
Maria Verônica, conhecida popularmente como “Grávida de Taubaté”, revelou em entrevista ao programa Domingo Legal (SBT), divulgada neste domingo (23), que sua barriga falsa trazia “dois trabalhos espirituais” feitos por uma “seita diabólica” da qual ela participava na época da falsa gravidez.
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Depois de 13 anos sem aparecer publicamente, ela voltou aos holofotes em 2025 após gravar vídeos nas redes sociais dizendo que contaria toda a verdade sobre a falsa gravidez, que a tornou conhecida em todo o país, em 2012.
Na entrevista ao SBT, ela disse que participava de uma seita satânica e relatou episódios que marcaram sua trajetória, incluindo rituais onde, segundo ela, mantinha diálogos com o diabo.
Maria Verônica contou que, à época da mentira, fazia parte de uma seita e que a história da falsa gravidez começou aí. “A seita cultuava ao demônio. Eu me sentia bem. Eu gostava de conversar com ele. Eu não tinha medo. Eu conversava direto com os demônios”.
“Eu já estava namorando o Kléber e a família dele participava dessa seita. Ali, eu conheci, gostei e fui muito bem acolhida. Decidi fazer parte dela. Vi muitas coisas lá. Primeiro, um acolhimento. Aquilo que eu não tinha na minha casa. Depois fui entendendo que não era o que eu esperava que fosse. (...) Minha família só soube quando minha irmã me tirou da seita”, contou.
“Entrei na seita em 2005, foi em 2011 (a história da gravidez). Na sexta-feira santa, nós participamos de um encontro com várias pessoas. Nessa noite, foi dito para fazer pedidos e eles iriam ser realizados. Eu fiz o meu pedido. Escrevi que queria ficar grávida de novo. Todo mundo fez o pedido e entregou. A pessoa lá que estava lá conversando como se fosse o demônio pegou o papel, dobrou, molhou e engoliu. E disse que o meu ele iria realizar. Eu achava que eles seriam capazes de reverter a vasectomia do meu marido e que algo ia acontecer ali”, explicou Maria Verônica.
Segundo ela, passados 15 dias, os membros da seita a chamaram: “Eles falaram que eu precisaria participar de um ritual. Nesse ritual, eles fizeram o que precisava ser feito e eu sempre tive no coração que dali em diante nasceu a Grávida de Taubaté. Naquela hora, eu acreditei que aquilo ia acontecer”.
A entrevista foi conduzida pelo apresentador Celso Portiolli. Na conversa, Maria Verônica recordou os eventos que a tornaram referência nacional em 2012 – quando sua história foi amplamente divulgada pela Record.
“Eu não espero que elas acreditem em mim, mas eu espero que elas ouçam aquilo que eu vim para falar. O acreditar ou não acreditar nós temos o livre arbítrio”, afirmou.
Ela ressaltou que viveu 13 anos em silêncio após o episódio, tempo durante o qual abrigou segredos e refletiu sobre suas escolhas.
Segundo Maria Verônica, seu ingresso na seita ocorreu em 2005, motivado pela busca de um acolhimento que não encontrava em seu ambiente familiar. “Eu já estava namorando o Kléber e a família dele participava dessa seita. Ali, eu conheci, gostei e fui muito bem acolhida”, relembrou. Contudo, com o passar do tempo, ela passou a questionar os verdadeiros propósitos do grupo, tendo sua família descoberto o envolvimento apenas quando sua irmã a retirou do meio”.
A origem da “gravidez”.
O episódio que a consagrou – e também a trouxe inúmeras polêmicas – ocorreu em 2011, durante um encontro realizado na Sexta-Feira Santa. Em meio a um ritual onde os participantes deveriam fazer pedidos a uma entidade, Maria Verônica teria solicitado “ficar grávida de novo”. “Eu fiz o meu pedido e a pessoa que estava ali, em clima de invocação, assegurou que o meu seria realizado”, recordou. Após 15 dias, foi convocada para um novo ritual, que ela interpretou como o momento em que “nasceu a Grávida de Taubaté”.
A expectativa de um milagre, no entanto, se revelou uma ilusão. “A psicóloga que eu passava na época me disse que eu tive uma gravidez psicológica. A barriga cresceu inicialmente, o teste de farmácia deu positivo e eu acreditei que fosse um milagre”, explicou.
“Não soube até hoje qual a intenção da seita, mas não saiu só de lá. Eu sabia que a barriga tinha que aparecer porque foi dito para a imprensa que eu estava grávida. Tinham panos ali. Era pra mostrar pra algumas pessoas que eu realmente estava grávida. (...) A ideia da barriga foi de pessoas que estavam comigo lá. Dentro da seita, nós participávamos de rituais. Dentro da barriga, além de pano, tinham dois trabalhos que precisavam ficar lá”, afirmou.
“Eu por anos me perguntei por isso. Hoje eu entendo que foi uma ação do demônio. Daquilo que permiti que ele fizesse na minha vida na hora daquele ritual.”
“A culpa foi minha que deixei tudo acontecer. Não foi pensado pra gerar uma comoção nacional. Quadrigêmeos não sei o porquê. Eu sempre era orientada que eu levava comigo quatro demônios”, disse Maria Verônica.
Após a exposição da farsa, a repercussão na mídia e a pressão dos envolvidos, Maria Verônica relatou o processo doloroso de reconstrução de sua vida. “Minha primeira reação foi imaginar o que as pessoas falariam. Minha irmã me abraçou, retirou de mim os símbolos da seita, como os panos e colares, e mesmo com ameaças, fui retirada daquele ambiente”, contou.
Segundo ela, os desdobramentos envolveram a intervenção de um advogado, que esclareceu a situação na OAB de Taubaté, e um período de isolamento na casa dos pais. Posteriormente, com a ajuda de um sacerdote, realizou uma oração de renúncia para romper os laços com aquilo que atribuía à ação do demônio.
Atualmente, Maria Verônica afirma ter refeito a vida ao lado do marido, retomando do zero, e deseja usar sua experiência para alertar o público. “Vim para dizer para as pessoas que existem coisas assim e é possível viver como vivi, mentir como eu menti e se levantar”, concluiu.
Apesar de ter sido ameaçada e de ter recebido pedidos para que não divulgasse nomes, a ex-participante afirma não ter mais contato com os membros da seita e mantém a convicção de que compartilhar sua história é um passo para a transformação pessoal e para alertar sobre os perigos das manipulações ocultas.