INVESTIGAÇÃO

Pela 4ª vez, ex-secretário de Saúde de Taubaté deixa de comparecer para oitiva de CPI

Segundo a Prefeitura, Mário Peloggia está com dengue e ficará de licença médica até o dia 24 desse mês; as outras três tentativas de ouvir o ex-secretário de Saúde foram em 2023

Por Julio Codazzi | 18/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min
Taubaté

Lincoln Santiago/CMT

CPI se reuniu na tarde dessa segunda-feira para tentar ouvir Peloggia
CPI se reuniu na tarde dessa segunda-feira para tentar ouvir Peloggia

Pela quarta vez, o ex-secretário de Saúde Mário Peloggia deixou de comparecer para prestar esclarecimentos à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara de Taubaté para investigar as denúncias de irregularidade relacionadas às terceirizações promovidas no setor pelo governo José Saud (PP).

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A oitiva estava marcada para essa segunda-feira (18), às 14h, mas 40 minutos antes do início da atividade Peloggia comunicou à CPI que não compareceria, pois está de licença médica. Peloggia afirmou ainda que, por ser secretário municipal - ele deixou a pasta da Saúde em dezembro, mas em fevereiro desse ano foi nomeado secretário da Fazenda -, não poderia ser convocado pela comissão ou ser alvo de condução coercitiva, mas apenas ser convidado. O ex-secretário de Saúde se colocou à disposição da CPI para responder questionamentos por escrito.

A CPI deve insistir na oitiva presencial de Peloggia, mas ainda não definiu nova data. Segundo a Prefeitura, o secretário da Fazenda está com dengue - a licença médica, iniciada na última sexta-feira (15), segue até o dia 24 de março. Procurado pela reportagem, Peloggia não se manifestou.

Em 2023, foram três tentativas de ouvir o então secretário de Saúde, mas em nenhuma houve sucesso - em agosto Peloggia alegou problemas na agenda, e em duas ocasiões em outubro apresentou atestado médico por hipertensão.

OITIVAS.
Pela agenda da CPI, essa seria a penúltima oitiva da fase de depoimentos. A última está prevista para essa quinta-feira (21), às 18h30.

Nessa data, a CPI pretende fazer uma acareação entre testemunhas já ouvidas no ano passado: o ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, a secretária de Administração, Monique Vidal Neves, e duas servidoras da Prefeitura que atuam nas comissões responsáveis pela qualificação das entidades que disputaram os processos de terceirização e também pela fiscalização da execução contratual.

A CPI pretende apresentar até o início de abril o relatório final - esse relatório resultará em um projeto de resolução, que trará o resultado das investigações, citando quais fatos foram considerados procedentes, quem os praticou e que evidências levaram a essa conclusão; caso o projeto seja aprovado em plenário, o texto será encaminhado ao Ministério Público.

COMISSÃO.
Criada em fevereiro do ano passado, a CPI centrou os trabalhos inicialmente em duas ações de improbidade administrativa ajuizadas pelo Ministério Público em junho e julho de 2022. A primeira ação tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp (Instituto Esperança) em fevereiro de 2022. O instituto recebeu R$ 6,111 milhões para disponibilizar médicos para as quatro unidades de urgência e emergência do município. A segunda ação aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão dessas unidades.

Nessas ações, a Justiça determinou a quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Saud, do ex-secretário de Saúde Mário Peloggia, do ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvão Velasco, do ex-diretor de Saúde Fabio Henrique da Cruz, do Iesp e do INCS (Instituto Nacional de Ciência da Saúde). Todos os denunciados negaram à Justiça qualquer irregularidade.

Dos citados nas ações, Fábio Cruz foi ouvido pela CPI em agosto, e Fabricio Velasco em novembro. Representantes do INCS e do Iesp também já prestaram depoimento à comissão, em junho e setembro, respectivamente. A CPI tentou ouvir Saud duas vezes em outubro, mas o prefeito não compareceu. Em relação ao ex-secretário de Saúde, foram quatro tentativas.

JUSTIÇA.
Desde setembro do ano passado Saud busca na Justiça a suspensão - e a posterior anulação - da CPI, que é dominada pela oposição.

No processo, o prefeito alega que o requerimento que pediu a abertura da comissão não teria delimitado o fato a ser investigado, que o prazo para conclusão dos trabalhos violaria o princípio constitucional da duração razoável dos processos, que as diligências teriam avançado sobre entidades privadas e também que teria havido violação ao princípio da ampla defesa.

Desde então, o pedido de suspensão da CPI já foi rejeitado pela Vara da Fazenda Pública de Taubaté, em setembro, e pela 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça, em outubro do ano passado, e em janeiro e fevereiro desse ano.

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