RELAÇÕES EXTERNAS

País emergente, Brasil ‘depende’ das eleições dos EUA

Por Marcela Franco | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
O economista e professor Messias Mercadante, esteve presente no “Difusora 360”, do Grupo JJ, falando sobre os acontecimentos mundiais e o impacto no Brasil
O economista e professor Messias Mercadante, esteve presente no “Difusora 360”, do Grupo JJ, falando sobre os acontecimentos mundiais e o impacto no Brasil

Com a aproximação das eleições nos Estados Unidos, o Brasil se vê em um cenário de incerteza e preocupação econômica. O Grupo JJ realizou ontem (23) uma entrevista na Rádio Difusora, no programa “Difusora 360”, com o economista e professor Messias Mercadante, que traçou um panorama detalhado das possíveis repercussões dessas eleições e de outros acontecimentos externos para a economia brasileira. “O Brasil tem dependência nos Estados Unidos, especialmente no que tange aos investimentos estrangeiros diretos. A saída de capital estrangeiro, como observado recentemente, pode desestabilizar a economia brasileira, pressionando o câmbio e a inflação”, avalia.

ENTENDA
Após pressão de democratas, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no último domingo (21) que não irá concorrer à reeleição, em disputa contra o ex-presidente Donald Trump. "Ofereço meu apoio para Kamala ser a indicada pelo nosso partido neste ano", disse Biden. Minutos após a publicação da carta nas redes sociais, o presidente publicou uma foto sinalizando apoio à sua vice, que também tinha sido citada na carta. "É hora de nos unirmos para combater Trump", afirmou.

Segundo Mercadante, Kamala Harris, ex-procuradora-geral da Califórnia, senadora e vice-presidente, emergiu como uma forte candidata à presidência dos Estados Unidos. Em apenas 24 horas, Harris arrecadou 81 milhões de dólares, obtendo apoio significativo do Senado americano. O atual presidente, Joe Biden, é reconhecido por suas políticas econômicas que reduziram a inflação para entre 2,5% e 2,7% e promoveram um crescimento econômico de 3%.

O economista ainda ressalta que Biden tomou medidas contundentes, como a imposição de um imposto de importação de 100% sobre carros elétricos chineses, para proteger a indústria americana. Também limitou a exportação de componentes tecnológicos para a China, buscando manter a liderança dos EUA em setores estratégicos. “Além disso, sua administração desempenhou um papel crucial na OTAN, fornecendo apoio militar à Ucrânia na guerra contra a Rússia e estabelecendo bases militares na Polônia e na Alemanha”, acrescentou.

Por outro lado, Donald Trump, ex-presidente e possível candidato, tem uma visão mais assertiva em relação à imigração e ao protecionismo econômico. Ele promete subsidiar a indústria e a agricultura americana, setores nos quais os EUA competem diretamente com o Brasil. “Se eleito, ele pode adotar políticas que desafiem a economia brasileira, especialmente considerando que o Brasil é governado pela esquerda, uma posição antagônica às políticas de Trump”, explicou o economista.

Trump também afirmou que cessaria a guerra entre Rússia e Ucrânia rapidamente, forçando a Ucrânia a ceder territórios ocupados pela Rússia. Essa postura pode reduzir significativamente o apoio militar da OTAN à Ucrânia, alterando a dinâmica geopolítica global.

O economista também explica que outro ponto crucial é a crescente influência da China na América Latina. A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil e vem realizando investimentos significativos em infraestrutura, saneamento básico e energia. “Essa parceria pode ser benéfica para o Brasil, mas também cria uma dependência que pode se tornar problemática caso haja um realinhamento político global.”

ECONOMIA MICRO
Internamente, o Brasil enfrenta desafios, como uma dívida pública elevada e um crescimento econômico aquém do esperado, na avaliação do especialista. Nesse sentido, em seu ponto de vista, a reforma tributária pode ser um respiro, especialmente no enfrentamento de dívidas - uma opinião que inclusive diverge da do prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, de cujo mandato Mercadante foi gestor. O chefe do Executivo tem se posicionado contra a reforma tributária em diversos vídeos por meio de suas redes sociais.

Para o economista, o empresariado vê a reforma com bons olhos. “Eu tive contato com muitos empresários estrangeiros quando eu fui gestor, e eles não entendiam tamanha burocracia da teia tributária, então agora, com certeza vai simplificar e atrair mais investimentos no país.”

O professor finalizou dizendo que o orçamento público não pode ser equilibrado com o aumento de impostos. “Então o governo tem que realmente rever a máquina pública. O Brasil precisa rever a questão do judiciário, das forças armadas, do legislativo nacional, nas três esferas, União, Estado e município, para poder buscar equilíbrio.”

O cenário global instável e as eleições nos Estados Unidos adicionam uma camada de incerteza à já complexa situação econômica do Brasil. A dependência de investimentos externos, as políticas protecionistas potenciais e a influência crescente da China são fatores que devem ser monitorados de perto pelos gestores econômicos e políticos brasileiros. Em meio a esse panorama, a necessidade de reformas estruturais e de uma política fiscal mais equilibrada se torna ainda mais urgente para garantir um futuro econômico mais estável e próspero para o Brasil.

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