OPINIÃO

Sobe a Jerusalém


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Ao iniciar esta crônica me vem a música: “Sobe a Jerusalém, Virgem oferente sem igual/ Vai apresenta ao Pai, teu Menino: Luz que chegou no Natal/ E, junto à sua cruz, quando Deus morrer, fica de pé/ Sim, Ele te salvou, mas O ofereceste por nós com toda fé. / Nós vamos renovar este sacrifício de Jesus/ Morte e ressurreição, vida que brotou de Sua oferta na cruz/ Mãe, vem nos ensinar a fazer da vida uma oblação/ Culto agradável a Deus é fazer a oferta do próprio coração.”

Na última segunda-feira, subimos da sede da Pastoral da Mulher/ Magdala a Jerusalém do centro da cidade, com as estações das Via-Sacra, conduzidos por nossos queridos Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, Bispo Diocesano, e Padre Márcio Felipe de Souza Alves, Assessor Espiritual das Pastoral e da entidade. Caminhamos todos, integrantes daquela pequena comunidade e os comprometidos com a Cruz, para testemunhar nossa fé no Ressuscitado, que nos traz luz em um mundo de trevas.

Antes, na sexta-feira, dia 11, na Missa em Ação de Graças pelo aniversário natalício de Dom Arnaldo, em sua homilia enfatizou a questão da fidelidade a Deus. Fidelidade em que ele é extravagante, pois transborda amor sagrado a todos os seres humanos que vivem a liberdade de ser em suas escolhas, acertos e enganos. Não busca no próximo a sua imagem e semelhança, mas o rosto de Deus, nítido ou borrado.

No domingo, na Missa, ouvimos do Padre Márcio Felipe, que é da intimidade com o Céu, que Jesus, em direção ao Calvário, seguiu um caminho diferente daquele que desejávamos para Ele, que seria o do poder e da glória. Escolheu o da humildade, dando-nos o exemplo, morrendo na Cruz. Consideramos que nos bastamos a nós mesmos, buscando o comando e a celebridade, oposto dEle que Se humilhou, convidando-nos a fazer igual.

Conosco subiram, em direção ao Monte Calvário, pessoas humilhadas e golpeadas em sua história pela miséria, pela falta de acesso à dignidade, pela fome, pelas celas como abatedouro, pela violência sexual infantojuvenil, pelas drogas lícitas e ilícitas, pela agressividade, pelos olhares que destroem...

A cada Estação refletíamos sobre as nossas quedas, a nossa falta de compromisso com a partilha e a humildade, os nossos julgamentos e preconceitos. Refletíamos e rezávamos com o salmista de voz com poesia, Marcos Pípoli, dentre outras músicas: “A Deus eu entreguei/ o barco do meu ser e entrei no mar afora; pra longe eu naveguei, / não vejo mais o cais, só Deus e eu agora”. Todos os lugares onde a Estação aconteceu foram significativos para algumas ou alguns. Pontos com feridas abertas ou cicatrizes de dor.

Da Cruz chegamos ao horto próximo a Jerusalém, onde o sepulcro se encontrava vazio. Jesus ressuscitou. Estava conosco no percurso, acalmando as chagas abertas com uma gota de Seu sangue. E veio a música: “Ele é sempre mais que um convidado/ se põe à mesa, nutrindo a vida. / Olha os corações e põe de lado toda a aparência, cura a ferida. / Ela muito amou, tem a minha paz, / Vai seguir caminho sem temor! / Sabe quem eu sou e será capaz/ De espalhar, na terra, o meu amor!”.

Gratidão a Dom Arnaldo e ao Padre Márcio Felipe por nos oferecerem a experiência de Jerusalém.

Gratidão à Unidade de Gestão de Mobilidade e Transporte por organizar o itinerário.

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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