EDITORIAL

A tragédia anunciada

Em dois anos e quatro meses, o setor automotivo cortou 24% dos trabalhadores na região. GM demitiu 800 agora

28/10/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Embora, obviamente, os 800 trabalhadores da General Motors de São José dos Campos que receberam telegramas de demissão no último dia 21 tenham sido pegos de surpresa com o comunicado, a crise do setor automotivo brasileiro não é novidade.

Nos últimos dois anos e quatro meses, mais de 2.100 funcionários do setor - que já foi um dos maiores empregadores da região - foram demitidos no Vale do Paraíba. Isso representou um corte de 24% da força de trabalho total das montadoras instaladas por aqui.

No início de 2021, a Ford fechou a fábrica de Taubaté, demitindo 830 funcionários. Em 2022, foi a vez da Caoa Chery anunciar a paralisação da produção em Jacareí ao menos até 2025.

A Volkswagen, que tem 3.100 trabalhadores em Taubaté, já adotou uma série de medidas - como layoff, férias coletivas e paradas de produção - nos últimos anos para tentar evitar uma demissão em massa.

Os números mostram que a crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 acelerou o processo de desindustrialização pelo qual passa o Brasil nas últimas décadas. A GM de São José dos Campos é um triste exemplo disso. Nos anos 2000, a montadora empregava 12,5 mil pessoas na cidade. Agora, já descontados os 800 demitidos esse mês, são 3.200 funcionários.

E agora, o que fazer? A solução não é simples, mas há caminhos que se mostram mais promissores. Para as empresas, é preciso pensar em novos formatos industriais, investir em tecnologia. A região tem uma vocação para a pesquisa, para novas ferramentas. Temos um espaço fértil a ser explorado nesse sentido.

Além disso, é necessário discutir novas possibilidades econômicas para a região. Inovação, turismo e economia criativa são apenas algumas das opções. Avançar nessas áreas permitiria que o Vale do Paraíba deixasse de ser tão dependente do setor industrial, que atravessa tão grave crise.

Para onde o futuro aponta? É sobre essa pergunta que devemos nos debruçar agora. E, se conseguirmos respondê-la corretamente, os próximos anos serão de notícias melhores para a região.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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