiro, a ponte está ficando mais cara do que o valor licitado de R$ 48,5 milhões.Bem, com ajustes, o valor da Ponte Estaiada vai passar fácil dos R$ 60 milhões. É a diferença entre a matemágica, praticada pelos políticos sempre a seu favor, e a matemática. Segundo, foi revelado que a obra não vai ser paga com dinheiro do BID, como anunciado, mas com dinheiro do Orçamento. Como nenhum governo fabrica dinheiro, quem vai pagar a ponte, afinal, somos nós, cidadãos e empresários, por meio de impostos e taxas.

Resumo da ópera: o governo construiu um enredo da carochinha para defender a obra. Teria sido melhor, e mais honesto, ser realista. Tudo isso será relegado ao passado se, entregue, a obra cumpra a sua finalidade: garantir fluidez ao tráfego. Esse é o desafio que se impõe à Ponte Estaiada: ter utilidade prática. Mas, isso, só vamos saber no final de março. Torço para que tudo corra bem e não caiamos da ponte em pleno 1º de abril..

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