O Brasil está precisando de um banho de descarrego.
Não um banhinho qualquer, mas, um banho caprichado, com ervas escolhidas a dedo: arruda, guiné, folha de fumo, casca de alho, pinhão roxo, acrescentando um galhinho de manjericão e uma pitada de alecrim para fechar a liga. É bom encarar o ritual em um sábado e repetir a dose segunda e quinta-feira. Dizem que é tiro e queda. Tem também o “banho dos 13”, que, sem qualquer ideologia política, usa 13 folhas de hortelã, 13 folhas de eucalipto, 13 pétalas de margarida, 13 folhas de artemísia e 13 galhinhos de alecrim. Serve para afastar inveja e mau-olhado.
Talvez seja esse o remédio para baixar a fervura e reduzir o “Fla-Flu” que toma conta do país há décadas, com uma escalada radical nos últimos anos.
Tudo no Brasil vira polêmica, bate-boca e confusão, de eleição de síndico a show de popstar, de jogo da seleção no Maracanã à vitória de Javier Milei nas eleições argentinas. Tá tudo dominado pela ideologização radical, pelo “nós contra eles”, pelo debate travado ao ritmo dos “likes/deslikes” das redes sociais. Exemplo? As eleições do Conselho Tutelar viraram uma “guerra santa” em diversas cidades. Em muitas, a disputa foi para a Justiça. Em Taubaté, por exemplo, 8 de 10 eleitos tiveram a candidatura cassada. Segundo a Justiça, eles utilizaram imagens relacionadas à prefeitura e ao Conselho Tutelar na campanha, como se fossem apoiados por essas entidades, além de lançarem uma espécie de "chapa única” das igrejas evangélicas. Em São José dos Campos, o Conselho Tutelar impugnou o nome de Rosana Rabelo Montanini, “campeã” de votos do pleito de setembro, com 7.004 indicações (5.059 a mais que a segunda mais votada). Motivo: abuso do poder político, econômico e religioso. “Se você não votar, alguém da esquerda fará isso no seu lugar”, diz peça da propaganda de Rosana. Se antes, a esquerda “aparelhava” os conselhos, hoje a briga mudou de lado.
A disputa por corações e mentes é legítima. Já a estratégia de construir hegemonias e impor valores de grupo à sociedade merece muita atenção. O Brasil é um país continental, construído a partir de suas diferenças e contrastes. O caminho é aprendermos uns com os outros para irmos mais longe, como pessoas, sociedade e país. Tolerância, essa palavra simples, tem que voltar ao dicionário cotidiano dos brasileiros. Até lea, haja banho de descarrego.
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Fique atento: depois de “desossar” o PSDB de São José dos Campos, o PSD continua a avançar sobre as “franjas” tucanas na região, na batuta de Gilberto Kassab e Felício Ramuth. Com Edmar Araújo e Antonio Carlos da Silva (Monteiro Lobato e Caraguá) a bordo, o PSD passa agora a contar com Fred Guidoni (Campos do Jordão) e Rodrigo Salomon (Jacareí), enquanto espera Ortiz Junior (Taubaté) pular de barco no limiar do tempo regulamentar de 2024. E segue o baile ...