100 DIAS DE GOVERNO

Anderson promete ônibus 100% elétrico e concluir obras em S. José

Por Xandu Alves | São José dos Campos
| Tempo de leitura: 55 min
OVALE Cast
Anderson Farias (PSD), em entrevista no podcast de OVALE
Anderson Farias (PSD), em entrevista no podcast de OVALE

O prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), disse que a administração municipal precisa “estar à frente do que o eleitor espera” nesse início do mandato, após ter sido reeleito em 2024 numa das mais disputadas eleições da cidade. Ele defende a capacidade de o governo municipal se reinventar e inovar.

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“A gente tem que ter sempre esse espírito de estar nos reinventando. De estarmos à frente do que o próprio eleitor espera. Esse que acho que é o grande desafio do gestor público”, disse ele.

O prefeito de São José abriu a temporada 2025 de OVALE Cast com uma entrevista exclusiva sobre os 100 dias da nova gestão. Nela, Anderson falou sobre diversos assuntos, como o novo sistema de transporte da cidade, saúde, mudanças na gestão municipal, relacionamento com a Câmara, política, desenvolvimento da cidade e sobre o pedido de anistia aos presos pelo 8 de janeiro.

Confira a entrevista com Anderson Farias na íntegra.

 

Ao longo do último mandato, o senhor teve avaliações positivas da sua gestão e o eleitor decidiu manter o time que, na avaliação dele, estava vencendo. Mas o senhor mexeu no time. Mudou várias peças no seu secretariado. Por que o senhor mexeu no time?

Na política fica um pouco diferente do ditado futebolístico. Eu vou falar desde 2017, quando o Felicio [Ramuth] foi eleito pela primeira vez. Na sua reeleição também nós fizemos a mesma coisa e eu repeti agora, de mexer as peças. Lógico que, os secretários, por exemplo, tiveram alguns que mudaram de pastas.

O Bruno Santos, que era da Proteção ao Cidadão, altíssima avaliação positiva, com bons resultados, vai levar todo esse conhecimento de segurança para dentro da Manutenção da Cidade e Zeladoria, que tem tudo a ver. Quando a gente fala de qualidade de vida, uma praça mais bem iluminada, o mato bem roçado, quer dizer, você tem essas trocas de experiência.

Com essas diretrizes nós fomos mexendo e fazendo as trocas, tirar um pouco do seu ambiente de comodidade. Na administração pública a gente tem que ter muito cuidado com essa questão do comodismo, daquilo que sempre foi assim, não pode mudar. A gente tem que ter sempre esse espírito de estar nos reinventando. De estarmos à frente do que o próprio eleitor espera. Esse que acho que é o grande desafio do gestor público. O eleitor vai às urnas, confia em um grupo, confia num candidato, que vai montar um grupo para poder fazer a gestão da sua cidade. A gente tem que ter essa capacidade.

Por isso que a gente mexe, até para poder dar esse novo gás. As diretrizes e os conceitos são os mesmos, independente de qual pasta. O time, quando é bom, você pode colocar em qualquer posição que ele consegue fazer um bom jogo. Essa foi a nossa maneira de mexer um pouco dessas peças.

 

Quando o senhor assumiu a prefeitura, após a renúncia do Felicio, a palavra de ordem era continuidade, mostrar que não havia uma ruptura de gestão. E nessa nova administração, qual vai ser a palavra de ordem, o norte dessa bússola que o senhor tem usado para essa segunda gestão?

É uma continuidade também, uma continuidade. Na construção de uma cidade, você tem que ter certa continuidade de governos. É um grande erro quando um governo assume, um grupo assume, e começa a desconstruir o que o outro fez. Não, não vou terminar porque não fui eu que comecei, eu vou trocar o nome deste programa porque o programa é do fulano. Isso a gente não tem essa, tanto que a gente não tem nomes de programa, as nossas gestões. Não tem logo. A logo nossa é o brasão da prefeitura, o nosso slogan é a Prefeitura Municipal de São José dos Campos.

A gente tem é realmente uma continuidade. Projetos de cidade, às vezes, eles se estendem a mais de um governo, a mais de uma gestão. Então são projetos de cidade que você deixa que vai acontecer ao longo de 10 anos, 8 anos, 15 anos. Então é uma continuidade desses conceitos. De ter planejamento para o futuro da cidade.

É lógico que você faz um planejamento hoje, você deixa ali um projeto básico, e lá na frente, quem estiver na frente do município, tem que fazer uma reavaliação daquele projeto para poder fazer uma adaptação para aquele momento. Isso é importante. Eu tenho esse espírito da continuidade, mas é uma continuidade que você tem que inovar.

Uma continuidade que você tem que estar muito conectado com o eleitor, com o cidadão, para que a gente possa conseguir responder forma rápida, de forma ágil, de uma forma que a gente consiga eleger também as prioridades, poder fazer os investimentos da cidade.

 

Quando o senhor anunciou o secretariado, fez questão de entregar uma revista com o plano de governo para cada um, publicamente. Como é essa cobrança? O senhor vai cobrar só no final dos quatro anos? Ou é uma cobrança diária?

Isso daí cobra mensalmente. A gente tem uma ferramenta de BI [Business Intelligence] que tem todas aquelas propostas dentro de um sistema. Temos também o PPA da prefeitura, que é o Plano Plurianual que tem também as diretrizes do município, que a gente faz agora. Eu tenho um Plano Plurianual que foi feito há quatro anos, e agora a gente faz no primeiro ano de governo um Plano Plurianual para os próximos quatro anos.

Também tem as questões de metas que nós temos, ou seja, uma coisa é o plano de gestão, outra coisa são as metas que nós temos, de serviços que a gente já tem hoje em andamento, mas que a gente precisa melhorar, que isso não está no plano de gestão. Então tudo está dentro de um de um sistema, de uma ferramenta com BI, onde a gente acompanha, eu consigo acessar do celular, ver todas as secretarias, quais são suas metas, qual o plano, em que pé está, qual é o projeto. Quando a gente vai iniciar o projeto, se é um projeto que vai se iniciar ainda no primeiro ano de governo, ou vai ter que ser no segundo ano, então a gente tem essa ferramenta que todos acompanham.

Toda segunda-feira fazemos reuniões de secretariado onde a gente faz uma avaliação dos resultados da semana que passou, das questões e dos assuntos que tiveram e a gente também faz um planejamento para a semana seguinte, pois muitas ações são intersecretarias. É um momento também onde os secretários fazem muitas ações que são entre secretarias um dependendo do outro. E a gente vai avaliando e, uma vez por mês, a gente põe na tela e vê como está o andamento dos projetos, se está atrasado, adiantado, o que a gente precisa se dedicar um ponto mais.

 

OVALE mantém uma ferramenta chamada Promessômetro, que acompanha o cumprimento das promessas feitas em anos eleitorais pelos prefeitos eleitos em São José em Taubaté. E a gente anunciou no final do mandato anterior, o promessômetro da gestão iniciada pelo Felicio e concluída pelo senhor, com 43,3% das promessas cumpridas à risca. A gente teve ainda 41,5% de promessas em andamento e 16% delas não foram cumpridas até o fim do mandato. Qual a avaliação do senhor a respeito deste resultado e sobre essas promessas em andamento? Elas serão concluídas nessa nova gestão?

A pandemia que nós tivemos de 2020 e 2021 foi logo no primeiro ano. Aliás, 2020 foi o último ano do outro mandato, do primeiro mandato do Felicio, mas 2021 e 2022 ainda tiveram todos os reflexos da pandemia. Isso fez com que a gente tivesse que alterar muitas prioridades, onde a prioridade ficou saúde, educação, a gente teve que fazer outro processo, enfim, mexeu com a vida de todos e isso também mexeu com a questão da administração pública. Seja do ponto de vista financeiro, onde a gente enxergava naquele momento uma grande crise financeira, em termos de estar tudo parado, então também teve uma contenção de despesa.

Tivemos que não fazer alguns investimentos que seja de infraestrutura, por causa de uma questão de responsabilidade até do que estava acontecendo no mundo. Não era uma questão muito localizada, era uma questão que estava acontecendo no mundo. Então isso daí fez com que a gente também tivesse que postergar o início de algumas ações. Mas todas estão sendo entregues. Eu posso dizer aqui, a Via Jaguari, que era para ser finalizada em dezembro, finalizamos em janeiro. Podemos falar a Via Oeste também, que tinha um prazo para se entregar no final do ano e entregamos agora, semana passada, com a conexão definitiva com Jacareí. Então, dessas obras, sim, todas elas terão continuidade.

Nós tivemos algumas questões que não foram feitas. O acesso do Cajuru, por exemplo, lá na estrada do Cajuru, alguns que nós tiramos do plano de gestão, que nós mudamos, seja de um espaço pet, por exemplo, que tinha no Parque da Cidade, que nós não vamos mais fazer, foi tirado. Tem também um acesso que tinha da Cassiopeia com a Mário Covas também como obra, que nós tiramos, que nós arrumamos outra solução melhor e mais viável, mais eficiente, mais em conta. Então tiveram algumas alterações que devem estar dentro aí dos 15% e 16%. Mas, sim, a gente vai cumprir todos esses projetos. Tudo que já estava em andamento nós vamos finalizar e entregar.

E o promessômetro de OVALE faz parte da nossa observação, a gente também acompanha, até porque às vezes a gente tem algumas divergências entre o que está em andamento ou não. A gente leva o promessômetro de OVALE que tem essa importância de acompanhamento, daquelas promessas que foram feitas em campanha, e faz parte do BI. Daí a gente acompanha junto também.

 

Prefeito, o senhor disputou uma das eleições mais disputadas das últimas décadas em São José, que voltou a ter um segundo turno depois de 28 anos. Foi uma eleição muito dura, que colocou em lados opostos antigos aliados. O senhor teve 58,26% dos votos, superou Eduardo Cury, que teve 41,74% dos votos, um antigo aliado. O senhor acha que há uma cidade dividida? São José é uma cidade dividida nesse aspecto político? Há espaço para a reconciliação entre o senhor e o grupo que disputou a eleição contra o senhor?

Toda campanha tem a sua dificuldade. Cada campanha é uma história. Em São José, lógico que tem uma história que eu acho que ela é muito mais pessoal do que política, do ponto de vista de sermos um mesmo grupo. De eu ter os mesmos valores do que esse grupo, que, aliás, foi um grupo político do Emanuel [Fernandes] e do Cury. E tantas outras pessoas ali que fizeram parte daquele grupo, de onde eu iniciei minha carreira política, eu iniciei na administração pública, foram pessoas que eu tive como grandes professores, que me ensinaram muito na questão pública, da gestão pública. Mas, infelizmente, chegamos num ponto onde nós fomos para uma eleição como adversários. É uma pena que em alguns momentos da campanha nós deixamos de ser adversários. Nós não. Acho que o outro lado deixou de ser adversário e me olhava como um inimigo. Aí é pior, porque é muito ruim.

Você sai do campo de ideias, sai do campo de propostas, sai do campo de realmente ir à televisão, às reuniões, ir aonde você tem oportunidade de falar e falar das suas propostas, que realmente sejam melhores. Eu também estava ali fazendo propostas que fossem melhores, olhando para a cidade de uma forma diferente, mas não era isso, tinha uns ataques ali um pouco mais pessoais.

Mas vira a página, vamos olhar para frente, está eleito, não acho que é uma cidade dividida. Muito pelo contrário, acho o eleitor de São José muito maduro com relação às eleições. Acabou a eleição, está aqui o eleito, a gente segue para frente. Infelizmente tem alguns políticos que não enxergam assim, eles continuam em cima do palanque, fazendo política, rezando para que dê tudo errado, para que a cidade vá mal, porque aí ele quer se eleger. Ele não quer se eleger numa eleição, ele não quer ser eleito numa eleição pelos seus méritos. Ele quer se eleger numa eleição porque o outro deu errado. Quer dizer, isso é um grande erro. Eu torço para que os governos deem certo, eu quero que as coisas melhorem. Eu tenho que ter a capacidade de ser melhor. Eu vou ter que estudar, me capacitar, vou ter que me qualificar, enfim, cada um faz aí da forma que acha.

Acho difícil a gente ter uma reconciliação, porque o processo eleitoral foi muito doído. E principalmente do meu lado pessoal. Eu falo pessoal por quê? Porque eu convivi 28 anos com aquele grupo. Eles me conhecem, sabem quem eu sou, eu não mudei em absolutamente nada, até acho que eu estou mais maduro. A gente cresce, vai ganhar experiência e fica mais maduro. Eu tenho todos os meus conceitos e valores nos quais forjei com a minha família, não dentro de um partido político. Eu tinha uma admiração por um partido político que sempre me chamou a atenção, que é o PSDB, que chegou um momento onde, infelizmente, aliás, o Felicio costuma dizer, e eu concordo com ele, que foi o PSDB que saiu de nós. Não fomos nós que saímos do PSDB.

No final, a nossa saída do PSDB foi o motivo dessa crise, que também saíram depois no final. Aí fica: ‘Não, porque não tinha mandato? Porque tinha mandato?’. Pouco importa. Mas, enfim, página virada, vamos olhar para frente. O que eu tenho em mente é que siga bem os meus adversários. Que eles tenham sucesso, sejam felizes e que a gente possa ir. Quem sabe um dia estarmos juntos, eu não tenho problema nenhum. Acho difícil.

 

Temos desdobramentos dessa disputa política. No ano passado, o senhor chegou a perder a maioria na Câmara, mas conseguiu recuperar. Como está sendo trabalhar com essa nova legislatura?

Primeiro, a minha relação com a Câmara, e nós hoje temos o Jhonis [Santos], que é o secretário de Governança, nós conversamos e procuramos todos os vereadores, todos eles, os 21 vereadores. Nós procuramos e chamamos para conversar. Eu acho que o momento eleitoral passa e a gente tem que pensar na cidade. Se todos estavam ali disputando pensando na cidade, por que não? A gente poder ter uma oportunidade de juntos trabalharmos pela cidade. Então, todos foram chamados, porém, teve dois partidos que ficaram numa oposição, se posicionaram como oposição, aliás, desculpa, três partidos, o PSDB, o próprio PL e o PT. Hoje você vê que o PT e o PL andam muito juntos aqui. Tem votações junto ao governo.

 

A oposição afirma que a bancada governista barra pedidos de informações que são feitos nas sessões, sobre programas, ações que a prefeitura tem feito, e diz que isso é uma blindagem que impede que haja maior transparência do governo. Há essa blindagem?

Essas mesmas pessoas, vereadores hoje, que falam que a base governista barra, eles também faziam parte da base governista no ano passado, que também não aprovava os requerimentos. Então, assim, é uma coisa meio incoerente, infelizmente, é incoerente essa questão. De sair de alguns vereadores dizendo que a base barra, não, a gente barra requerimentos que não tem o porquê. Não tem o porquê ter essa informação, não tem o porquê essa solicitação, é apenas usar de alguns artifícios na Câmara Municipal para fazer a politicagem.

Politicagem com p minúsculo, é uma pena. Vou dar um exemplo, faz um requerimento para poder ter os dados de informações da dengue. Estão no site da prefeitura. Qualquer cidadão pode ir lá e consultar. Estão lá todos os dados. Quantos internados, infectados, quantos na UTI, quantos na enfermaria. Quantos mortos. Então todos os dados lá. Precisa fazer um requerimento para solicitar, só para poder fazer o palanque político? Então, isso dá um trabalho também para a administração pública também. A informação está pública. Quer dizer, em muitos dos casos as informações estão públicas. Muitas das vezes também os requerimentos e respostas, os vereadores da base também já tem. Falam lá na hora. Então você também consegue até ser mais eficiente na resposta, ter as respostas lá dentro da câmara, para quem quer essas respostas para essas perguntas.

E isso ajuda até a administração pública de não ter que ter um documento, um papel que entra, uma equipe que vai ter que ir lá responder, encaminhar de novo. Então, assim, às vezes são documentos desnecessários. Como muitas vezes tem documentos que entram lá com requerimento e que os vereadores até da bancada acham importante para a prefeitura se manifestar por escrito, de encaminhar para essa casa, essa informação. A gente tem uma convivência de muito respeito, de trabalhar junto com a Câmara Municipal.

Ninguém faz nada sozinho, poder executivo, legislativo juntos, a gente consegue fazer mais, judiciário, entidades, igrejas, a sociedade civil organizada. Eu respeito a liberdade de cada um. Quer dizer, a autonomia que a Câmara tem como órgão legislativo e fiscalizador, isso eu respeito e não me intrometo nessa situação de forma alguma, nunca. Da mesma forma que a Câmara também faz isso com o executivo, mas trabalhamos juntos, a bancada se reúne, a bancada governista, ela se reúne semanalmente, discute os projetos. Todos os projetos são discutidos. A oposição não quer participar desse processo de sentar numa mesa, discutir projetos, poder ir lá e falar não, fazer as alterações. Então, essa é uma opção que eles tiveram aqui em São José de caminhar junto com o PT.

Quer dizer, o PT, o PL e o PSDB se uniram de um lado para dizer o seguinte: ‘Ó, vamos no mesmo conceito, de uma oposição que quer só desconstruir’. Ela não constrói, é uma oposição que é do quanto pior melhor. Eu fico aqui rezando para que as coisas deem errado. Aliás, teve um vereador que entrou com um processo na Câmara para não prorrogar mais os contratos de transporte público. E, ao mesmo tempo, ele foi para a justiça para impedir a licitação. O que ele quer? Ele não quer que prorrogue, não quer a licitação? O que ele quer? O caos. Ele quer o caos. Para ele poder falar: ‘Tá vendo?’. Olha, então, ele quer o caos. O munícipe e o usuário são os últimos que estão na visão dele. Ele quer só o caos da administração pública para ter o desgaste do prefeito atual, porque ele é contra o prefeito. Infelizmente, na política ainda temos pessoas que pensam assim, isso realmente quem perde somos todos nós. Principalmente a cidade.

 

O senhor está falando do Lino Bispo, do PL, que entrou com o processo. O senhor acha que o PL, nesse seu mandato, vai ocupar um espaço de adversário político que já foi do PT anteriormente?

É uma bancada maior que a do PT. Então, quer dizer, eles estão na posição. Aliás, eles são cinco vereadores e nem todos têm essa mesma posição. Muitas vezes eles têm ali alguns que não tenham essa posição firme de oposição, uma posição de oposição. Mas o PL como partido já se manifestou como um opositor. Aí tem alguns vereadores lá que tentam certa autonomia de ser independente. Mas aí é uma questão do PL, mas o PL em si foi uma opção deles. Perderam as eleições municipais. Então, assim, não fizeram a maior bancada da Câmara Municipal, quem fez a maior bancada da Câmara foi o PSD. Nós chamamos para conversar, eles não aceitaram, não querem, quer dizer, é uma opção deles.

Vamos trabalhar, mas é uma pena, da questão que a gente poderia estar juntos trabalhando, pensando na cidade. Momento eleitoral é um. O momento eleitoral vem, você é adversário, você vai, acabou, vamos pensar na cidade, nova legislatura, é uma nova composição da Câmara Municipal, mas por opção deles eles não querem assim, pelo menos nesse momento.

 

Uma das principais propostas do senhor na última campanha foi a construção do Hospital da Mulher, que teria 90 leitos e uma nova maternidade. Desde que o senhor foi reeleito, isso avançou? Quando poderá sair do papel? Como está esse projeto?

Esse projeto, muito pelo contrário, até se antecipou, posso dizer aqui, até porque nós aprovamos junto ao PAC, no final do ano passado, a construção de uma maternidade, que faz parte do próprio Hospital da Mulher. Então, tem um investimento através do PAC, aprovado, de R$ 140 milhões, sendo que R$ 70 milhões para a obra de uma maternidade com 10 mil m² e recursos para a gente poder comprar equipamentos para equipar essa maternidade. Então, nós já fizemos todo o projeto e já foi aprovado juntamente ao Ministério da Saúde.

Já fizemos toda a parte de cartório das áreas onde vai ser, vai ser ali ao lado, em frente à Urbam, ao lado do São José, onde está o tiro de guerra, para ser mais exato. Então ali vai ser construída a maternidade, que vai ser a primeira fase, com os recursos federais, e na sequência a gente vai fazer com os recursos públicos municipais mais um andar ou dois andares para que a gente possa fazer realmente o Hospital da Mulher.

Hoje nós temos um ambulatório da mulher, que fica ao lado do Lucy Montoro e vamos transferir todo o atendimento de linha de cuidado das mulheres para esse novo prédio. Então isso já está andando, já está caminhando de forma antecipada porque nós já iniciamos, já está aprovado junto ao governo federal, os projetos já estão lá no PAC, já com recursos reservados. O município já recebeu R$ 13 milhões de repasse dos R$ 140 milhões. A gente deve fazer esse processo de licitação, acredito que no máximo até junho desse ano, a gente faz a licitação da construção da maternidade, é maternidade de 10 mil m², nova maternidade.

Isso também vai fazer com que a gente possa fazer melhorias no Hospital [Municipal] da Vila. O Hospital da Vila já está em obras. Mas com a saída da maternidade, a gente consegue fazer toda uma readequação, uma requalificação lá, de modernização, dentro do Hospital da Vila, de mudanças de fluxo com construção de áreas, de centro de imagem, a melhoria do nosso pronto-socorro, a mudança de porta de entrada de emergência e urgência. Então a gente tem ali todas essas obras já em projeto, prontas para poder sair do papel.

Então eu tenho pelos próximos três anos nesse mandato que a gente possa fazer toda essa formação de estrutura, principalmente na questão dos nossos hospitais. E no Clínicas Sul também, que a gente inicia agora uma obra de 82 novos leitos, com duas salas de cirurgia. O Clínicas Sul, a partir desse ponto, que a gente acha que deve ficar pronto em maio do ano que vem, a gente já começar também a fazer cirurgias no Clínicas Sul. Hoje transfere 100% para a Vila. Com isso a gente consegue também aliviar o atendimento da Vila, com cirurgias. Alguns tipos de cirurgias a gente consegue fazer, vamos começar a fazer no Clínicas Sul, isso a gente consegue agilizar, adiantar, ser mais eficiente, mais rápido e não precisar transferir todo mundo para a Vila.

 

Com mais o Hospital da Mulher, aquela região se consolida como um grande complexo de saúde na cidade?

Com certeza, a gente vai fazer ali um grande complexo, essa que é a ideia. Vai ficar o Lucy Montoro, hoje onde está o ambulatório da mulher deixará de ser aquele ambulatório, quando tiver o Hospital da Mulher pronto. Mas ali também tem uma área que nós vamos transformar com certeza numa área para a saúde.

 

O senhor conseguiu destravar o transporte e fazer a licitação depois de bastante tempo. O contrato foi assinado em março para a locação de 400 veículos elétricos por 15 anos. Quais serão os próximos passos agora? Quando pretende abrir a segunda licitação que vai definir a empresa que vai operar esses veículos?

Desde a primeira licitação que nós fizemos, que foi uma concessão tradicional, vamos dizer assim, uma concessão como é feita em todas as cidades do Brasil, teve uma empresa vencedora, depois nós tivemos que rescindir o contrato, mudar a empresa e aí nós mudamos o modelo, até olhando para o transporte público.

A pandemia mudou completamente a parte das pessoas se deslocarem, da forma de deslocamento. A gente mudou nesse momento o modelo também. Desde o modelo jurídico, em 2023, ali a gente mudou esse modelo jurídico. Se olhar para trás, o modelo que hoje está operando na cidade é um modelo que se demorou quase 8 anos para chegar em processo de licitação. O nosso em dois anos a gente está conseguindo avançar.

São processos muito difíceis de fazer ainda mais nesse, como estamos fazendo. Um processo que nunca ninguém fez no modelo jurídico. Nenhum dos municípios do Brasil fez nesse modelo que nós estamos fazendo agora. Então, nós agora conseguimos concluir a locação dos carros, que é o mais importante. Lógico que o ônibus é o mais importante. Mas nesse caso, nesse modelo, e quando nós falamos de carros elétricos, ele é o mais importante para a gente saber a autonomia.

O carro elétrico, você não quer saber a autonomia dele, sendo 150, 200, 400 km, o tanque no carro elétrico isso faz a diferença. Pra gente saber a autonomia do carro, até para distribuir a frota e também para poder colocar os pontos de carregamento desses veículos. Então, nós temos agora uma empresa, ela apresenta agora nos próximos dias para nós, já assinou o contrato, recebeu a ordem de serviço. Agora ela tem 30 dias para apresentar para nós exatamente o modelo dos carros, até para a gente poder aprovar o modelo e os layouts dos veículos, seja das pinturas externas, layout interno do veículo.

Para que ela comece a cumprir o contrato a partir de setembro. Ela começa já a entregar os veículos para cidade. Então, a gente já fez todo o dimensionamento de onde serão as estações. Como que os veículos serão distribuídos, a gente já sabe da autonomia de cada veículo. São três tipos de veículos que vão entrar em operação. Então, a gente já fez todo esse planejamento.

 

E a segunda licitação?

Agora a gente faz a licitação, com perspectiva de colocar esse edital no ar agora, depois do dia 10 de abril, que é uma licitação para operação. Aí nós vamos licitar agora uma empresa para fazer a operação do sistema, ou seja, garagem, motorista, cobrador, borracheiro, funileiro, enfim, toda equipe que tem por trás do sistema para que ele possa operar, a gente faz essa licitação.

Como os carros começam a chegar em setembro, nós temos esse prazo até setembro para ter essa empresa contratada, já começando a fazer toda a transição para quando os carros chegarem a gente já ter essa empresa operando na cidade.

 

A operação desses 20 primeiros carros já seria feita por essa nova empresa, em setembro?

Sim, isso que estamos falando, para que já seja feita com uma nova empresa. Se tiver empresa hoje, por exemplo, se por alguma questão, processo, a gente tem que ter o plano A e o plano B. Se atrasa algo, a gente tem também como fazer com a própria empresa que hoje opera, O plano B seria esse de manter e não parar com o sistema. Mas o plano A está dentro do planejamento, a partir de abril até ter uma empresa contratada até setembro, é um prazo que a gente consegue dentro dos procedimentos licitatórios, a gente conseguir finalizar. Os carros vão chegando e já vão para operação. Então a gente começa a fazer também toda uma transição, mesmo porque a empresa que vai operar, ela também tem que ter ônibus.

Ela tem que ter ônibus, ela tem que vir com ônibus. As exigências não são ônibus novos, podem ser ônibus seminovos, em condições de uso, porque ela tem que operar até setembro do ano que vem, que é quando chega a totalidade da frota. Então, conforme os carros forem chegando, chega 20 carros agora em setembro, eles já vão para operação.

 

Por onde vai começar a operação dos novos carros?

A gente começa a fazer a mudança pela região Sul, que é a maior região da cidade, onde tem o maior número de usuário do transporte público, onde a gente já tem uma estrutura de carregamento e aqui a gente já começa também a fazer as licitações e obras das novas estruturas de pontos de carregamento na cidade. Então, esse é o nosso planejamento. Até setembro a gente vai começar a ter a empresa para operar e a gente faz a transição. O aproveitamento de todos os profissionais, dos motoristas, dos cobradores, das equipes técnicas que são da parte de garagem, então a gente já faz toda essa transição para essa nova empresa, para poder operar o sistema. E depois a gente já começa também a fazer toda parte de obra, que é obra civil, na questão dos pontos de carregamento. Hoje os ônibus carregam nas garagens, combustível. Os postos de abastecimento ficam nas garagens. Nós temos três garagens hoje aqui em São José.

Nós vamos ter oito pontos de abastecimento de eletricidade. Um ponto de abastecimento de combustível não permite isso. Você não pode colocar um tanque de combustível em qualquer lugar da cidade, e por isso é que estão na garagem. Como é por energia, então nos dá essa possibilidade de termos vários outros pontos de carregamento. Com isso a gente tem até uma melhoria de eficiência no sistema.

Você imagina hoje quantos quilômetros os ônibus rodam de forma ociosa, porque eles têm que retornar para a garagem às vezes até para abastecer. Dessa forma a gente consegue fazer com que tenham menos quilômetros ociosos. Muito menos quilômetros ocioso, tendo esses carros em 8 pontos na cidade e distribuídos nas regiões, para que eles possam fazer os seus abastecimentos, a gente consegue ganhar em eficiência também desses carros.

A gente consegue ter uma estrutura que a gente já pensa que ela seja utilizada também pela iniciativa privada, que hoje falta estrutura de abastecimento de carro elétrico, então, principalmente às margens da Via Dutra, para a gente poder fomentar e também reduzir nosso custo do ponto de vista, se tiver um privado usando, lógico que vai ter um custo ali que ele vai pagar, isso ajuda também a gente a ter uma receita com relação a esses espaços, enquanto nós não estamos carregando, outros podem se utilizar esse carregamento.

 

Como vai ficar a questão financeira do novo sistema de transporte?

Tem essa terceira etapa. Depois da empresa de locação e a de operação, uma terceira empresa vai fazer a gestão financeira. Nós temos uma opção hoje de ir para o mercado e contratar uma Fintech para cuidar dessa questão financeira e poder fazer integração de cartões com vários outros modais, ou seja, outros modelos de transporte da cidade. Ou a própria Urbam assumir [a gestão financeira]. Então, a gente entra para o Consórcio 123 -- o Consórcio 123 é o que faz esse processo de recebimento de toda a tarifa, das compras de vale-transporte e distribui para as empresas. Então, uma pessoa compra uma passagem e ela anda no carro da Maringá e de outra empresa, e cada um recebe metade do valor. Então você tem toda uma compensação, uma câmera de compensação dentro do sistema. A gente contrata agora essa empresa.

A Urbam já está se preparando para que ela possa também, se necessário for, assumir esse processo todo de fazer toda a gestão financeira, mas hoje a gente está pronto para poder ir para o mercado.

A gente acredita que no mercado a gente consegue ter mais vantagem na operação. Quando a gente fala isso, nós temos que ter vantagem. A gente vai fazer o cálculo, se no mercado a gente vai ter que pagar alguma taxa de administração para essa empresa fazer a operação ou na Urbam a gente consegue ter menos despesa. Para quê? Porque nós estamos falando da tarifa. Nós estamos falando aí de valores que a gente quer ter a menor despesa para a gente poder fazer com que esse dinheiro possa retornar e ser investido no sistema de transporte público e até fazer com que a tarifa fique num valor mais justo. Então a gente tem todo esse processo de equilíbrio do sistema.

 

O senhor falou sobre as empresas atuais que operam o sistema. Como tem sido a relação com essas empresas sobre o novo modelo que vocês pretendem implantar em São José dos Campos? Elas têm aceitado essa medida disruptiva? Elas pleiteiam e têm interesse em operar esses ônibus? Como é que tem sido o diálogo com essas empresas? E quando começar a nova operação, as atuais empresas vão sair do sistema?

Elas saem no sistema. Em teoria, eles todos têm que sair. As empresas que operam hoje, elas também podem participar do processo. Se elas vão ganhar, isso é outra história. A gente quer um processo que tenha uma concorrência, a gente tem uma empresa boa na operação. Elas podem ter a continuidade da operação. Vai ser uma única empresa que vai operar.

Se for outra empresa que ganhar, vai todo mundo sentar na mesa e, de repente, fazer uma negociação para que os carros possam continuar, num formato de aluguel, para a empresa que vai operar. Enfim, a gente tem também várias outras formas de fazer essa negociação. Ou as empresas atuais vão dizer: ‘Olha, não posso deixar nenhum carro, tô indo embora’. Ela recolhe tudo e vai embora com os seus carros. E a empresa operadora, ela tem, vai estar no edital, essa exigência de ter os carros, entendeu? Ele vai ter que ter ali 346 ônibus para colocar no sistema aqui. A exigência não vai ser carro zero, porque é por um período muito curto, no qual ele tem que ficar, que é um ano.

Quando entrarem os 20 elétricos, saem 20 carros do sistema. Entram 60 carros elétricos, saem 60 carros do sistema. Então a gente vai fazendo toda essa transição. A gente tem vários planos com relação às empresas. É uma boa relação. Hoje eu posso dizer que não foi assim desde o começo, posso dizer bem claro que as empresas resistem nessas mudanças de formato. Por outro lado, o sistema de transporte público no Brasil entrou numa crise profunda.

 

Pode explicar?

Ele já estava em crise. O Brasil não tem uma política pública de mobilidade urbana, o país não tem. Não é tem uma política pública de incentivo ao transporte público. Um empresário que é dono de concessão hoje ele não tem um subsídio, por exemplo, para comprar um ônibus para o transporte público, quer dizer, não tem lógica isso.

Então, o país não tem um incentivo de fomento, por isso que fica uma tarifa cara, porque tudo isso fica a cargo dos municípios, então fica uma tarifa muito cara para quem paga, que é o passageiro, ou você põe um subsídio muito alto e o município não consegue bancar esse subsídio, e no final da conta o valor que eles recebem é um valor muito baixo, do ponto de vista que não consegue ter uma operação decente. Não consegue ter uma operação com qualidade. Então, esse é um grande problema.

Só na pandemia foram mais de 80 contratos no Brasil que foram rescindidos, que foram finalizados. A empresa abandonou, fechou garagem e foi embora. Então, entrou numa crise o sistema de transporte público. O Brasil precisa pensar, mas não adianta ficar aqui falando que o Brasil não tem. Temos que fazer a nossa parte. Por isso que a gente fez aqui esse modelo, é um modelo que a gente acredita, que a gente tem vantagem de ter um sistema, primeiro um sistema com muito mais qualidade.

Um sistema de transporte público, desde o ponto de vista dos impactos ambientais, até do ponto de vista dos impactos de ruído, de barulho, mas de conforto de transporte. Você tem outro modelo, é outro serviço, com muito mais qualidade. Tecnologia embarcada, carregamento de USB, todos os carros com ar-condicionado, piso baixo, você não vai ter degrau, quer dizer, acessibilidade muito melhor. Então você tem vários ganhos na operação do serviço. E vamos integrar todos.

 

Com o será essa integração?

Os ônibus hoje em São José já são todos integrados, mas não integra com os alternativos, por exemplo, com as vans. Passaremos a ser integrados com as vans. Vamos ser integrados também com os carros intermunicipais, que hoje são da EMTU, da antiga EMTU, que o governo do estado extinguiu e foi tudo para a Artesp. Vamos também fazer essa integração. Não tem motivo de não ser integrado. O sistema de mobilidade tem que ser totalmente integrado e o cidadão vai optar de que forma ele quer andar aquele dia.

Quer andar só de ônibus, quer andar de ônibus e bicicleta, quer andar só de bicicleta, quer andar de patinete, táxi, de aplicativo, de alternativo, enfim, ele vai planejar como que vai se deslocar na cidade. Vai ser por velocidade, por ganho de tempo, por ponto ou por economia, entendeu? Quer dizer, a gente tem um sistema tudo dentro de um único cartão ali onde tem os valores e ele vai poder escolher como quer se deslocar na cidade.

Então, essa é a nossa proposta, da gente fazer realmente toda essa integração. Então isso é uma mudança. E hoje para as empresas, eu posso dizer que no começo foi uma coisa muito complicada, eles viraram a cara. Hoje já olham de outra forma. Não tem como brigar com algo que vai acontecer, essas mudanças vão acontecer. São José está sendo uma das primeiras. Aliás, a primeira cidade que vai mudar todo o sistema. Não só o sistema de modelo jurídico, mas de ter todos os carros elétricos.

Hoje tem no Brasil 700 carros elétricos [da marca Eletra]. Só São José vai ter 400. Quer dizer, mais da metade vai operar dentro de um único sistema. E nós temos uma expertise é a Linha Verde, a primeira operação de carros elétricos no Brasil. Foi em 2023, finalzinho de 2023 para 2024 quando a gente começou a operar. Então a gente já tem ali muito estudo de viabilidade, estudo de impacto, de manutenção dos veículos, bateria, carga, então tem toda uma gestão diferenciada no sistema para que a gente possa dar qualidade no atendimento.

 

Sobre essa questão da carga da bateria, a gente viu, por exemplo, nesses últimos dias um apagão na nossa região. Teve cidade que ficou mais de 12 horas sem energia elétrica. E a gente tem alguns casos aqui mesmo na Grande São Paulo ou também em outras cidades do mundo, como Miami, que a gente vê fotos que assustam, de ônibus elétricos parados na garagem por dificuldade de abastecimento de energia. Como evitar que problemas como esses ocorram no sistema de São José?

Se tiver um apagão como a gente teve nessa semana, que isso interfira no sistema de transporte. A gente vai ter em São José uma infraestrutura que garanta que o sistema opere em totalidade. Por isso que o nosso planejamento é termos oito pontos em todas as regiões da cidade de carregamentos. Só se tiver um apagão geral mesmo, aí é apagar a cidade inteira por horas, aí não tem o que fazer. Aí para a cidade de todas as formas. Mas é por isso que nós temos vários pontos de carregamento na cidade, para que a gente possa ter essa inteligência. Se tiver algum problema, por alguma razão, que hoje a gente tem muitos adventos da natureza, você imagina que nós sofremos agora porque tombou quatro torres. Quando a gente vai imaginar que quatro torres vão cair? A região toda acabou sendo prejudicada.

Então, hoje a EDP em São José dos Campos investiu muito ao longo desses últimos anos de ter um sistema mais inteligente. Eu vou usar aqui um acidente, mas pode ser um galho de árvore. Vamos falar de um galho de árvore que é melhor. Um galho de árvore caiu, interrompeu ali aquela ligação, apago o bairro todo. Hoje a EDP consegue fazer com que só o quarteirão fique sem energia Ela consegue ter vários bloquinhos. Ela consegue bloquear e fazer com que a energia prossiga. Então hoje tem um sistema com muito mais inteligência, tecnologia, com inteligência para fazer isso daí. Mas a gente leva em consideração em todos os nossos estudos, tanto dos carregamentos, dos locais de carregamentos, foram feitos juntamente com a EDP.

E não dependemos da EDP para nos fornecer energia. A gente depende da rede dela, não da energia da EDP, da rede dela nós dependemos, lógico. Mas por que eu digo isso? Porque nós temos uma fazenda fotovoltaica em Cachoeira Paulista que fornece energia para nós, de 3,5 MW e o nosso aterro gera hoje energia, 1,7 MW de energia. Então, nós também temos energia. E a gente já trabalha também ao longo do tempo, com a frota elétrica, de nós começarmos a ter baterias reservas em estações para que a gente possa carregar as energias nelas.

A gente vai ter uma gestão de compra de energia, até para a gente poder comprar mais barato. Hoje os carros da Linha Verde, por exemplo, muitas vezes a gente carrega de madrugada. Por que de madrugada? Porque a energia é mais barata. Então a gente abastece de madrugada com um preço muito menor. Bem mais baixo do que o preço de uma tarifa durante o dia, porque a tarifa de energia oscila durante todo o dia. Então a gente tem todo um planejamento de operação.

Mas já tomando cuidado nessa questão, por isso que a gente não vai ficar dependente de dois, três locais e sim ter essas estações. Se acontecer algo em algum determinado local, os ônibus conseguem se deslocar para outra região próxima, nós estamos falando em oito locais aqui na cidade para poder fazer o carregamento e voltar à operação.

 

Sobre o custo do transporte, o senhor falou que hoje o subsídio gira em torno de R$ 7 milhões por mês, e que pode cair para de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões, e que o subsídio agora será pelo fornecimento de energia elétrica. Pelo valor do contrato de R$ 2,7 bilhões em 15 anos, dá um gasto mensal de R$ 15 milhões. O sistema vai ficar mais caro? De onde vai sair esse dinheiro para financiar?

Da tarifa. Se você fizer a conta da tarifa, hoje carregamos 7 milhões de passageiro, eu estou arredondando. Ele chega a 3 milhões e 900, chega a 4 milhões de passageiros pagantes por mês. Você faz 4 milhões de passageiros vezes R$ 5,50. Esse é o preço da tarifa. Você faz vezes 5,50, aliás R$ 6, hoje está o preço da tarifa, corrigindo para R$ 6. Vai dar R$ 25 milhões. Então o sistema arrecada R$ 25 milhões por mês. Então ele já arrecadou e já pagou os ônibus, os R$ 15 milhões.

Aí você tem a operação do sistema que deve ficar em torno não mais do que R$ 8 milhões, a gente falando de mão de obra. Então, a gente não vai ter nada mais caro de forma alguma. Mesmo porque depois tem a manutenção, lembrando que o contrato de locação dos veículos a gente vai gastar R$ 15 milhões não é verdade. Porque é menos de R$ 15 milhões o valor da locação do veículo. A gente chega nesse valor com a manutenção prevista mensal de todos os veículos. Se você olhar o contrato, ele tem um valor de locação do veículo, que custa X, não me recordo agora, mas custa X e mais a manutenção por veículo. Então, tem veículo que custa R$ 8 mil por mês a manutenção, então até R$ 8 mil por mês, se esse veículo custar todo mês R$ 8 mil, beleza, mas se ele custar R$ 5 mil, eu estou gastando menos.

Então, tanto que o reajuste da locação, não cai na locação do veículo, porque o veículo ele deprecia, certo? Ele deprecia conforme os anos passam. A manutenção pode aumentar o valor por várias razões. Aumentar o preço do pneu, aumenta o preço da peça, enfim, aí você faz um reequilíbrio dentro do contrato, você faz um reequilíbrio, mas a gente separou a manutenção da locação.

Somando tudo que todos os carros vão gastar todos os valores previstos de manutenção, tudo dá os R$ 15 milhões. Então, os R$ 15 milhões na verdade são um valor máximo. A tendência é que a gente gaste menos. Nós estamos com o carro zero. As manutenções preventivas são de responsabilidade da locadora. E a corretiva é essa de responsabilidade da operação. O que é a corretiva? Acidente, culpabilidade do acidente, um processo que hoje já acontece na operação.

Eu vejo até alguns vereadores sem saber do que está falando dizendo que esse contrato é bilionário. Não é. Se fosse fazer uma concessão hoje, do jeito que está a operação hoje, troca tudo para o carro zero km a diesel, vamos trocar tudo para o carro a diesel, a mesma quantidade de veículos (400) faz a operação. Nós estamos falando de um contrato de R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões. É isso que é o contrato, por 15 anos. Então, não tem nada de [aumentar o] valor. É R$ 2,7 bilhões a locação dos veículos. Os veículos tem um valor maior? Tem, mas ele tem um valor de manutenção muito menor.

 

Como é essa conta?

Hoje o sistema gasta R$ 11 milhões de combustível, só em diesel que se gasta hoje na frota. Ainda mais o diesel nesse preço, com 73% de aumento nesses últimos 5 anos só no diesel, não há quem aguente. Aliás, é por isso que a gente sofre aqui no preço do supermercado, tendo em vista que a gente tem um país rodoviário. Então, não tem jeito, um diesel a R$ 6 e mais de R$ 6. Então, já tem esse grande peso. O elétrico ele vai baixar muito. Ele baixa tanto no ponto de vista do abastecimento. A nossa conta é de R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões de gasto de energia para abastecer 400 ônibus, com 4 milhões de quilômetros por mês. Hoje a gente roda 3 milhões e 450 mil km por mês. Hoje é isso que a gente roda por mês em média.

Só que teremos 60 carros a mais no sistema. Então, a gente tem uma operação que vai rodar mais, que tem mais carros, mais linhas. Então a gente chega aí a 4.100.000 de quilômetros no sistema futuro. Então, fazendo toda essa conta, esse valor aí vai ser o subsídio. O que o município vai fazer? Não vai colocar dinheiro na empresa, nós vamos financiar a distribuição da energia. A gente já se preparou para isso. Fazenda fotovoltaica, biogás no aterro, e nós temos um contrato de compra de energia do  mercado livre de energia. Então, isso também a gente tem. A gente consegue acompanhar toda a parte do preço do mercado e a gente pode comprar mais barato a energia. Tem essa distribuição para o município. Então, por isso, a gente fez um bom planejamento até para que a gente possa ter uma diminuição de custo com mais eficiência. Isso eu não tenho dúvida, dentro de todos os estudos que nós fizemos.

A Linha Verde tem as informações, a gente consegue ter uma diminuição de custo. A locação já é paga pela própria tarifa. Hoje o que o sistema arrecada na tarifa já paga a locação dos ônibus, e ainda sobra. Nós estamos falando de R$ 10 milhões ainda que tem no sistema com o valor sobrando entre aspas. Tem a operação do sistema. E tem os investimentos que faremos também no sistema.

 

O jornal mostrou esse mês que a prefeitura teve um superávit de R$ 40 milhões no ano passado, mas que isso só foi possível porque deixou de repassar R$ 116 milhões ao Instituto de Previdência. Se tivesse feito o pagamento, o resultado ano seria um déficit de R$ 75 milhões. A mesma coisa ocorreu em 2021 e 2023 nesse período. O senhor estuda alguma alternativa para que o Instituto de Previdência deixe de precisar de um volume tão grande de aporte mensal da prefeitura?

Isso é uma divergência com o jornal. Essa conta do jornal, eu sempre falo, não é correta fazer. A melhor coisa é você fazer um carro parcelado e depois falar: ‘Ah, mas você está devendo’. Se eu souber abrir o boleto, você pode pagar tudo à vista. O instituto me permite, a lei federal me permite, parcelar. Eu não deixo de pagar as obrigações trabalhistas. Isso a gente paga em dia, aliás, era 26% e eu aumentei para 28%. Eu estou falando em quase R$ 8 milhões por mês, que a gente aumentou, que eu aumentei o repasse ao instituto. E todos os encargos trabalhistas em dia. Então, isso a gente passa. O aporte ele é uma conta entre o dinheiro que está aplicado se o instituto não tivesse dinheiro. Quem paga a conta? É a prefeitura, sai dos caixas da prefeitura.

Hoje o instituto tem R$ 2 bilhões na conta, que estão investidos. Eles têm de rendimento no mês variável. Nós estamos numa crise. O país está numa crise financeira, taxa de juros altos, Selic, enfim, essa questão. O rendimento está baixo, mas rendeu R$ 50 milhões, a despesa do mês foi de R$ 60 milhões, o município tem que pôr R$ 10 milhões. Só que eu posso compensar esse valor para o mês seguinte. Mas eu sou obrigado a fechar o ano. É um valor que eu tenho, estou com superávit ou estou com déficit. Devo para o instituto ou tenho dinheiro sobrando para compensar já no ano seguinte. E a lei me permite parcelar, eu posso ter a opção de pagar à vista. Em 2023, por exemplo, o primeiro semestre eu paguei à vista, porque a taxa de juros estava baixa naquele período e nós pagamos à vista para o instituto.

Depois eu parcelo porque é muito melhor parcelar, eu tenho um impacto e uma taxa de juros muito menor nesse parcelamento e eu garanto cálculo atuarial do instituto, porque o instituto precisa do dinheiro ao longo dos anos. Eu não preciso do dinheiro hoje. Não vai aposentar todo mundo hoje. Então, eu tenho que fazer essa conta de gestão financeira. Agora, é lógico que nós estamos falando também do instituto que hoje é superavitário, pela primeira vez na história do Instituto de Previdência do município ele fecha o seu cálculo atuarial superavitário. Pela primeira vez. Eu sou o único prefeito que fez com que o instituto seja superavitário. Tem prefeito que às vezes fala aí que fez dívida lá em 2000 e nós estamos pagando hoje. Eu terminei de pagar agora em 2024.

Isso foi uma questão que me deixou muito chateado na campanha, por exemplo, com esse tipo de apontamento que lá podia pagar não encargos trabalhistas obrigatórios, que é crime, e parcelar por 30 anos. Eu parcelo agora por 6 anos, 5 anos, 8 anos, a gente faz o parcelamento desses valores. Agora, do instituto, é uma reforma da previdência. Ela já foi feita uma reforma, a gente já fez uma reforma. Hoje, o que nós tínhamos que fazer, nós já fizemos. Tanto atendendo a lei federal, a lei da reforma da previdência que teve no ano de 2019, nós fizemos as reforma aqui em São José. Os novos concursos já têm outra legislação que não vai ter esse impacto.

Infelizmente, a lei anterior, ela tinha servidores trabalharam 10 anos, incorporaram o salário porque ocuparam algum cargo de chefia e aposentavam com esse valor. Então você faz assim: ‘Pô, mas não contribuiu sobre, durante a sua carreira, e aposenta como?’. A conta não fecha. A conta não fecha. O instituto é dinheiro do servidor. Ele contribui com 14% hoje do seu salário e o município complementa com 28%, e tem a questão do aporte, e a questão da rentabilidade do dinheiro. Se não tivesse dinheiro, não teria rentabilidade. O município estaria arcando com todos esses custos.

A gente formou nesses últimos anos todos os diretores do instituto. Eles são formados dentro de uma qualificação, com visão de banco. Porque é cuidar de dinheiro. O que o instituto faz? Gerencia dinheiro, gerencia os servidores aposentados, que são os benefícios, mas gerencia dinheiro, aplicação de dinheiro. E a legislação brasileira, ela é muito conservadora na questão da previdência. Aqui não precisaria ser, mas eu falo isso no meu governo. Infelizmente, eu não posso falar isso dos demais, porque se ela não é conservadora, estaria muito pior. Diga-se as previdências que têm por aí, que têm um rombo bilionário e quem vai pagar essa conta, vamos ser nós. Um dia vamos pagar. Já estamos pagando essa conta. Então aqui em São José do Campo, a gente, o que tinha que fazer, nós já fizemos.

Hoje para um servidor aposentar com um valor maior do que o teto do regime do INSS, ele tem que fazer previdência complementar juntamente ao instituto. Então a gente tem uma regra muito mais justa para que a gente realmente possa garantir o futuro dos servidores. Eu não vou fazer nada, não fiz nada e não farei nada que vá colocar em risco o instituto ou os servidores. Pago em dia o salário, pago em dia os benefícios. Faço os repasses para o instituto em dia, mas o aporte com relação à economia, daqui a pouco a economia melhora, os rendimentos voltam a crescer, e a gente começa a ter crédito do próprio dinheiro que está investido lá no instituto. Mas a gente qualificou todos os diretores lá para poder ter essa avaliação de investimento do dinheiro, senta com o Banco do Brasil, com a Caixa Econômica Federal, com o Santander, que são os principais bancos que a gente faz. Somos conservadores.

O PT fez investimento em cooperativas lá no Sul: R$ 7 milhões de prejuízo, já entrou na despesa, ainda paguei despesas de prejuízos. Já pagamos, já consideramos como perda. Outros para bancos que foram investidos que a gente não conseguiu recuperar tudo, consegui recuperar, Banco Santos, consegui recuperar em torno de R$ 11 milhões, aliás, foi agora em 2023, conseguimos recuperar, mas já perdemos, já entrou para o fundo perdido do instituto, quase R$ 9 milhões.

Eu venho fazendo e colocando em ordem também o instituto com os seus repasses, mas quando eu opto por fazer o parcelamento, é porque do ponto de vista financeiro e de gestão, é o melhor para o instituto, a longo prazo que ele precisa desse recurso e para o município que não precisa despender de um recurso, colocar numa conta que não está dando lucro, no ponto de vista do dinheiro que está aplicado, não está tendo o rendimento que deveria ter.

Então, não adianta aumentar aquele bolo para ter menos rendimento. Aliás, não faço isso sozinho, você tem o secretário da Fazenda, tem ali toda uma equipe, tanto do instituto como uma equipe nossa da tesouraria, faz todo o planejamento econômico também, sempre olhando dessa forma, muito bem baseado com as questões financeiras.

 

Prefeito, a cidade tem dois novos empreendimentos que prometem ter um impacto grande na vida do joseense. Tem a cidade Sete Sóis, na zona leste, e aqui no Aquarius temos o Parque Una no Terreno das Vaquinhas, que tem um volume alto de moradias, de novos investimentos. Como tem sido feito o estudo pela prefeitura do impacto que esses dois empreendimentos terão na infraestrutura da cidade?

Bom, primeiro, os impactos iniciais são positivos do ponto de vista de geração de emprego. Aí tem uma geração de emprego, valorização dessas duas regiões, que serão muito bem valorizadas. São empreendimentos que estão sendo construídos e que você não tem desvalorização do seu entorno. Você tem valorização.

Com relação à infraestrutura, a gente tem todo o cuidado. Vamos falar do Parque Una aqui na região do Aquarius, por exemplo, todo o cuidado de galerias e águas fluviais que não vão ser conectadas nas galerias existentes, está sendo feita uma nova galeria. A distribuição de energia não é a distribuição que tem hoje. Vem uma nova, vai virar uma nova rede de distribuição de energia para poder aumentar a capacidade ali e não ter conflito com o que existe hoje, que também já está no seu limite, distribuição de água também.

Eles vão ter que fazer uma nova adutora da Sabesp, tudo isso já dentro do planejamento. O sistema viário, várias obras serão feitas ali, que são obras que serão feitas com recursos privados do empreendimento, duplicação da Via Oeste desde o Thermas do Vale até a Arena, rotatórias ali na João Batista Ortiz, duplicação da Cassiano Ricardo, vias internas também que são muito diferentes do Aquarius hoje. Ali o Parque Una são vias muito mais largas, estacionamento subterrâneo, uma praça que é o dobro do tamanho da Praça Ulysses Guimarães.

Então tudo isso daí, do ponto de vista de infraestrutura, nós tivemos todos esses cuidados, seja desde o polo gerador de tráfego, de tudo que vai ser no seu limite, chegando em toda a sua ocupação, seja de prédios, comércios, geração de emprego, enfim, de trabalhadores que vão acabar transitando, o sistema de transporte público, a gente já tem isso daí tudo muito bem planejado.

Até muitos investimentos estão sendo feito de forma antecipada. O Parque Una começa fazendo obras de infraestrutura antes de empreender qualquer moradia, ele tem que fazer toda a parte de obras de infraestrutura. Igual idem à MRV lá na região leste também, que é um grande empreendimento, aliás, maior do que o Parque Una do ponto de vista de impacto de moradia. Lá tem toda a construção de viário que já está sendo feita hoje. Toda a parte de galeria, de distribuição de energia, distribuição de água, abastecimento de água, vai ser feito tudo novo, quer dizer, aumenta toda a capacidade que existe hoje. Para quê? Para não ter impacto nos próprios bairros que já existem ali.

O sistema viário também, quer dizer, ali é o final da Linha Verde, por exemplo. Então, tem um sistema viário com vias de 33 m de largura, canteiro central, todas as ruas com ciclovia, um grande parque linear que vai ter ao longo, cortando todo esse empreendimento, duplicação da Avenida Constância da Cunha Paiva, que já está sendo duplicada, tem também a duplicação do Viaduto Santa Inês, que eles têm até 2030 para duplicar o Viaduto Santa Inês, porque tem todo o processo de adensamento do empreendimento, que vai ser feito em duas fases. Eles fazem a infraestrutura na primeira fase. Então, tem esses investimentos até 2030, mas que eles podem antecipar. Até 2030 tem que estar com o viaduto pronto. Então tem todas essas contrapartidas.

O município teve muito cuidado com relação à aprovação de empreendimentos desse tamanho. Todo cuidado também de serem loteamentos bem diferenciados. O da MRV lá na região leste, eles chamam até como uma cidade inteligente, é um bairro inteligente e de fato é. Aqui no Parque Una também, porque o Parque Una tem até um planejamento de receber drones de entrega, sabe de pontos de recebimento de drones que podem fazer entregas dentro do próprio bairro.

O Parque Una é um bairro que ele vai nascer com condomínio. Ele não vai ter portaria, não tem portaria, não tem nenhuma restrição de acesso nas ruas, mas ele vai ser um condomínio. Ele vai ser um grande condomínio onde a praça já nasce sobre a sessão de responsabilidade do próprio condomínio, é uma área pública, é do município, a praça é pública, não vai ter nenhuma restrição, mas toda gestão de conservação, zeladoria da praça será do condomínio por 5 anos. Então, você já nasce com outra característica, diferente dos loteamentos hoje existentes.

 

O jornal revelou que entre janeiro e fevereiro a secretária de Assuntos Jurídicos, a Gabriela Guerreiro, faltou pelo menos 10 dias ao trabalho para viajar com a família para a Disney, nos Estados Unidos. O Ministério Público começou a investigar o caso. O senhor acha que houve algo de errado neste caso?

Não, nada de errado, mesmo porque a gente sabia, eu sabia. Quando eu a convidei para ser secretária, no final do ano, porque a gente monta o governo depois de ganhar a eleição, eu fiz o convite a Gabriela em dezembro, em novembro, para ser secretária. Mesmo porque o [Guilherme] Bellini já tinha um acordo para sair, o Bellini que era o nosso secretário de Assunto Jurídico.

Quando eu convidei a Gabriela, ele falou: ‘Perfeito, eu tenho uma viagem comprada. Paguei em 14 vezes. Com a minha família, nunca fui para Disney, meus filhos pequenos’. Então teve esse e nós falamos: ‘Não tem problema, ok’. Então, assim, não foi nada feito sem o nosso conhecimento. Tem um questão. Você assume, não tem problema nenhum, mas desconta. Você desconta. Descontará do seu salário, você afasta e a gente faz o desconto do salário. Faz um pedido por escrito e foi assim que ela fez. Então, não vejo nenhum prejuízo.

O Mário Muniz, por exemplo, secretário de Desenvolvimento Econômico, ele tinha uma viagem até 10 de janeiro, então ele assumiu dia 15, senão me falha a memória. Então, ele preferiu não assumir e falou: ‘Não, eu volto dia 15, se foi possível’. O dela não era possível, até porque a secretária de Assuntos Jurídico não pode ter substituto, tem que ter nomeado o secretário, porque realmente tem processo para assinar, mas era de conhecimento nosso. Essa questão sem prejuízo ao horário público. Mesmo porque ela descontou do seu salário esses dias que ela ficou fora. Mas era algo que ela colocou quando ela foi convidada.

E você imagina, eu vou falar: ‘Não, você não vai ser secretária porque você tem uma viagem de 10 dias’. Então foi uma coisa que foi combinada, eu digo aqui, sem nenhum prejuízo ao erário público, do ponto de vista dela receber o salário. E aí as informações a gente vai encaminhar para o Ministério Público, lógico que sem problema algum, a família está em primeiro lugar e ela não esperava ser convidada para secretária, então ela não tinha como adivinhar. E ela não conseguiu mudar a viagem e nós concordamos.

 

Prefeito, nesse caso, por exemplo, um servidor de carreira que tivesse o mesmo procedimento, ele provavelmente não conseguiria viajar durante 10 dias sem ter direito a férias ainda. O senhor não acha que fica uma imagem de privilégio?

Ela não tem direito a férias ainda. Você sai de férias e recebe. Ela não recebeu, então ela não teve férias, ela faltou. Vamos dizer assim, ela faltou. Ela não foi trabalhar 10 dias. É isso, ela faltou e descontou do salário dela.

 

Um servidor comum que faltar 10 dias também receberia o mesmo tipo de tratamento da secretária?

Se ele pedir uma solicitação. Agora, se ele faltar sem dar nenhum tipo de satisfação, é lógico que é abandono de emprego. Vamos dizer assim. Agora, se ele negociar com o chefe dele, mesmo ele não tendo direito a férias, mas ele vai afastar agora. Isso acontece. E aí o recursos humanos, o departamento de gestão de pessoas, também fará isso nesse processo. Ele fala: ‘Não, tudo bem, você falta 5 dias agora, repõe no seus 5 dias depois’. A gente tem banco de horas com servidores. Comissionado não tem banco de horas. Agora estamos falando: secretário e comissionados não têm banco de horas, eles não têm direito a 7 dias de descanso por ano que são as suas folgas abonadas. Os comissionados não têm esse direito, o servidor tem.

Então, se ele for pedir, como tem muitos servidores de carreira que fazem também a troca, fala: ‘Olha, em janeiro eu vou entrar de férias, mas eu não tenho direito, aliás vou sair em dezembro e as férias passam a contar a partir de janeiro’. Tudo que está escrito e não tem dano ao erário público, do ponto de vista financeiro, de um atendimento, isso não tem problema algum, desde que isso seja pago. O caso dela não foi férias, é diferente. O caso dela não foi férias. A gente não deu férias, pelo que ela não recebeu. Aliás, isso foi desconto do salário dela, quer dizer, ela foi como uma falta, mas foi algo que nós sabíamos. Isso eu não posso, aliás, jamais falaria isso até mesmo porque sabia quando ela foi convidada, ela colocou essa situação que ela tinha e nós concordamos que não tinha problema algum, mesmo porque tem que descontar.

Você sai, faz a tua carta, pede o desconto, fala para onde vai, fala que está em viagem, quer dizer, não teve nenhum processo, tudo muito transparente, e faz a viagem com a família, retorna e a gente faz o desconto do seu salário.

 

O senhor postou sobre isso nas redes sociais, que é esse debate sobre o 8 de janeiro. Sobre o pedido que foi feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de anistia aos presos que participaram do 8 de janeiro. Inclusive, o ex-presidente chegou a declarar que ele conseguiu o apoio do Gilberto Kassab, presidente do seu partido. Oficialmente, o Kassab ainda não falou sobre o assunto, mas é um assunto que está na pauta política nacional. Qual a opinião do senhor a respeito do 8 de janeiro? O senhor é a favor ou contra esse pedido de anistia?

Eu sou a favor, mesmo porque eu acho que houve exagero nas condenações. Aliás, eu fiz um post hoje, eu compartilhei um post do Felicio porque concordo. Minha posição é essa. Houve realmente um exagero nas condenações. Ali foi apenas uma comparação entre dois atos parecidos. Um que foi um ato de liberdade. Então tem uma pena que virou prestação de serviço. E o ato que teve ali [8/1] é um ataque contra a democracia. É um golpe, com 16 anos de pena. Então é isso, eu acho que foi exagerado. O juiz exagerou, isso a gente está tendo um grande problema no judiciário.

Eu como prefeito também tenho as minhas divergências com o judiciário, das intervenções que se acontece do Ministério Público, não tanto do judiciário, mas do Ministério Público, do ponto de vista até ditar o que está certo, o que está errado. Olha, o Arco da Inovação está errado, então está bom. Um promotor juntamente com uma pessoa que ele nomeia para fazer um estudo está certo. E os 22 engenheiros que eu tenho na prefeitura? Então manda os 22 engenheiro embora. Manda todos os estudos que foram feitos embora. Aliás, eu vou fazer um vídeo daqui uns dias. Falaram que em 2025 o Arco da Inovação ia estar parado. Eu não estou vendo isso, foi isso que foi dito lá na época. Estou dizendo alguns exemplos do que está exagerado, seja do ponto de vista de não respeitar as instituições. E as instituições que estou falando é o poder executivo, legislativo, poder judiciário. É uma pena que foram penas que foram dadas ali completamente fora de uma questão arrazoada, de uma pena de uma ação que teve lá no dia 8 de janeiro. Essa é a minha opinião.

Comentários

1 Comentários

  • Genivaldo Fares 07/04/2025
    Enfio a cabeça no travesseiro e choro cada vez que penso que teremos mais 3 anos e meio deste Governo.