CULTURA

Casal de São José lança documentário sobre negros em posições de destaque na sociedade

Por | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação/Servir
Produção tenta responder o que aconteceu com os que conseguiram sair da margem e se integrar à sociedade
Produção tenta responder o que aconteceu com os que conseguiram sair da margem e se integrar à sociedade

O casal Bruna Tau, videomaker e pedagoga, e Jorge Neri, produtor musical, de São José dos Campos (SP), lançarão em 3 de Fevereiro o minidocumentário Servir. Mais do que denunciar a desigualdade racial no Vale do Paraíba, antigo polo do café, que ainda mantém as antigas fazendas onde milhares trabalharam como escravos, a produção narra a trajetória daqueles que conseguiram deixar de servir aos patrões para alcançar lugares de maior relevância na pirâmide social, geralmente ocupados por brancos com boas condições financeiras.

Nas entrevistas, afrodescendentes e indígenas da região e de outros lugares contam suas trajetórias numa tentativa de responder a perguntas-chave como “por que tantos negros e indígenas estão na posição de servir? Eles estão fadados a isso?” e, principalmente, “o que aconteceu com os que conseguiram sair da margem e se integrar à sociedade?”.

Projeto-sonho

Beneficiado pelo Fundo Municipal de Cultura, da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo), de São José dos Campos, o projeto desconstrói argumentos a favor da meritocracia e da manutenção do privilégio branco, além de cavar as várias camadas da dívida histórica do país com seus indígenas e afrodescendentes.

Como tantos brasileiros, Jorge Neri, 39, é de origem indígena e africana. Ao crescer como o único negro rodeado de brancos, enquanto a maioria de seus amigos negros trabalhavam em profissões de servidão, Neri decidiu pôr em prática o antigo desejo de contar a história de pessoas como ele. “Não há problema nenhum em trabalhar servindo outras pessoas. Mas o padrão sempre foi tão nítido que me perguntava: será que sempre seremos a etnia da servidão? Precisamos entender, no nível pessoal, o que tem em comum na história dos pretos que romperam esse padrão. O jovem preto deve ter o direito de escolher o seu futuro".

“Desejo que esse documentário alcance crianças e jovens, principalmente das populações retratadas nas imagens. Que seja exibido nas escolas, em locais públicos não apenas no mês da Consciência Negra ou no Dia dos Povos Indígenas”, acrescentou.

Movida pelo mesmo ideal do companheiro, Bruna Tau, 37, coescreveu o roteiro. “Nestes 10 anos juntos, eu Bruna, mulher branca, privilegiada, hoje mãe de uma menina de nove anos, fruto deste relacionamento, pude, pouco a pouco, perceber as várias camadas de racismo arraigadas na sociedade. Como feminista caminhante ao lado deste homem preto-indígena, lancei-me na luta antirracista e de valorização e salvaguarda dos nossos povos originários. O caminho é longo e nos trouxe aqui para este projeto-sonho de Jorge, o minidocumentário ‘Servir’”.

“O nosso objetivo com o minidocumentário é que a mensagem chegue a todo canto e inspire jovens pretos- indígenas a se enxergarem ocupando outros espaços, qualquer lugar que eles queiram ocupar”, disse a videomaker.

O lançamento do filme está agendado para o dia 3 de Fevereiro, às 20h. Uma roda de conversa on-line antecederá a Première com os convidados entrevistados e tudo será  transmitido pelo YouTube. Quem quiser assistir ao documentário, poderá acessá-lo no canal www.youtube.com/@jorgeneri

Serviço
Minidocumentário Servir
Instagram: @ser_virfilme
Lançamento: 03/02/2023;
Exibição: 3 de fevereiro, às 20h30, pelo canal do Jorge Neri no YouTube
Roda de conversa com convidados: das 20h às 20h30
Direção: Jorge Neri
Roteiro e produção: Bruna Tau e Jorge Neri.

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