OPINIÃO

Tornozeleira contra o feminicídio

É inadmissível que em pleno século 21, tantas mulheres continuem sendo agredidas, violentadas e assassinadas em nosso Estado. Leia mais no artigo de Rafa Zimbaldi

Por Rafa Zimbaldi | 05/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Especial para a rede Sampi

Reprodução

O assassinato de Fabiana, de 43 anos, no Jardim Santo Antonio, em Campinas, foi o 11º caso de feminicídio ocorrido na nossa cidade, dos 25 registrados entre 2022 e 2023. Um crime com requintes de crueldade, cometido por seu ex-marido.

Milhares de Fabianas são assassinadas todos os anos no Brasil e em São Paulo. Os casos de feminicídio são o extremo da violência contra a mulher e os assassinos, em boa parte dos casos, são inimigos íntimos que, muitas vezes, estão proibidos pela Justiça de se aproximarem de suas companheiras.

Mas o fato é que as medidas restritivas nem sempre inibem os agressores. Resultado: casos e mais casos de mulheres assassinadas, todos os anos. Em Campinas, terceira cidade mais populosa do Estado, a violência contra a mulher resultou em 749 denúncias só este ano.

Os números assustam. Em todo o Estado, pelo menos uma mulher é morta a cada 27 horas. Entre as mulheres assassinadas neste ano, 93% sofriam com histórico de violência doméstica. Esses dados reforçam a necessidade urgente do Poder Público agir de forma mais eficaz contra esse tipo  de crime.

A tornozeleira eletrônica para agressores submetidos a medida restritiva é a proposta do governador Tarcísio de Freitas para inibir essa violência contra a mulher. O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite, me garantiu, em reunião que tivemos na ALESP, que vai colocar em prática a medida.

Em breve, os agressores que cumprem medida protetiva serão obrigados pela Justiça a usar o dispositivo para que, dessa forma, respeitem a decisão judicial de distanciamento de suas vítimas. Já me comprometi com o secretário Derrite a reforçar o apoio de todos os parlamentares à iniciativa do governo paulista.

Ao todo, 25 mulheres foram assassinadas no mês passado em São Paulo, o maior número para o mês de fevereiro desde o início da série histórica, em 2018, de acordo com dados da SSP. Só em janeiro, foram 18 feminicídios.

Num tempo em que vivemos essa curva crescente nos casos de feminicídio, aqui no Estado, a iniciativa do Governo Tarcísio, sem dúvidas, irá salvar a vida de milhares de mulheres. Mas é preciso ir além.

As mulheres precisam contar também com uma rede de apoio, inclusive da família. Quando a mulher encontra na família um apoio, ela se vê mais forte e se sente mais segura para denunciar o agressor à Polícia. Um estudo desenvolvido na Unicamp ilustra bem isso.

De acordo com a pesquisa desenvolvida pela Dra. Monica Caicedo-Roa, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da universidade, dois perfis estão ligados a vítimas de feminicídio: mulheres que, nos 30 dias anteriores ao crime, sofreram algum tipo de agressão física, e mulheres de outros estados que estão distantes da estrutura de apoio formada pela família e amigos.

É inadmissível que em pleno século 21, tantas mulheres continuem sendo agredidas, violentadas e assassinadas em nosso Estado. A luta para dar fim à violência contra a mulher é de todos nós. Ela precisa envolver o Poder Público, a família e todos os setores da sociedade. Uma verdadeira rede de apoio que encoraje a mulher a quebrar o silêncio e denunciar seus agressores. Vou seguir fazendo a minha parte em defesa da vida das mulheres, em São Paulo e em Campinas.


Rafa Zimbaldi (Cidadania) é deputado estadual pelo segundo mandato. Foi vereador por quatro mandatos em Campinas e foi reeleito presidente da Câmara Municipal.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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