Um passo para frente, dois passos para trás; dois passos para frente, um passo para trás. Esse tem sido ritmo do caminhar da Região Metropolitana do Vale do Paraíba desde a sua criação, em 2012, ainda no governo Geraldo Alckmin. Será que agora, com Tarcísio de Freitas, ela vai para algum lugar?
Essa é uma reflexão importante a ser feita frente à posse, dias atrás, de Sérgio Theodoro na chefia da Agemvale, a Agência Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, o “motor” da Região Metropolitana. Theo, como ele é conhecido, tem o desafio de fazer a RMVale funcionar para valer. Não vai ser fácil. A letargia tem sido a marca da RMVale desde o ato de sua criação, em janeiro de 2012, assinado pelo então governador Geraldo Alckmin (à época no PSDB; hoje no PSB, como vice-presidente da República) em cerimônia pública realizada no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão. Até agora, ela tem sido a “prima pobre” das Regiões Metropolitanas do Estado, bem atrás --em recursos, organização e projetos-- das Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista. De concreto, para o cidadão (que é o que, afinal, importa), desde a criação da RMVale, em janeiro de 2012, pouca coisa mudou: o DDD foi abolido entre as cidades da região e a EMTU passou a gerenciar o transporte intermunicipal. É bom? É, mas é pouco.
Em suas entrevistas, Theo tem dito que a meta da Agência é tirar do papel o projeto do “Cinturão Eletrônico”, um sistema de câmeras de segurança integrado, 24 horas por dia, que atenderia os 39 municípios do Vale do Paraíba e do Litoral Norte. Se conseguir, vai ser positivo. A expectativa é divulgar, em breve, o edital para selecionar a empresa responsável pelo fornecimento das câmeras e do sistema de segurança. É caso de desejar boa sorte na empreitada. Este seria um ganho real para o cidadão, em uma área que preocupa, e muito, toda a região –a segurança pública. Afinal, há mais de 12 anos, a RMVale é a região mais violenta do interior do Estado.
De quebra, o próprio governo do Estado, sob a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), busca dar mais dinamismo às Regiões Metropolitanas e, por isso, mudou as RMs de lugar: elas passaram a ser subordinadas à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, comandada por Marcelo Cardinale Branco (PSD). Em entrevista recente, o vice-governador Felício Ramuth (PSD) disse que a nova configuração das RMs tem potencial de gerar mais resultados práticos.
É o caso de aguardar e conferir. De fato, essa é uma oportunidade para mudar o ritmo da RMVale até aqui: um passo para frente, dois passos para trás; dois passos para frente, um passo para trás. Sem isso, a RM vai continuar a ser o que tem sido até aqui: uma conquista política estratégica para a região, mas que, na prática, não conseguiu ser mais que um penduricalho, uma sigla bonita (e cara) na estrutura já pesada do Estado.