Nós nos iludimos e gostamos de ser enganados. A cada novo ano, reabastecemos nossa cota de esperança e acreditamos que o mundo será melhor. Há motivos para tanto. Por exemplo: quem nascer em 2025, terá uma expectativa de vida média de 76,8 anos. Para um Brasil em que há trinta anos a média de vida seria 40 anos, houve um progresso.
Outra perspectiva que pode ser encarada como positiva: haverá menos irmãos com os quais dividir o carinho e atenção dos pais. A regra “crescei e multiplicai-vos” já foi muito seguida e hoje o mundo, com seus mais de oito bilhões, rumo a dez nos próximos cinco anos, pede cautela. Povoar para passar fome? Não foi para esse destino que fomos criados.
A queda no número de nascimentos é evidente: no ano 2000, nasciam 3,6 milhões de crianças. Em 2025, nascerão cerca de 2,4 milhões. E em 2070, só nascerão um milhão e meio delas.
Em lugar de irmãos e primos, crianças e jovens terão mais avós e tios-avós. Personagens que hoje perderam seu espaço e o prestígio que tinham nas antigas famílias patriarcais.
Isso porque haverá mais idosos no mundo. A longevidade garante aos que têm dinheiro ou condições de pagar planos eficientes de saúde, passarem ao largo ou administrarem as comorbidades que cuidarão de abrir espaço para novas existências, levando as mais antigas para o etéreo.
Será que o maior número de pessoas velhas fará com que a juventude respeite mais a velhice? Haverá juízo para detectar uma realidade inafastável: ou você aceita ficar velho, ou a alternativa não é boa: você morre moço!
O tema terrível é o das emergências climáticas. Elas serão mais frequentes e mais violentas. Será que a humanidade terá juízo para cuidar disso com seriedade? As cidades precisam ser adaptadas para não perder vidas em virtude dos fenômenos inclementes como precipitações pluviométricas intensas, mas também para a insuportável elevação da temperatura.
Tais dados devem motivar todas as pessoas, a partir dos prefeitos dos 5.570 municípios brasileiros, para que lutem a favor da redução da miséria e das desigualdades sociais. Não é possível convivermos com os moradores de rua, com a violência que ceifa vidas jovens, com a desenvoltura com que o crime, cada vez mais sofisticadamente organizado, atua e se infiltra em todos os meandros da vida nacional.
Para aqueles que gostam de feriado, a não ser na capital do Estado, que completará 471 anos no dia 25, janeiro não terá feriados. Nem fevereiro. O Carnaval será em março: dia 3, segunda-feira e dia 4 terça-feira, com o meio-expediente da quarta de cinzas, dia 5.
Em abril, dia 18 será a Sexta-feira Santa e dia 21 segunda-feira. Aquela sequência “esticada”, como alguns gostam. Em maio, dia primeiro será quinta-feira. Enforcarão a sexta, dia 2?
Junho: Corpus Christi dia 15. Depois, o 7 de setembro cai num domingo. Também 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil é domingo. Dia 28, dia do servidor público, é terça-feira, mas é mero ponto facultativo. Outro domingo é dia 2 de novembro, Finados. E a proclamação da República será num sábado, dia 15. Para compensar, dia 20, dia nacional de Zumbi e da Consciência Negra será numa quinta-feira.
Dezembro: facultativo na véspera, 24, quarta-feira e natal na quinta. Outro facultativo na quarta, 31. E assim caminha a humanidade.
Um 2025 de saúde, alegria e muito trabalho para todos.
José Renato Nalini é reitor, docente de pós-graduação e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo (jose-nalini@uol.com.br)