Para os leitores que pacientemente esperam a chegada da sexta-feira e com ela a coluna com minhas divagações literárias, devo dizer que o tempo com qual me agraciam através da sua leitura e atenção será recompensado, pois irei fazer-lhes, em “primeira mão” uma confissão (e depois uma revelação): tenho uma paixão que há muito me acompanha.
Sou irremediavelmente apaixonado pela Vida. Escrevo esta palavra em letra maiúscula dado que a vejo como um fenômeno, ocorrência única e tenaz no nosso plano existencial, como se todos os seres fossem parte de uma única e gigantesca entidade viva.
O caso é antigo! Lembro-me ainda criança, me perguntando “como o olho enxerga?” ou ainda “como os pássaros conseguem voar?”. Encantava-me como a vida encontrou caminhos para fixar-se em um planeta como o nosso, muitas vezes inóspito e pouco acolhedor, mas conseguindo se equilibrar e conquistar o seu espaço, representado por fauna e flora, todos ligados com um mesmo campo energético.
Claro que nesta época eu nem “sonhava” com essa visão. Minhas perguntas eram mais planas e diretas, para o alívio dos meus pais, sendo que nenhum dos dois tinha formação específica para fazer frente à “cachoeira” de questões.
Eles, contudo, apresentaram-me a amigos que podiam dar-me respostas: os livros. Pelo incentivo e o hábito da leitura, eu cada vez mais fui me aventurando e estruturando um quadro na minha cabeça, que dava sustentação ao meu “romance” com a Vida.
Ao procurar respostas em enciclopédias, maravilhando-me em perceber que alguém já tinha pensado em perguntas parecidas com as minhas e para elas tinham proporcionado respostas e caminhos que eu nunca teria pensado sozinho, comecei a tomar contato com um dos nossos maiores poderes como espécie humana: a escrita!
A capacidade de registrar pensamentos, histórias e mesmo incertezas gera uma conexão intensa (e palpável) entre várias mentes, independente de lugares e tempo. Nenhuma outra forma de vida que nos acompanha tem um poder semelhante!
Posso tomar contato direto com os pensamentos do “pai” da psicologia analítica quando leio um livro de Jung, através de letras e papel. Posso sentir as angústias e esperanças de Anne Frank, pelas palavras do seu diário, diretamente das mãos dela. Posso mesmo vivenciar o vislumbre de Darwin, quando leio sobre sua expedição para as ilhas Galápagos, sem sair da sala da minha casa.
Durante muito tempo, os livros mostraram este “superpoder” para mim e muito me beneficiei com eles. Transformaram-se em muito mais: meus companheiros de jornada. Deram-me apoio e abriram portas, esperanças e foram lenitivos quando as coisas não andaram como eu esperava.
Confesso, junto com minha paixão desmedida pela Vida, que a parte que me cabe nesta manifestação não seria tão marcante se não tivesse a ajuda dos livros e da leitura.
Nada mais correto e justo que eu também me coloque e deixe, para a posteridade a herança da minha humanidade: um filho de que orgulho muito, algumas árvores que plantei e - eis a revelação - um livro que eu mesmo assino como autor, para o começo do ano que vem.
Espero que o(a) leitor(s) tenha também amigos e uma paixão, como eu mesmo expus aqui. Acredito que sejam essas as forças mais efetivas para que sejamos o melhor de nós e nos faça cada vez mais vivos.
Alexandre Martin é médico, especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)
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