É uma no cravo, outra na ferradura: na semana passada, a Prefeitura de São José dos Campos foi multada pela Justiça em R$ 70 mil pela demolição irregular de casas no Jardim Nova Esperança; esta semana, o Tribunal de Justiça do Estado deu à prefeitura o direito de retirada imediata de famílias que ocupam parte da área do Parque Natural do Banhado.
E assim segue o baile, de soluço em soluço, mas sem solução ...
Desde sempre, a prefeitura e a comunidade do Nova Esperança travam uma queda-de-braço em torno da desocupação ou não da área do Banhado. A briga ganhou fôlego na gestão Felício Ramuth (PSD) e foi herdada por Anderson Farias (PSD). A estratégia é do “morde e assopra”: de um lado, o governo instala um posto da Guarda Civil Municipal no acesso ao Banhado e demole moradias que considera irregulares; de outro, oferece ajuda aos moradores que deixarem a área. Com a decisão do Tribunal, o “pacote de bondades” foi reeditado. A Defensoria Pública deve recorrer da decisão do TJ e é provável que tudo volte a ser como d’antes no quartel de Abrantes.
Essa tem sido a tônica dessa novela: um passo para frente, um passo para trás. De concreto, pouco ou nada muda. Se o governo quiser, de fato, resolver a questão, tem de mudar a estratégia.
A ocupação da área do Banhado tem mais de 80 anos, mas virou problema complicado com a chegada do tráfico de drogas e do crime àquela área. Duas forças poderosas, que exercem, pela violência e pelo medo, forte influência na comunidade do Nova Esperança e tiram o sossego dos moradores e comerciantes do centro. É contra elas que o poder público tem que atuar. De tudo o que se viu até aqui, infelizmente, os resultados têm sido tímidos. E continuarão a ser, se os personagens dessa novela não mudarem o enredo. Seria muito bom para São José se o tráfico e a criminalidade deixassem de fazer parte do cotidiano do Banhado e do centro. Já pensou como seria a Orla do Banhado com bares, restaurantes e novos pontos de comércio e de lazer? Esse cenário parece distante, mas ele é possível. Para isso, repito, é preciso construir consensos ao invés de insistir na atual política de enfrentamento --que, sejamos francos, pouco adiantou até aqui. A área é insalubre? Sim. As moradias são, em sua maioria, precárias? Sim. Mas a ocupação é antiga, de décadas, e parte dos moradores não quer sair de lá. Esses são elementos reais, com os quais é preciso trabalhar. Por isso, não tem remédio: construir consensos dá muito trabalho, pode não render prestígio político imediato ou votos, mas, se não for por aí vamos continuar a discutir o Banhado por anos, sem uma solução real à vista.
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Neste último artigo do ano, desejo a todos Feliz Natal e Feliz Ano Novo. Que 2023 traga a paz que todos desejamos.
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Cristovão Cursino 24/12/2022Bom dia. Concordo com o ponto de vista, mais diálogo e muito maus ação. No final do governo Pedro Ives, sob comando da ACI, a prefeitura constituiu uma força tarefa com 30 notáveis da comunidade para dar concessões e destino ao caso da ocupação das areas do banhado. A vila Esperança tem uma histórias Humana muito rica de relação com a comunidade. Na época foi feito um levantamento e 50% das famílias queriam ficar, eram oriundas do próprio local, com pequenos sitiantes que produziam hortaliças e coisas da roça e vendiam para manterem suas sobrevivência e criaram seus filhos. Outros 50% queriam ir embora mediante indenização e con quista de suas casas próprias, ( aqui tinha participação de membros da Aconvap e Crea) Até aqui tevemos um bom consenso, a comunidade tinha seus interlocutores. Com a participação da Univap foi feito o projeto de agrovilas para acomodação da nova vila esperança. Então foi elaborado o chamado ECOPARQUE DO BANHADO,uma área de 5milhoes de m2. Tive oportunidade de participar com observador das negociações entre a prefeitura e a família Martins, que se prontificavam a colaborar desde que pudessem aproveitar da areia que fossem retirada para construção do lago projeto. Tivemos excelentes contribuições: Ozires Embraer, Brandão Revap, Valter Melo do CREA, Univap, Câmara Municipal, Aconvap, Zé Renato da agência de propaganda e Marketing, membros do Prodesi. Bom, muita gente boa. Construir consenso e determinação na ação ou no próximo 30 anos alguém poderá dizer em um artigo sobre uma \" casa no meio do camjnho\" ou como disse o Mário Galvão em seu artigo sobre a \" cidade alta e cidade baixa\". Certo que como ontem, hoje tem condições e recursos para solucionar este que é o mais grave problema de ocupação urbana da cidade. Vamos lá, com um pouco de vontades vamos conseguir. A cidade de São José do futuro merece, uma hora com vista do por do sol do banhado que muitas gerações sonharam.