Associação de consumidores criada em 1987, o Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) divulgou um manifesto para criticar a instalação de uma usina termelétrica no Vale do Paraíba.
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A publicação refere-se diretamente à Usina de Transição Energética UTE São Paulo, empreendimento em processo de discussão pública e licenciamentos ambientais para instalar-se em Caçapava.
O projeto prevê investimento de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões) para a geração de energia a partir de gás natural, com potência instalada de até 1.743,8 MW – volume superior ao de qualquer unidade desse gênero em funcionamento na América Latina.
O negócio é classificado como a “maior termelétrica em potência do Brasil”, que pode ser instalada em área de 260 mil metros quadrados de Caçapava, perto da divisa com Taubaté.
“A construção desta usina trará diversos impactos para a região, afetando profundamente o meio ambiente, a saúde pública e a qualidade de vida das comunidades locais”, diz o comunicado, que é assinado pelo advogado Igor Rodrigues Britto, diretor de Relações Institucionais do Idec.
Abaixo-assinado.
A manifestação busca coletar a adesão de organizações, movimentos sociais, cidadãos e cientistas num abaixo-assinado contra a instalação da usina,
Segundo o texto, os “efeitos negativos” da usina incluem “o aumento da poluição atmosférica, a sobrecarga dos recursos hídricos locais e impactos na fauna e flora, comprometendo a sustentabilidade ambiental e a biodiversidade da região”.
“Além disso, a instalação da UTE São Paulo resultará em custos adicionais para os consumidores, considerando que usinas térmicas a gás estão entre as alternativas mais caras para geração de eletricidade. Este empreendimento impõe um ônus financeiro injusto à população, especialmente em um momento de crise socioeconômica e aumento das contas de energia, exacerbando as desigualdades e penalizando os mais vulneráveis”, aponta o comunicado.
No final do texto, o Idec pede que as autoridades “reconsiderem a instalação da UTE São Paulo em Caçapava e busquem alternativas que sejam benéficas para o meio ambiente e para a sociedade”.
Na região, a Frente Ambientalista do Vale do Paraíba Paulista mobiliza apoios para tentar barrar a instalação da usina. A entidade diz que o negócio “vai aumentar a poluição do ar e usará muita água, o que compromete o abastecimento do município”.
“Os possíveis empregos gerados para operar a usina serão poucos, e o mais importante: o impacto será regional, ma s a população das cidades não foi consultada”, afirma o grupo.
O Ministério Público federal também citou “elevado potencial de impacto sobre o Vale do Paraíba” com a energia produzida a partir da queima de gás natural.
Outro lado.
Procurada pela reportagem, a empresa Natural Energia, responsável pelo projeto da usina, ainda não comentou as críticas do Idec. O espaço segue aberto para o posicionamento da companhia.