OPINIÃO

Deixe um cavalo olhar para o seu coração


| Tempo de leitura: 3 min

Devo confessar que não estava em uma posição muito confortável, com rostos alongados de dois animais de quatrocentos quilos cada um, cada qual com um par de olhos grandes e escuros mirando dentro dos meus, a uns quinze centímetros de distância da minha face.

Nunca me senti totalmente à vontade perto de cavalos. Não chega a ser uma fobia, talvez algo com o fato de serem grandes, fortes e não totalmente domesticados deixava-me mais confortável havendo uma cerca e certa distância entre eles e eu.

Superei isso depois que conheci o Rubens, amigo e “constelador”, habilitado na análise de um campo energético que eu, particularmente, creio ser irradiado pelo coração do indivíduo e responsável por sentimentos de pertencimento e ordem familiar. Creio inclusive que na medicina chinesa este campo já fora descrito em uma rede de meridianos exclusivos do coração.

O diferencial do amigo é que ele desenvolve sua análise através de seus “colegas de trabalho”, os cavalos. Já havia me impressionado com a dinâmica de uma constelação com representantes humanos, mas vê-la com seres que não mentem e nem simulam emoções, eleva a sensação de impacto a outro nível.

Nesta ocasião que descrevo agora, estávamos com dois animais analisando algo que me afligia muito: minha mãe se encontrava gravemente enferma por uma doença circulatória que já havia se manifestado em muitos da nossa linhagem. Apesar dos meus esforços como médico, os resultados não eram satisfatórios e queria saber se havia algo mais que eu pudesse fazer.

Depois que entrei no cercado e expus minha questão, alimentando de informação o campo que ali se representa, os cavalos andavam de um lado para outro, como que procurando por algo. Estavam inquietos, olhando para dentro e para fora do espaço delimitado pela cerca.

- “Parece que você está deixando alguém mexer com o seu coração” - disse o encantador de cavalos, ao observá-los. Eu mesmo diria que estava dando acesso ao meu sistema cardíaco, de forma inadvertida e perigosa, a alguém que não deveria “estar” por lá.

- “Você sabe quem é? Pode nos dizer?” – completou ele. Quase que imediatamente os dois animais se juntaram e ficaram parados na posição atenta descrita no início do texto, para meu assombro e desconforto.

- “Fulano! “- claro, fazia todo o sentido.

Dito o nome que os cavalos “procuravam”, se viraram e afastaram-se de mim, em direção a uma abertura que havia no cercado que dava para a “sala” de atendimento do Rubens. De maneira inusitada, os cavalos acharam um caminho e, pela sala, saíram na direção do pátio e das coxias.

“- Eles estão levando para longe alguém que estava em um lugar que não pediu para estar, onde você tentava resolver problemas que não são verdadeiramente da sua alçada” – concluiu meu amigo que, naquele momento, era a voz dos meus terapeutas equinos.

Mesmo sem conseguir explicar isso bem, me senti aliviado após o processo. Não o descreveria como milagroso ou paranormal, ainda que seja possível imbuir-lhe estes adjetivos. Para mim foi uma manipulação energética feita por consciências ligadas diretamente à natureza movimentando minha energia do sistema cardíaco na direção do entendimento e, por que não dizer, da cura.

Espero que meu relato os anime a cuidar do próprio coração. Talvez até com o auxílio de um cavalo.


Alexandre Martin é médico, especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

Comentários

3 Comentários

  • Jose Antonio Bergamo 18/04/2025
    Este artigo nos incentiva a cuidarmos do nosso coração - Obrigado!
  • Fatima 18/04/2025
    Dr Alexandre, muito obrigada por sempre nos trazer conhecimento e ensinamentos para podemos ficar mais conectado com nossa matriz divina, termos certeza que somos conectados com todos e com a natureza, precisamos ver e ouvir nosso coração ??. Gratidão ????
  • Fabiane Samblas 18/04/2025
    Maravilhoso seu relato. Me faz refletir aqui também! Parabéns!