Notícias como essa da Igreja do Ouro em Salvador, que teve o desabamento com uma morte no último dia 5 de fevereiro, parecem que irão entrar na rotina dos noticiários, principalmente pela frequência com que esses episódios se repetirão nos próximos anos se não houverem providências, as mais diversas, que impeçam essas tragédias.
O Bem em questão é um ícone da arquitetura sacra barroca brasileira, e se nem com esse valor teve a consideração de conservação merecida, imagine outros 400 na lista de bens tombados em Salvador em uma situação próxima à da ruína. Não demora muito, no dia 13 de fevereiro, outra igreja é interditada pela defesa civil e IPHAN com risco de desabamento: a de Nossa Senhora de Boa Viagem, também em Salvador.
Com orçamento deficitário, o Ministério da Cultura não tem fôlego para restaurar e conservar os bens culturais tombados no país. Bens com urgência de intervenção, se não existem recursos públicos, precisam ser alocados com parcerias da iniciativa privada.
O motivo da tragédia na Igreja do Ouro veio logo à tona: os cupins! Esses terríveis insetos que tem um nome esquisito, Cryptotermes brevis, e que consomem madeiras até ruírem, num país tropical como o nosso são ignorados pela maioria das pessoas que usam e cuidam de bens tombados. Não conhecem nem identificam, como declarou o vigário da igreja que ruiu o teto, apesar de pedir o socorro para o IPHAN, mas foi tarde demais.
As alegações de não perceberem que tem cupim são complicadas porque os resíduos deles, aquelas bolinhas de coloração clara, são visíveis e são certificações de que estão presentes. Aí é a hora de tomarem providências. Não pode varrer para fora!
Assim, não basta dizer que tem que chamar especialista. Tem que atuar, tomar as devidas providências! Pedir instruções e aplicar com ações para se livrarem deles!
Na FEPASA, as madeiras não ruíram por isso. Foram por outros motivos e nem houve nenhuma vítima.
E não foi ontem que aconteceu. Vem sendo consumida há décadas de descaso, e as vítimas fomos todos nós que estamos perdendo esse patrimônio ferroviário.
Aqui temos cupins em bens culturais que tem sua importância, por serem singelos como as casas pequenas nas ruas em volta da FEPASA e, com exceção do Museu de Jundiaí, que tem um plano regular de controle, as igrejas estão bem cuidadas e o Politeama continua sem cupins.
A Pinacoteca não; está com cupim e, que eu saiba, na gestão anterior nada foi feito, quando na verdade deveria ser feita a descupinização e manutenção com acompanhamento anual.
Importante comunicar a quem de direito para que faça sua conservação, o Estado de São Paulo, o CONDEPHAT, a FDE ou a Secretaria da Cultura de Jundiaí, que certamente tomará as medidas necessárias para verificar o “estado de arte” daquele importante Bem Cultural.
Eduardo Carlos Pereira é arquiteto e urbanista (edupereiradesign@gmail.com)