FORÇA-TAREFA

Seis suspeitos de matar delator do PCC são indiciados

Por Bruno Lucca | da Folhapress
| Tempo de leitura: 4 min
Paulo Pinto/Agência Brasil
Gritizbach foi assassinado em 8 de novembro em uma área de desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo
Gritizbach foi assassinado em 8 de novembro em uma área de desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo

A força-tarefa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo responsável por investigar o assassinato do corretor Antônio Vinícius Gritzbach, alvo de tiros em novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos, indiciou nesta terça (11) seis pessoas, incluindo três policiais militares.

O cabo Denis Antonio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues suspeitos de atirar no empresário. Já o tenente Fernando Genauro da Silva -que trabalhava na 1ª Companhia do 23º Batalhão da Polícia Militar, na capital paulista- é suspeito de dirigir o carro em que estavam os executores do crime.

As defesas dos PMs negam que eles tenham participado do crime.

Além dos agentes, já presos, outros três homens foram indiciados e seguem foragidos. São eles Emílio Carlos Gongorra Castilho, apontado como o mandante do homicídio, Diego do Amaral Coelho, que seria seu ajudante, e Kauê Amaral Coelho, sobrinho de Diego e suposto olheiro do grupo.

Castilho, também conhecido como Cigarreira, é um dos citados na delação que Gritzbach fechou com o Ministério Público. A investigação afirma que ele é ligado ao PCC e é suspeito de ter contratado policiais para assassinar o delator. Em fevereiro, ele foi alvo de uma operação da polícia, mas não foi encontrado. A mulher e um filho dele foram levados para prestar esclarecimentos.

Segundo a SSP, o inquérito policial sobre o homicídio será relatado e encaminhado ao Ministério Público e ao Judiciário ainda nesta semana. Paralelamente, as investigações terão desdobramentos com a abertura de um novo inquérito para apurar a participação de outros envolvidos, não diretamente no homicídio, mas na prestação de auxílio material e pessoal aos criminosos.

Gritizbach foi assassinado em 8 de novembro em uma área de desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Era um homem jurado de morte pelo crime. Ele chegou a ser preso por suspeita de envolvimento na morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue em 2021, mas negava os crimes.

O corretor de imóveis teria desaparecido com US$ 100 milhões (R$ 547 milhões) repassados por Cara Preta para que Gritzbach investisse o valor em criptomoedas. O dinheiro, no entanto, sumiu, e Cara Preta foi morto.

Tanto Castilho quanto Diego Amaral Coelho teriam participado do tribunal do crime de Gritzbach, em que o delator do PCC teve de dar explicações sobre o suposto sumiço de milhões de reais. O delator do PCC teria escapado da morte ao convencer o grupo de sua inocência.

A absolvição de Gritzbach no tribunal do crime teria irritado a cúpula do PCC e provocado a morte de dois integrantes da facção criminosa responsáveis pela decisão, Rafael Maeda e Claudio Marcos de Almeida.

Segundo a investigação, Castilho e Coelho teriam sido os responsáveis pela contratação dos policiais militares acusados de serem os autores do assassinato do delator.

Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em outubro do ano passado, Gritzbach teria acusado Castilho de ser o articulador do plano de apontá-lo como o mandante da morte de Cara Preta, assassinado no fim de dezembro de 2021 quando estava em um carro no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.

"O Cigarreira é o principal articulador por vingança da morte do amigo Anselmo, que o auxiliou a crescer no mundo do crime. E também por por ter perdido dinheiro e imóveis para Vinícius, que também poderia citar seu nome em possível delação que podia fazer", disse o delegado Rogério Barbosa em entrevista após a operação de fevereiro.

Castilho, segundo a polícia, negociava com traficantes cúpula do Comando Vermelho, que teriam dado apoio na fuga e esconderijo no complexo da Penha a Kauê -que, como olheiro no aeroporto, teria indicando o alvo aos atiradores.

OUTRA FRENTE DE INVESTIGAÇÃO

Em outra frente de apuração, a Justiça de São Paulo aceitou em fevereiro uma denúncia e tornou réus 12 investigados, sendo oito policiais, por suspeita de ligação com o PCC. Eles foram acusados pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública, como peculato e corrupção passiva.

Parte deles foi alvo delação premiada de Gritzbach, que, além denunciar o PCC, poucos dias antes de morrer havia dado um depoimento em que afirmava que era alvo de extorsão dos policiais.

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