
A família atingida pelo spray de pimenta durante a missa na Catedral de Jundiaí, na noite de domingo (22), conversou com exclusividade com o Jornal de Jundiaí e relatou os momentos de pânico vividos durante a celebração. O pai da criança de dois anos, que também foi atingido, descreveu o episódio como traumático e reforçou que eles apenas estavam ali para professar a fé e educar a filha nos valores cristãos.
“Sentamos no último banco justamente para não incomodar ninguém. Somos católicos praticantes, e ela estava quieta, brincando perto de nós. Nunca deixamos nossa filha solta na igreja”, afirma o pai ainda abalado.
O episódio começou quando a criança caminhou até uma imagem sacra dentro da igreja, acompanhada de perto pela mãe. Nesse momento, a mulher que mais tarde lançaria o spray de pimenta olhou para a menina e, segundo relatos, apontou o dedo em seu rosto, dizendo: “Onde pode se ver isso?”. Em seguida, respondeu à mulher, afirmando que a filha já era corrigida pelos pais e que não precisava ser tratada daquela forma. Foi então que ouviu do homem que acompanhava a agressora: “Se quiser isso, leva para um parque de diversão. Não me atrapalhe rezando”. Surpresa com a atitude, a mãe pegou a filha no colo e a levou de volta ao banco. Lá, contou ao marido o que havia acabado de acontecer. Indignado, o pai reagiu, dizendo que aquela abordagem era inaceitável.
O pai da criança conta que durante a comunhão, a mulher responsável pelo ataque optou por entrar na fila mais próxima da família – embora houvesse outras opções – e, em seguida, lançou o spray em direção à criança, atingindo também o pai e outras pessoas ao redor.
O pai tentou questionar a mulher, preocupado com a possibilidade de a substância ser venenosa. A resposta foi nova agressão. “Ela jogou muito mais forte em mim, nos olhos. O marido dela afirmou que não faria nada. Ela espirrou o spray mais três vezes”, relatou. Com os olhos ardendo e a visão comprometida, ele caiu ao chão diante da filha, que chorava assustada com a situação.
A criança, atingida nos olhos e na boca, começou a vomitar ainda dentro da igreja. O casal foi rapidamente levado ao Hospital Unimed de Jundiaí – o pai ao Pronto Atendimento Adulto e a filha ao Infantil. Eles ficaram aproximadamente de uma hora em atendimento médico.
“Na hora, esfreguei o rosto no desespero, então os sinais ficaram mais aparentes por isso. Agora a vermelhidão já passou, mas o trauma permanece”, diz. Segundo ele, a filha tossiu muito durante a madrugada, ficou bastante assustada e chorava ao lembrar do ocorrido.
Mesmo abalados, a família reforçou que permanece firme na fé. “Continuamos a apoiar a igreja. A Catedral entrou em contato conosco, está dando suporte, e isso é importante. Só queremos que a justiça seja feita e que outras famílias não passem por isso”.
O advogado da família, Valter Francisco Lopes Rojas, confirma que já houve representação ao Ministério Público. “As vítimas já representaram criminalmente. Também será pleiteada indenização por danos materiais e morais. Caso necessário, ingressaremos com ação cível”, informa.