Eu sempre coloco uma pitada de humor nos comentários que faço, mas hoje não tem nem piada, nem brincadeira.
Escolas de todo o país têm sido sacudidas por uma onda de “fake news”, de ameaças de violência, de supostos atentados que estão deixando pais, alunos, professores e boa parte da comunidade escolar fora do tom. A origem do pânico é claro: a violência real perpetrada contra escolas de São Paulo e de Santa Catarina semanas atrás. Violência sem justificativa, para a qual ainda buscamos explicação. O que veio depois virou uma onda de insegurança sem controle, que levou pais às portas das escolas e às redes sociais pedindo mais segurança, mais guardas armados nas escolas, mais câmeras, muros mais altos.
A reação oficial a isso foi rápida: o governo federal abriu um canal exclusivo para receber denúncias de ameaças e ataques às escolas; o governo do Estado acenou com mais policiais e segurança particular em escolas vulneráveis; as prefeituras, entre elas, diversas da região, reforçaram seus investimentos em segurança, rondas, câmeras, botão de pânico.
Nada disso conteve, até aqui, o tsunami de apreensão.
Políticos foram às redes e à tribuna disseminar o medo, escorados em casos reais, mas, em sua maioria, em puro “fake news”, enquanto secretários de Educação, diretores de escola e professores se desdobraram para acalmar pais, mães, avós. São polos opostos em uma mesma equação. Um deles oportunista e perverso. O outro, de muito trabalho e dedicação.
Fica a pergunta: a quem interessa disseminar o medo e o caos, tendo como foco as nossas escolas? Veja bem, é sempre possível –e necessário-- melhorar a segurança das escolas. E é sempre importante –e necessário-- que a comunidade cobre mais segurança nas escolas. E cobre escolas cada vez melhores. Mas muito do que os pais cobram diversas escolas já oferecem. Menos, é claro, barreiras contra a violência sem razão e sem sentido, como no caso dos ataques de São Paulo e de Santa Catarina, e barreiras contra as “fake news”. Criar barreiras contra isso, deixá-las do lado de fora da escola, não é dever só do Estado, mas, sim, é dever de todos nós. Se algo bom pode surgir disso tudo é que pais, mães, enfim, toda a comunidade, volte seus olhos para as escolas e para seus alunos, crianças e adolescentes. Cuidar deles, no dia-a-dia, é o que vai ajudar a resolver esse e outros problemas. Claro, ao lado de investimento em mais segurança, mais câmeras, mais rondas escolares, mais professores e psicólogos, tudo isso, sim, obrigações do poder público. Mas o caminho é cuidar das pessoas.
Tomara que essa onda insana termine sem mais incidentes violentos e que o caminho da escola volte a ser, senão suave, pelo menos mais pacífico.