O show de encerramento das Olimpíadas de Paris 2024, transbordou em imagens simbólicas, repleta de elementos culturais franceses, com a participação de artistas renomados, efeitos de luzes e uma apresentação de argolas olímpicas, que foram erguidas no centro do Stade de France. O nadador francês Léon Marchand, o "viajante dourado" carregou a lanterna do caldeirão olímpico, marcando o fim dos jogos e a passagem do espírito olímpico para os próximos anfitriões. Ele foi um dos destaques dos jogos, com a conquista de quatro medalhas de ouro.
O evento também incluiu uma surpresa de Hollywood, com o ator 60+ Tom Cruise fazendo uma sucessão de ações ao estilo “Missão Impossível”. Entrou no estádio saltando das alturas, pegou a bandeira Olímpica, saiu de motocicleta com a flâmula em punho, tomou um avião e desceu de paraquedas, conectando Paris a Los Angeles, sede das Olimpíadas de 2028.
Esses momentos celebraram não apenas os sucessos esportivos, mas também a herança cultural e a continuidade do espírito olímpico rumo aos próximos jogos?. Alguns teóricos da comunicação como o escritor Umberto Eco e Roland Barthes, bem como a fotógrafa Susan Sontag, observam que eventos, nos quais podemos incluir as Olimpíadas, não podem ser vistos apenas como uma série de competições esportivas, mas como um complexo sistema de significação, onde cada imagem, símbolo e narrativa é carregado de conceitos que podem ser decodificados e interpretados em vários níveis.
Eco nos fala de como as imagens midiáticas podem ser usadas para manipular ou dirigir a percepção das massas. Igualmente, Sontag vê as imagens como veículos que podem tanto informar quanto manipular, destacando seu papel na formação de memória coletiva e na perpetuação de narrativas culturais e políticas. Já a teoria de Barthes nos leva a questionar quem controla essas imagens e quais narrativas estão sendo promovidas ou suprimidas. Por exemplo, a escolha de quais atletas recebem maior destaque nas mídias pode refletir valores sociais e políticos mais amplos.
Estudiosos mais recentes da cultura visual como Nicholas Mirzoeff, que aborda como as imagens operam nas sociedades contemporâneas; as relações entre visualidade, poder e identidade, com temas como o racismo visual e a história visual. W.J.T. Mitchell explora como as imagens desempenham papéis ativos na formação de significados culturais e políticos. David Freedberg estuda como as imagens afetam o comportamento humano, explora como elas provocam respostas emocionais e físicas nas pessoas, abordando seu poder psicológico, além de comunicar ideias.
É inegável o alcance que os Jogos Olímpicos promovem em nossos dias. No Brasil, mais de 36 milhões de aparelhos acompanharam os Jogos Olímpicos e no mundo, estima-se que cerca de 1,5 bilhão de pessoas mantiveram os olhos voltados para o evento.
Os vencedores desta Olimpíada foram respectivamente: em primeiro lugar, Estados Unidos, seguido pela China e em terceiro temos o Japão. O Brasil ficou em 20º. lugar no quadro geral das medalhas Olímpicas. Os resultados refletem não apenas o talento atlético, mas também as estruturas econômicas, políticas e culturais subjacentes dos países e projetam para o mundo a imagens de poder e prestígio global, disciplina e inovação.
Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)
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