MUITA DOR

Jovem brasileira arrecada R$ 83 mil em vaquinha para eutanásia

da Folhapress
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução/Carolina Arruda no Instagram
Carolina sofre há 11 anos com a neuralgia do trigêmeo
Carolina sofre há 11 anos com a neuralgia do trigêmeo

"Por uma despedida digna: ajude Carolina a alcançar paz", é o título da vaquinha online da mineira Carolina Arruda Leite, 27, que busca arrecadar R$ 150 mil para fazer eutanásia na instituição Dignitas, na Suíça.

Criada na segunda-feira (1º), a vaquinha já tem R$ 83 mil doados por 1.946 apoiadores.

Carolina sofre há 11 anos com a neuralgia do trigêmeo, uma doença rara que é conhecida por causar "a pior dor do mundo". Neste ano, começou a compartilhar sua rotina nas redes sociais. Em vídeos publicados no TikTok, ela filmou momentos como idas ao hospital, crises de dor, aplicações de morfina e canabidiol e, em abril, passou a discutir o suicídio assistido.

Em uma publicação, Carolina conta que já tentou suicídio duas vezes. "Quando estou em uma crise de dor muito forte, eu perco completamente a noção do que estou fazendo, só quero que aquilo acabe", diz.

A estudante de medicina veterinária afirma que a eutanásia foi a decisão que tomou para acabar com seu sofrimento de forma digna depois de "esgotar todas as opções médicas disponíveis e enfrentar uma dor insuportável diariamente".

Existem formas de encerrar a vida, principalmente quando associada a doenças limitantes ou terminais, disponíveis no mundo. Duas delas são a eutanásia e a morte assistida (ou suicídio assistido), que buscam provocar a morte sem sofrimento do paciente. A diferença é que, na primeira, os agentes de saúde aplicam os medicamentos e, na segunda, o próprio paciente.

No Brasil, as duas formas são proibidas e definidas pelo Código Penal como crime de homicídio.

A Suíça, onde fica a instituição Dignitas, é um dos poucos países que recebe estrangeiros para a realização do suicídio assistido --muitas vezes confundido com a eutanásia. Também foi o destino escolhido pelo cineasta francês Jean-Luc Godard, em 2022.

"Antes da neuralgia do trigêmeo dominar minha vida, eu era uma pessoa cheia de energia e com muitos sonhos. Sempre adorei ler, estudar e fazer atividade física. Eu queria seguir uma carreira que me permitisse ajudar os animais, algo pelo qual sou muito apaixonada. No entanto, a dor constante tirou de mim a capacidade de fazer essas coisas, transformando meus dias em uma luta contínua", escreve Carolina na plataforma Vakinha.

"Esta é uma decisão profundamente pessoal e dolorosa, mas acredito ser a melhor solução para acabar com o sofrimento interminável que enfrento diariamente. Sua contribuição [na vaquinha], por menor que seja, fará uma diferença imensa na minha vida, permitindo que eu tenha uma despedida tranquila e digna, livre da dor que me atormenta", afirma a jovem.

Segundo Carolina, viver com a dor crônica severa e incessante impactou todos os aspectos da sua vida, incluindo a saúde mental. "A dor é tão intensa que torna impossível realizar tarefas diárias simples, manter relacionamentos ou mesmo encontrar prazer em atividades que antes eram parte da minha rotina. Cada dia é uma batalha constante e exaustiva", relata.

Onde buscar ajuda
A recomendação dos psiquiatras é que a pessoa que pensa em suicídio busque um serviço médico disponível.

  • CVV (Centro de Valorização da Vida)

Voluntários atendem ligações gratuitas 24h por dia no número 188, por chat, via email ou diretamente em um posto de atendimento físico.

  • NPV (Núcleo de Prevenção à Violência)

Os NPVs são constituídos por ao menos quatro profissionais dentro das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e de outros equipamentos da rede municipal. Para acolher e resguardar as vítimas, os núcleos atuam em parceria com o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho Tutelar, a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.

  • Pronto-Socorro Psiquiátrico

Ideação suicida é emergência médica. Caso pense em tirar a própria vida, procure um hospital psiquiátrico e verifique se ele tem pronto-socorro. Na cidade de São Paulo, há opções como o Pronto Socorro Municipal Prof. João Catarin Mezomo, o Caism (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental) e o Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya.

  • Mapa da Saúde Mental

O site, do Instituto Vita Alere, mapeia serviços públicos de saúde mental disponíveis em todo território nacional, além de serviços de acolhimento e atendimento gratuitos, além de ações voluntárias realizadas por ONGs e instituições filantrópicas, entre outros. Também oferece cartilhas com orientações em saúde mental.

Comentários

2 Comentários

  • Lulindo 09/07/2024
    Ao invés de usar o dinheiro para morrer, usar por uma solução em vida. Esses dias vi um vídeo sobre um rapaz com o mesmo problema mas que conseguiu as cirurgias e resolveu fazendo com que a dor sumisse gradativamente. Se não conseguir aqui, que consiga internacionalmente como o rapaz fez.
  • Katia Fole 05/07/2024
    Minha falecida avó teve isso e parava em qqr lugar e babava de dor... foi no hospital das Clínicas em SP que tiraram umas glândulas e tb desligaram o nervo que dava choque e ela voltou ao normal. Penso que ainda há chances dessa moça ter uma vida normal.