O mercado do crime.
Vende-se. Ponto comercial com excelente localização, boa infraestrutura e condição facilitada, perfeito para o seu negócio. Favor tratar direto com o proprietário. Sigilo absoluto.
A descrição acima poderia muito bem se referir a um imóvel qualquer, em busca de um novo comprador. Mas também serve para revelar a maneira profissional e estruturada com que o PCC (Primeiro Comando da Capital) cresce como uma organização empresarial.
Criada no Vale do Paraíba, a maior facção criminosa do país utiliza métodos corporativos para ampliar seus lucros na sua principal fonte de renda: o tráfico de drogas.
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O PCC criou uma rede de franquias para vender ou alugar as ‘lojas’, como são chamados os pontos de venda de drogas, também chamados de ‘biqueiras’. Com a rede de franquias das ‘lojas’, a organização movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano, segundo apurações do Ministério Público e das forças de segurança.
As ‘lojas’ podem ser vendidas ou alugadas e chegam a custar R$ 2 milhões, como apurou a reportagem de OVALE. O mercado imobiliário do crime do PCC define o custo das ‘lojas’ de acordo com a localização e o fluxo de clientes. Além de atuar no varejo, com a venda direta para o usuário de droga, o PCC também é fornecedor e controla o mercado no atacado, buscando monopolizar o tráfico de crack, cocaína e maconha nas ruas.
"É crucial lembrar que todas as lojas (...) recebem o entorpecente única e exclusivamente do PCC. Assim, é importante imaginar, a título de exemplo, que as lojas do PCC não passam de franquias que só vendem o produto fornecido pelo PCC", diz trecho de acusação apresentada pelo MP de São Paulo.
Nesta terça-feira, a Polícia Civil prendeu o gerente de uma biqueira do PCC em Taubaté, conhecida como 'Box 07', localizada na Cecap (veja aqui).
Criado em 31 de agosto de 1993, no 'Piranhão', pavilhão anexo da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, o PCC transformou-se em uma multinacional do crime organizado, ampliando seus tentáculos por todo o país e pelo exterior.