POTÊNCIA ECONÔMICA

“Demonizar o agro é a maior besteira”, diz secretário de Tarcísio

Guilherme Piai Filizzola, secretário de Agricultura e Abastecimento, transferiu seu gabinete para Ribeirão Preto durante a Agrishow e concedeu entrevista exclusiva à rede Sampi.

Por Flávio Paradella | 05/05/2024 | Tempo de leitura: 5 min
Editor da Sampi

Divulgação/Secom

Guilherme Piai Filizzola durante a Agrishow: força do agro impulsiona economia paulista
Guilherme Piai Filizzola durante a Agrishow: força do agro impulsiona economia paulista

Dados apresentados pela Fundação Seade apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio no estado de São Paulo teve um crescimento de 11,4% no acumulado do primeiro bimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa expansão significativa foi acompanhada por aumentos nos setores da indústria e serviços, com altas de 3,7% e 2,6%, respectivamente.

A discrepância no avanço do setor agrícola do estado é notável, uma vez que esse segmento corresponde a quase 40% do PIB estadual. São Paulo, sendo a unidade federativa mais desenvolvida do país e um polo industrial, tecnológico e de serviços, vê o setor agrícola liderar o crescimento econômico, destacando-se como o principal impulsionador dos números do estado e do país.

A força do agronegócio foi mais uma vez evidenciada nesta semana com a realização de uma das maiores feiras agrícolas do mundo e a maior feira agropecuária do Brasil, a Agrishow, em Ribeirão Preto. Em sua 29ª edição, o evento alcançou R$ 13,6 bilhões em negócios na edição de 2024, um crescimento de 2,4% na comparação com o ano anterior.

A Agrishow reuniu uma ampla gama de soluções para diversas culturas, safras, máquinas e tamanhos de propriedades. Além disso, é reconhecida como o principal palco para o lançamento de tendências e inovações no agronegócio.

A feira é tão importante que contou com a presença ‘in loco’ durante todos os dias de evento do Secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai Filizzola. O responsável pela pasta no Governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) despachou diretamente da Agrishow e enalteceu a importância de São Paulo poder sediar o encontro que reúne mais de 200 mil pessoas.

“É o maior do mundo (evento) no agronegócio com uma movimentação de bilhões de reais promovendo geração de renda, divisa, networking e capacitação. Além disso, movimentando o turismo aqui da região e São Paulo anunciando pacotes recordes de recursos para o setor”, disse o secretário, em entrevista exclusiva à Rede Sampi, direto da Agrishow, em Ribeirão Preto.

Um destes pacotes foi o aporte de R$ 500 milhões através do Fundo de Investimentos de Cadeias Agroindustriais (Fiagro). Esse investimento visa fornecer suporte financeiro crucial aos produtores rurais, impulsionando o desenvolvimento do setor.

Os recursos não se limitam apenas à infraestrutura básica, como irrigação e construção de silos. Eles também podem ser direcionados para investimentos em tecnologias de ponta, como placas de energia solar, sensores remotos, drones e máquinas agrícolas. Além disso, o Fiagro oferece operações de crédito, ampliando ainda mais as oportunidades para os agricultores paulistas.

Para a Secretaria de Agricultura, o Fiagro representa muito mais do que apenas um instrumento de financiamento. É uma ferramenta estratégica para impulsionar o setor agrícola, gerando empregos, aumentando a renda e garantindo a segurança alimentar.

Crescimento de áreas preservadas
O secretário Guilherme Piai destaca a aliança entre o desenvolvimento agrário e a preservação do meio-ambiente. “Todo produtor preserva. Para ele é interessante preservar para ter crédito aprovado, para conseguir vender a propriedade e transferir a matrícula da propriedade. E hoje todos entendem que as exigências internacionais não param de aumentar”, afirmou o secretário.

Sobre o assunto, o governo do estado ressalta que os números do Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro público eletrônico nacional, obrigatório a todos os proprietários de imóveis rurais, descartam a ocorrência de desmatamento em São Paulo. “Nossa área preservada não para de aumentar. Além do 25% que nós já temos, há uma meta para o reflorestamento de 800 mil hectares”, pontuou Guilherme Piai Filizzola.

Outro ponto destacado pelo secretário de Agricultura e Abastecimento é a diversificação das culturas estaduais. Uma rápida pesquisa mostra esse panorama nas diferentes áreas de São Paulo.

A Região Metropolitana de Campinas se destaca pela produção de figo-roxo, uva, flores e cana-de-açúcar. A regional de Piracicaba tem também a cana-de-açúcar e a laranja. Franca é considerada a capital do café, onde a abundância da “terra roxa” possibilita a produção de café de boa qualidade.

O saldo da balança comercial do agronegócio registrou um superávit de US$20,16 bilhões no acumulado até fevereiro de 2024, um aumento de 18,3% em comparação com o mesmo período de 2023.

“O estado de São Paulo tem o maior valor bruto de produção por hectare e ao mesmo tempo é o estado com a maior diversificação de culturas. O que nos faz forte pois a gente não está com pé em somente uma canoa. Em um momento de seca, no qual os grãos foram os mais afetados, São Paulo continua quebrando recordes na balança comercial”, analisou o secretário.

No entanto, uma “canoa” específica tem uma posição mais destacada. O setor sucroalcooleiro bateu recorde na balança comercial do agronegócio paulista em 2023, com superávit de US$ 23,34 bilhões, sendo 11,8% superior na comparação com o ano de 2022, de acordo com os dados consolidados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão da SAA.

"Estamos no caminho correto"
Além da importância para as exportações do agro paulista, o setor posiciona São Paulo na liderança nacional da transição energética com foco na descarbonização, afinal os resíduos da cana-de-açúcar possuem o maior potencial de geração de biocombustíveis,

Com todo este cenário, o secretário Guilherme Piai Filizzola acredita que o país tem uma dívida com o agricultor e critica movimentos que ‘demonizam o agronegócio’. “Demonizar o agro, o homem e a mulher do campo, é a maior besteira que alguém pode fazer. Porque é o nosso potencial econômico. A gente tem clima, solo e temperatura para liderarmos os processos de segurança alimentar e transição energética. Nós estamos no caminho correto”, enfatizou o secretário estadual.

4 COMENTÁRIOS

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  • Darsio
    06/05/2024
    Não se trata de generalizar, pois existem muitos produtores que buscam produzir numa perspectiva sustentável e, sabem muito bem que isso é fundamental para que seus produtos tenham acesso a mercados externos, sobretudo, na Europa. Mas, não sejamos ignorantes, pois é sim o agronegócio o maior responsável pelos desmatamentos em áreas de cerrado e de florestas. E, não são poucos os produtores que negam o aquecimento global, mesmo já sentindo os seus efeitos, como temperaturas extremas, falta de chuvas e secamento de rios e nascentes. Pesquisa do INPE, publicado na revista da FAPESP e, com base em registros de temperatura, de pluviosidade e de evapotranspiração dos últimos trinta anos, comprovam que o clima em grande parte do Brasil está mais seco e, isso se deve aos desmatamentos e da relação dos mesmos com o aquecimento global, segundo os estudos. Aliás, onde estão as áreas de conservação citadas pelo secretário, pois se olharmos para a realidade da nossa região tudo que se observa são plantações de café e de cana. . Para a própria sobrevivência da agropecuária, é fundamental que essas práticas de devastação ambiental tenham fim.
  • Tiago
    06/05/2024
    Como demonizar aquilo que coloca comida acessível na sua mesa? Esse negócio de ser contra o agro é a maior estupidez que uma pessoa pode acatar. Não gosta do agro? A outra opção é não ter comida para a maioria das pessoas. E aí?
  • GG
    05/05/2024
    Em Goias, estão destruindo o Cerrado... indo pra Caldas Novas, acabou o cerrado que víamos pela estrada... agora só vemos plantações de soja, sorgo e girassol. Indo pra Pirinopolis só muda a cultura, mas o cenário é devastador. Depois não reclamem da poeira e calor!
  • ADRIANO APARECIDO SANTANA DE ANDRADE
    05/05/2024
    O governo Tarciso é a favor da escravidão dos trabalhadores e se associa com grupos bilionários para impor sua agenda de destruição dos direitos trabalhistas, previdenciários e dos serviços públicos. Pior governador que São Paulo já teve.