OPINIÃO

Neurociência e seleção de talentos: tudo a ver!


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Acredito que seja a primeira vez que trago para essa coluna um assunto relacionado à minha outra – e mais predominante – área de atuação profissional.

Para quem ainda não sabe, atuo também na iniciativa privada à frente da área de gestão de pessoas, isso há quase duas décadas.

O que vocês talvez ainda se lembrem é que atualmente aprofundo estudos em Neurociência, que é a ciência do cérebro, cuja forma correta de referir é encéfalo, já que o cérebro em si é uma parte, fundamental é verdade, mas apenas parte, de todo o sistema nervoso e suas diversas interações responsáveis por, basicamente no manter vivos e em atividade.

Eu pertenço a uma escola pioneira no Brasil que pretende, não popularizar a Neurociência, porque isso não seria possível, já que estamos falando do mais complexo sistema do corpo humano. Mas descomplicá-la e torná-la passível de ser adotada na prática, sim, é.

E nesse texto eu conto pra vocês de que forma a Neurociência aplicada ajudou-me a criar e tangibilizar uma metodologia própria de recrutamento e seleção de talentos que elevou historicamente o patamar de qualificação profissional da cia onde atuo.

Talvez você, leitora, leitor, já tenha se deparado com isso em sua vida profissional: como tornar a cultura de uma empresa algo que não esteja apenas em lindos quadrinhos pendurados pelas paredes nos ambientes mas, sim, refletida no dia a dia do trabalho das pessoas?

E como contratar talentos que sejam e estejam alinhados ao seu fit cultural?

De cara, uma forma de fazer isso foi mapear as habilidades emocionais necessárias e essenciais em pessoas candidatas às vagas, como pré-requisitos mandatórios e criar um método onde elas demonstrariam possuí-las, sem no entanto usar de técnicas hoje muito questionáveis, como aquelas terríveis – e absolutamente dispensáveis a meu ver – dinâmicas de grupos que geralmente expõem pessoas a situações muito desagradáveis e vexatórias. E nelas se sobressaem apenas os extrovertidos.

E isso a Neurociência também me ensinou, Heurística e vieses cognitivos. Quem foi que disse que uma pessoa introvertida não é um talento?

Através da adoção de metodologia exclusiva no momento da seleção, a Neurociência ensinou-me a treinar muito mais e melhor a leitura corporal, agora com menos vieses cognitivos e senso de julgamento. Quando as pessoas são adequadamente provocadas, ainda que eu não as conheça e nada saiba sobre suas personalidades, elas tendem a agir naturalmente.

O elemento transparência e a honestidade são fundamentais nessa fase. Proporciona uma possibilidade de experimentação sensorial de como será “A vida como ela realmente é”  dentro do ambiente onde adentrarão, adicionando elementos chave que as faz serem pró-ativas e expressar com muita espontaneidade características como resiliência, adaptabilidade e flexibilidade, por exemplo.

Se precisa ser o mais natural e sem medo possível das suas demonstrações, a minha, como selecionadora, precisa ser mais ainda. Extrair o melhor de pessoas em um momento altamente estressante, pois 100% de quem está em um momento de avaliação para concorrer a um emprego está inseguro e vulnerável, é preciso executar com maestria e zero manipulação de suas previsíveis atitudes.

Agora me digam: isso não é Neurociência na veia?

Márcia Pires é Sexóloga e Gestora de RH (piresmarcia@msn.com)

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