GAZETA

Campinas, a semente: passado e as origens da cidade mais rica do país

Magistral obra de Carlos Gomes, filho ilustre de Campinas, 'O Guarani' é o primeiro segundo da hora do Brasil, que inspira Campinas a apontar o andamento dessa obra inacabada chama

Por Xandu Alves | 15/07/2023 | Tempo de leitura: 4 min
Campinas

Reprodução

Cartaz da ópera 'O Guarani', de Carlos Gomes
Cartaz da ópera 'O Guarani', de Carlos Gomes

A hora de Campinas.

Em quatro atos, o campineiro Nhô Tonico criou uma das mais sublimes músicas brasileiras – a ópera 'O Guarani' –, apresentada ao público pela primeira vez na Itália, há 153 anos.

Desde então, a cidade que inspirou sonhos e personagens ao gênio tornou-se uma das mais exuberantes do país.

Nhô Tonico ou Antônio Carlos Gomes (1836-1896), filho ilustre de Campinas, viveu seus 60 anos enfrentando tragédias e desafios para se tornar o mais importante compositor de ópera do Brasil.

A cidade que ele amou também fez seu caminho superando adversidades para irromper em atos de uma ópera permanente, que se sublima no cotidiano dos seus cidadãos, tendo a vida como partitura.

É de 'O Guarani' o primeiro segundo da hora do Brasil, que inspira Campinas a apontar o andamento dessa obra inacabada chamada Brasil. A cidade é a clave da pauta tupiniquim, de sol a sol rumo ao futuro.

Em quatro atos, OVALE e a Gazeta traçam a linha entre passado, presente e futuro de Campinas para contar a história da jovem cidade, que completa 259 anos.

Em seu nascimento histórico, o município começou simples como sua gente, de Tonicos e Marias, com seus 185 moradores em um bairro rural da então Vila de Jundiaí.

Hoje, os mais de 1,13 milhão de habitantes constroem a mais rica cidade do interior, polo industrial, tecnológico e educacional. A criatividade, a ousadia e a inovação fazem serenata nesta ópera urbana.

Das luzes de velas de seus antepassados ao mais intenso farol da modernidade, representado pelo acelerador de partículas Sirius, Campinas surge do caminho para os sertões ao futuro espacial.

ORIGENS.

Metrópole e a 14ª maior cidade do Brasil, o município nasceu 'Campinas do Mato Grosso', nome inspirado em três pequenos descampados (campinhos ou campinas) no meio de uma ainda densa Mata Atlântica.

Tal qual hoje, sua brava gente impulsionou o desenvolvimento de atividades de abastecimento que expandiram as terras e levaram à criação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso, em 1774, data do nascimento do município, que ainda foi Vila de São Carlos (1797) antes de se tornar Cidade de Campinas (1842).

Quis o destino que Campinas tivesse estreita ligação com o Vale do Paraíba. Seu primeiro povoamento surgiu com a chegada de Francisco Barreto Leme (1704-1782), que veio de Taubaté para, entre 1739 e 1744, fixar-se com a família em terras que se tornariam a futura cidade campineira.

Na certidão de batismo, Campinas guarda a data de 14 de julho de 1774, quando o povoado foi fundado em missa celebrada por Frei Antônio de Pádua, em um barracão improvisado e supostamente localizado na atual Praça Bento Quirino, onde está hoje o túmulo do maestro Carlos Gomes.

DO CAFÉ AO SIRIUS.

Café e a cana de açúcar alavancam a economia campineira em seus primeiros anos, tendo a chaga da escravidão a lhe servir. Em 1854, com o café consolidado na região, Campinas abriga 117 fazendas que produzem 300 mil arrobas de café por ano.

O fim da escravidão e a chegada de imigrantes europeus marcam a mudança de mão de obra nas fazendas. Também chegam as ferrovias. A partir de 1870, o capital inglês investe em vários projetos desenvolvimentistas.

Emblemático, 1870 marca a estreia, no dia 19 de março, da ópera 'O Guarani' de Carlos Gomes no tradicional Teatro alla Scala, em Milão, na Itália. Lá como cá, sinfônica e economicamente, Campinas dá o tom do progresso.

A cidade aumenta sua população com pessoas de diferentes procedências, empregadas em plantações e em atividades produtivas rurais e urbanas. A instalação de um novo parque produtivo atrai cada vez mais gente para Campinas.

Entre 1930 e 1940, o município vivencia um novo momento histórico, marcado pela migração e pela multiplicação de bairros nas proximidades das fábricas, dos estabelecimentos e das grandes rodovias em implantação, como a Via Anhanguera, (1948), Bandeirantes (1979) e Santos Dumont (década de 1980).

Surgem novos bairros, a infraestrutura urbana melhora e a cidade duplica de tamanho com o fluxo migratório.

O acúmulo de capital da agricultura desenvolve o comércio e as finanças e o crescimento industrial.

Em 2018, a cidade ganha o acelerador de partículas Sirius, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, a maior e mais complexa infraestrutura científica construída no país.

Do café ao Sirius, como numa ópera do genial conterrâneo Nhô Tonico, Campinas dá o tom e a musicalidade na vida da nossa gente.

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