Já era médico quando comecei a estudar a especialidade de acupuntura e por isso já conhecia e tratava a osteoporose, uma doença onde a capacidade de “fixar” o cálcio e outros minerais na estrutura orgânica do osso fica diminuída em proporção ao ritmo que o “consumimos” e, resultado disso, os ossos ficam enfraquecidos e propícios à fratura.
Seria a versão do envelhecimento biológico no seu “capítulo” ósseo, vamos dizer assim, com várias causas predisponentes, como baixa de níveis hormonais e mesmo hábitos de vida. Tudo é estudado pelo médico, como evitar e principalmente como remediar esse processo.
Contudo, quando cheguei a estudar a mesma matéria sob a ótica da Medicina Tradicional Chinesa, que é a base para toda a acupuntura, me deparei com aspectos do sistema ósseo que eu nunca esperei encontrar, a começar pelo “local” onde este conhecimento se apresentou para mim: no Feng Shui.
A tradução literal da expressão, vinda do mandarim, é “Ventos e Fluxos de Água (ou rios)” e demonstra o estudo do efeito ambiental sobre os seres e objetos que se encontram fisicamente dispostos naquele local. Ele ficou muito conhecido no ocidente pela utilização em áreas do conhecimento como arquitetura e construção, para criar projetos de moradias que favoreçam a saúde dos seus habitantes ou mesmo a eficácia do trabalho que vai ser exercido lá, como é o caso de projetos para empresas ou escritórios.
Mesmo na decoração de interiores pode-se usar o conhecimento de feng shui - que funciona segundo os mesmos princípios de polaridade e transformação presentes na fitoterapia e acupuntura - para harmonizar ambientes segundo a escolha e posição do mobiliário, por exemplo.
“O que, afinal, isso tem a ver com osteoporose?”, vocês devem estar se perguntando.
A resposta é bem insólita! Quando esse conhecimento surgiu como parte dos meus estudos, descobri que o lugar mais sagrado onde devemos aplicar feng shui para harmonizar e bem cuidar, por vezes mais importante mesmo que a nossa própria casa é o… cemitério. O motivo disso não é menos surpreendente: ossos.
O cemitério é o “domicílio” dos restos mortais dos nossos ancestrais (basicamente, seus ossos). Na visão tradicional, é na estrutura óssea que reside a energia fundamental da nossa vida, que herdamos dos nossos pais e avós, capaz de iniciar o processo de regeneração de todas as células do organismo.
Interessante é que, dentro dos ossos está a medula óssea (Gu Sue, em mandarim), que é o lugar onde mais se encontram as “células-tronco”, que tem o potencial de se transformarem em qualquer outra célula ou estrutura do nosso organismo, sendo uma das grandes “esperanças” na luta contra doenças degenerativas. Parece que os chineses antigos acertaram no potencial desta parte do corpo!
Cuidar dos ossos (os nossos e os da família) é beneficiar a saúde de todos, o que se fazia de todas as maneiras possíveis, desde o feng shui (para os antepassados) até com fitoterápicos e técnicas anti-aging que beneficiam a mineralização óssea (para os vivos).
Recomendo, então, que se pense nos nossos ossos com o mesmo carinho que tratamos outras estruturas nobres, como nosso coração, por exemplo, pois se trata de um presente dos nossos antepassados para bem vivermos a nossa própria vida.
Alexandre Martin é médico, especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)
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