HÉLCIO COSTA

Tudo o que é sólido desmancha no ar

Sem um bom trabalho de base, oposição não fez nem cócegas em São José dos Campos nas eleições de 2020; em 2024, essa situação vai se repetir? A cidade merece mais ...

Por Hélcio Costa | 22/07/2023 | Tempo de leitura: 2 min
Jornalista

Nas eleições de 2020, São José dos Campos teve 11 candidatos a prefeito, mas, de fato, teve uns 3 ou 4, no máximo.

Erro de matemática? Longe disso.

Com o número de postulantes ao Paço Municipal aditivado pelas regras eleitorais, sobraram nomes, mas faltaram consistência política e, principalmente, ideias novas. Com isso, o então prefeito Felício Ramuth (PSDB à época, hoje PSD) navegou tranquilo rumo à reeleição. Dos 10 outros concorrentes, poucos, quase nenhum, fez oposição, de fato, construindo, ao longo do tempo, um contraponto ao projeto representado por Felício. Rival histórico, o PT estava fora de combate. Sobrou uma espécie de oposição “instantânea”, feita durante os 45 dias legais de campanha. Não fez cócegas. Felício foi reeleito com 58,2% dos votos. A segunda colocada, Eliane Nikoluk (PL), ficou na casa dos 15,9%, anos-luz atrás. A eleição de 2020 trouxe uma lição dura para os adversários do governo: não basta querer ser candidato, tem que ter voto, o que é gerado a partir da sustentação popular. A lição foi aprendida? Esse cenário vai se repetir em 2024?

De 2020 para cá, Felício virou vice-governador do Estado e o prefeito é Anderson Farias (PDS), cujo governo é bem avaliado, embora Anderson, como candidato, ainda patine nas pesquisas de intenção de voto. E a oposição? A pouco mais de um ano da eleição, ela continua, por enquanto, fazendo marola.

Exagero? Vamos lá. O PT tenta convencer Wagner Balieiro a se lançar a prefeito de novo, embora Balieiro saiba que missão é missão ingrata. Dois outros potenciais candidatos, Doutor Élton (União Brasil) e Henrique Barbosa (Novo) sonham em catalisar o voto conservador, sem terem, até aqui, conseguido pregar fora de suas "bolhas". Sobram os candidatos nanicos e, claro, o PSDB, partido que tem potencial de votos, apesar do baque sofrido com a saída de Felício, Anderson e companhia.

Mas, aí surge a dúvida, para onde vai o PSDB? Eduardo Cury lidera as pesquisas eleitorais, mas jura, de pé junto, que não é candidato, apesar de ter "estrelado" a campanha de TV do partido, que fala na criação de um "novo" PSDB. Outros tucanos, como, por exemplo, José de Mello Corrêa e Dulce Rita, parecem não empolgar tanto. A "bala de prata" do PSDB pode vir, acreditam alguns, do movimento encabeçado por Emanuel Fernandes e pelo próprio Cury para estimular novas lideranças. Tratado como supra partidário, o grupo ensaia um manifesto político a ser lançada no dia 11 de agosto. O que vai surgir daí? A intenção é repetir 1992, quando Emanuel, Juana Blanco e alguns poucos aliados lançaram as bases da "nova política", que fez história na cidade. A ideia terá apelo hoje, 30 anos depois? Só o tempo dirá.

A continuar nessa lenga-lenga, Anderson pode repetir Felício e chegar a 2024 como franco-favorito. Graças às qualidades do governo? Sim, mas graças também à inapetência dos adversários. É uma pena. Para mudar ou para continuar na mesma, a cidade merece debater ideias e projetos antes de definir, pelo voto, seu futuro.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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