HÉLCIO COSTA

Deixaram Emanuel com sangue nos zóio

Por Hélcio Costa | Jornalista
| Tempo de leitura: 3 min

De tanto levar frexada, como diria Adoniram Barbosa, de tanto ser cutucado com vara curta, Emanuel Fernandes falou sobre as eleições de 2024.

E falou com sangue nos zóio ...

Em encontro no diretório do PSDB semanas atrás, Emanuel praticamente lançou a candidatura de Eduardo Cury a prefeito de São José dos Campos em 2024 e prometeu estar nas ruas, ao seu lado, pedindo voto. Abre aspas: "Eu vou estar na rua, sou o melhor cabo eleitoral que vocês podem imaginar. Em 2016 eu já provei isso”. Fecha aspas. Ao seu lado, Cury fez cara de paisagem. Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto e ter gente grande do PSDB jurando que sim, ele é candidato, Cury ainda não assumiu essa posição.

Pelo sim, pelo não, a fala de Emanuel, serviu para provocar cafubira no governo Anderson Farias, do PSD.

Aliás, tudo que vem dos lados do PSDB causa cafubira na turma que gravita em torno do 7o. andar do Paço Municipal.  Isso porque, por melhor avaliado que esteja o governo municipal, o eleitor de São José dos Campos tem certa dificuldade para visualizar Anderson como candidato. É o que dizem todas as pesquisas, as públicas (como os do "Vale" e da Band) e as de consumo interno, que o governo consome com bastante interesse. Nem a leitura recente de que Cury já atingiu o teto nas pesquisas, com a tendência, agora, de recuar, sossega os ânimos por lá. Por isso, mais que encarar os ex-aliados nas urnas, os grupos que gravitam em torno de Anderson, de Felício Ramuth e do PSD apostam em minar o nome de Cury e Emanuel (chamado de "velho" por alguns mais afoitos). Ou, em outra frente, incentivar Alexandre Blanco em sua cruzada contra o diretório municipal do PSDB, partido, aliás, ao qual é filiado. Até agora, de concreto, essa segunda frente só causou marola.

Isso tudo ajuda a curar a cafubira?

Difícil dizer. Tem coceira, prurido, que é difícil de curar. Até aqui essa estratégia dos lados do PSD serviu apenas para tirar Emanuel do silêncio diplomático que vinha mantendo há tempos. Não sei a tática é boa. Parece mais aqueles planos "infalíveis" da dupla Pinky e Cérebro, do desenho animado. "Cérebro, o que faremos amanhã a noite?", pergunta Pinky. Cérebro responde: "A mesma coisa que fazemos todas as noites, Pinky, tentar conquistar o mundo." Se nem na TV dá certo, imagine na vida real. E numa coisa pelo menos Emanuel tem razão: ele é bom de rua, que o diga Felício, alavancado de candidato praticamente desconhecido a prefeito eleito em 2016 graças à dupla Emanuel e Cury. 

Muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte, mas, a meu ver, seria bem interessante, para a cidade, um embate entre esses dois modelos de gestão e de fazer política, que, apesar de hoje separados, têm o mesmo DNA. De um lado, Emanuel, Cury e o grupo raiz, os "sobreviventes" do PSDB, "desossado" pelo PSD de Gilberto Kassab em 2022. Do outro, Felício, Anderson e a turma que debandou do ninho e abraçou, com fé, esse novo modelo de exercer a política. Se os dois lados não se perderem no vale-tudo, na baboseira inútil, no sangue, porrada e bomba, São José dos Campos tem muito a ganhar. Talvez esse seja o debate que tem faltado à cidade nas últimas eleições. Quem viver, verá.

Segue o baile ...

Comentários

Comentários