OPINIÃO

Ao mestre com Carinho


| Tempo de leitura: 3 min

Eu entreguei este texto “em cima da hora” para a revisão, apesar da Andrea, minha amiga e assessora de marketing, ter me avisado várias vezes para fazê-lo longe do prazo. Devo confessar ao leitor(a) que foi uma falha decorrente da minha própria arrogância: ao saber que o tema seria os professores e educadores, que fizeram parte da minha vida, julguei que o artigo “sairia” suavemente, dada a quantidade de bons exemplos que estes mestres deixaram comigo.

Bons e grandes ensinamentos, mas muitos deles iriam comentar que eu tive uma apreensão falha em alguns pontos, como por exemplo atentar-me aos prazos e julgar uma tarefa simplesmente “fácil” sem ao menos tomar contato com ela, iniciando-a precocemente.

Junto com esse “puxão de orelha” que me auto-apliquei, vieram várias lembranças de professores que fizeram o mesmo por mim, em diferentes épocas e níveis da minha formação profissional (e pessoal também). Claro que não gostei nada no momento que ocorreu, mas notei que este tipo de lembrança, a “bronca", vem mais facilmente do que os outros tantos elogios.

Por quê? 

Seria arrogante da minha parte, agora, querer entender o que se passava na cabeça dos meus educadores quando eles me repreenderam em momentos em que estava na posição de aprendiz (receberia outra repreensão agora mesmo!), porém, arrisco-me a dar minha opinião e com isso trazer à tona uma habilidade de todo bom educador.

Creio que a lição que fica bem apreendida, bem ensinada, que será lembrada por anos a fio, é aquela que veio acompanhada de uma boa dose de emoção. Qualquer emoção, seja ela agradável ou o oposto.

Como versado na medicina chinesa, que analisa os fenômenos humanos e biológicos sobre uma óptica filosófica e energética, sei que as emoções têm a capacidade de mobilizar grandes quantidades de energia vital, criando estruturas semelhantes à “nódulos” que tem um potencial enorme de ficarem armazenados nos nossos corpos mais sutis.

Um outro modo de descrever o mesmo fenômeno, de maneira mais contemporânea e médica, seria dizer que os “circuitos” das células do nosso cérebro são “fixados” de forma mais intensa quando os atos que os “criam” são acompanhados de uma grande emoção. De novo: seja ela agradável ou não.

Assim, aquela bronca que o seu professor aplicou porque percebeu que o seu comportamento não iria resultar em algo bom para você mesmo é mais fácil de ser lembrada do que um elogio dele, porque o primeiro, por ser inesperado e chocante, mobilizou mais emoção que o segundo.

Educadores sabem disso e fazem muito seu uso: veja os tantos que fazem das suas aulas verdadeiros espetáculos caricatos, com danças, músicas, piadas que nos rendem risadas e … memórias, nos ajudando a lembrar da matéria que ali foi nos apresentada.

Acredito que muitos de vocês devam estar sorrindo agora mesmo, lembrando-se de melodias que carregavam, de forma mnemônica, fórmulas, números atômicos, senos e cossenos.

Nesta semana que homenageamos nossos professores, deixo aqui minha singela homenagem e gratidão pelo esforço de tantos em me apoiar no meu caminho da realização da minha vida, com boas lições, lembranças e emoções (ou não). Faço de minha vida, produtiva e feliz, justo exemplo do trabalho por eles bem-feito.

Com relação à prazos, contudo, admito que tenho muito a melhorar. Andrea que o diga.

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

Comentários

Comentários