PATRIMÔNIO

São José do Barreiro promove festival gastronômico e homenageia João Rural

Também estão sendo lembrados o sociólogo e estudioso do tropeirismo, o silveirense Ocílio Ferraz, e a premiada culinarista Licéia Franklin de Oliveira, de Arapeí

Por João Carlos de Faria | 10/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para OVALE

Divulgação / Instituto Chão Caipira

João Rural, jornalista, culinarista e pesquisador da gastronomia caipira
João Rural, jornalista, culinarista e pesquisador da gastronomia caipira

O culinarista e pesquisador da cozinha caipira do Vale do Paraíba, João Evangelista de Faria, o João Rural, é um dos homenageados do 1º Festival Gastronômico de São José do Barreiro, que acontece até domingo (11) na cidade do Vale Histórico.

O município preserva um precioso patrimônio cultural e histórico que remonta a história do Brasil, desde o ciclo do café, além de seus atrativos naturais inseridos no Parque Nacional da Serra da Bocaina.

A homenagem acontece neste sábado (10), a partir das 12h, quando também será aberta a exposição “Chão Caipira”, uma mostra do acervo e das obras de João Rural, que por anos pesquisou a culinária da região, com ênfase na cozinha tropeira e nas receitas caipiras.

Na abertura do festival, durante o feriado de Corpus Christi, o homenageado foi o silveirense Ocílio Ferraz, outra referência regional, responsável pelo resgate da cultura e da comida tropeira.

No domingo, a homenageada será a Licéia Franklin de Oliveira, premiada culinarista que por anos manteve seu restaurante aos pés da serra da Bocaina, tendo sido destaque em reportagem do jornal norte-americano The New York Times.

Além dos homenageados, para o 1º Festival Gastronômico de São José do Barreiro os restaurantes locais criaram receitas exclusivas, destacando os sabores da Bocaina. Chefs famosos, como o francês Olivier Anquier, estarão presentes com suas receitas apresentadas em aulas-show.

MÚSICA

Como destaque musical, a presença do ex-músico do Sexteto do Jô, Derico Sciotti, que se apresenta às 14h30 deste sábado. Também a dupla formada por Álvaro Fusco e Henrique Bonna -- pesquisador da viola caipira e regente na Orquestra de Viola de São José do Barreiro --, o Trio Maroá, Quarteto em Pauta, Rafa Rodrigues e Serenata de Violas.

Na abertura do festival, o reconhecimento dos quilombos e a história através do alimento, marca da chef Aline Guedes em suas pesquisas na gastronomia, conectou o futuro com suas raízes ancestrais, na aula-show "História e Sabores da Bocaina", com o pirão de fubá de milho crioulo – sem agrotóxicos ou transgênicos –  preparado com dendê.

Já a farofa de içá foi o tema do bate-papo entre conhecedores do assunto no primeiro dia do Festival Gastronômico. Feita com a rainha da formiga saúva, a iguaria está entre os pratos típicos da culinária ancestral brasileira e do Vale do Paraíba.

Na roda de conversa, o chef Matheus Gontijo, convidado por Rogério Carvalho e Wilson Martins Filho, na homenagem prestada ao culinarista e pesquisador Ocílio Ferraz.

JOÃO RURAL

Para o historiador Francisco Dias de Andrade, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o trabalho de João Rural dá sequência ao do pesquisador Carlos Borges Schmidt (1908-1984), hoje pertencente ao Museu da Imagem e Som, na cidade de São Paulo, e que constitui o principal registro da vida rural da região na época imediatamente anterior à forte urbanização.

Nas palavras de Andrade, se hoje a região do Vale do Paraíba ocupa local de destaque no panorama cultural do estado, é porque João Rural “provou-se certo contra os vaticínios pessimistas que davam como morta a cultura do homem rural em nosso estado durante boa parte de sua jornada”.

Nascido em 1951, João Rural faleceu em junho de 2015. Sua vida foi dedicada à defesa, preservação, fortalecimento e divulgação da cultura caipira. Em 40 anos de pesquisa, reuniu um acervo de 300 horas de vídeos e filmes 8mm, 70 mil fotos e sete páginas estimadas em livros, jornais e revistas, além de programas de TV, sempre atuando como fotógrafo, redator, revisor, diretor e editor.

Uma de suas principais obras é o livro “Sabor dos Tempos de Tropeiros”, no qual discorre sobre a formação da gastronomia ligada ao tropeirismo, originada, segundo ele, com base na comida caipira, que por sua vez nasceu com a chegada dos europeus e dos negros que, juntamente com os indígenas, criaram boa parte dos pratos nacionais.

“Durante os séculos, muitas receitas foram modificadas, com a inclusão de novos ingredientes. Em muitos casos, o prato melhorou, mas, em outros, perdeu a tradição histórica”, cita o pesquisador.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.