Maior facção criminosa da América Latina, o PCC (Primeiro Comando da Capital) está usando casas de prostituição e agiotagem para lavagem de dinheiro em São José dos Campos, segundo aponta investigação da Polícia Civil.
Após três meses de investigação, os policiais deflagraram uma operação em São José e identificaram um endereço na cidade usado pelo grupo criminoso como ponto de prostituição.
O principal objetivo da casa seria mascarar o dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas, a maior fonte de financiamento do PCC. Mas a casa também servia como local de encontros das principais lideranças do crime organizado no Vale do Paraíba.
No imóvel, segundo a investigação, líderes do PCC distribuíam ordens vindas das cadeias, davam aval para assassinar rivais e debatiam o andamento dos ‘negócios’ da facção, como tráfico de drogas e de armas.
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DISCIPLINA
Ocupantes da casa trabalhavam como ‘disciplina’ da organização criminosa, coordenando a região para assuntos relativos à justiça do crime, sob o comando do ‘Geral da Cidade’, como são chamados os líderes locais do PCC.
O ‘disciplina’ também participa e organiza os ‘tribunais do crime’, quando a facção faz seu justiçamento e impõe a ‘ética do crime’ nas ruas.
“Houve encontro de cadáveres com característica de execução [em São José]. Essa informação que estava esparsa foi trabalhada pela nossa inteligência. A partir daí, após três meses de investigação, a gente deflagra, em duas etapas, uma operação prendendo esse intermediário do PCC que é chamado de disciplina”, contou o delegado Renato Topan à TV Record. O policial pertence à Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de São José.
PRISÕES
Na operação, três pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ligação com o crime organizado: Adriana Gonçalves, a ‘Navalha’, que coordenava os tribunais do crime no município, Laíssa Costa, responsável por transmitir ordens do PCC aos demais líderes da facção, e Raphael Marques, que coordenava uma das casas de prostituição utilizadas pelo grupo.
Durante a primeira fase da operação, a Polícia Civil apreendeu farto material com nomes, apelidos, contabilidades, ordens e demais anotações da facção criminosa. Havia nos papéis até de uma sentença de morte.
“Encontramos anotações de negócios ilícitos, como organizar esses negócios e até uma caderneta a respeito de uma casa de prostituição possivelmente usada para lavagem de dinheiro. Além disso, também foi encontrado um ponto interessante que é a agiotagem praticada por essas pessoas. Uma das formas de lavar o dinheiro e fazer com que esse dinheiro ilícito das drogas flua é fazer agiotagem”, afirmou o delegado.
Segundo ele, os policiais também encontraram material que prova a comunicação dos criminosos de São José com membros do PCC que estão em presídios.
“Tinha uma conexão muito forte entre essa célula da organização que estamos investigando e a comunicação que é feita para dentro do presídio. Há um fluxo de informações que passa de criminosos presos para criminosos soltos. Toda administração, como organizar os pontos de tráfico e tudo mais é feito entre essas pessoas.”
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