PONTOS

Frota de elétricos cresce 760% em três anos, mas carregadores ainda são 'raridade'

Em Jundiaí, o advento deste tipo de carro aconteceu nos últimos anos e híbridos também ganham mais espaço, mas há poucos pontos de recarga, ao contrário de postos de combustível

Por Nathália Sousa | 27/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Daniel Tegon Polli

Em Jundiaí, o advento deste tipo de carro aconteceu nos últimos anos, mas carregadores não são espalhados pela cidade como postos de combustível
Em Jundiaí, o advento deste tipo de carro aconteceu nos últimos anos, mas carregadores não são espalhados pela cidade como postos de combustível

Um dos assuntos do momento são os veículos elétricos, tidos como futuro dos transportes e da mobilidade, sobretudo urbana. Com a chegada de novas montadoras ao país, a venda deste tipo de veículo vem crescendo consideravelmente, inclusive em Jundiaí. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), em janeiro deste ano, o total de veículos elétricos e híbridos no município chegou a 1.009. Em janeiro do ano passado, eram 504, e, no mesmo período de 2022, totalizava 288. Em três anos, o aumento foi de 250%. Já considerando os veículos 100% elétricos, o crescimento da frota foi maior. Em janeiro de 2022 eram 23 no município, já no primeiro mês do ano passado chegaram a 74. Neste ano, também em janeiro, esse total contabilizou 198 veículos elétricos. O aumento no período foi de 760%.

Para este crescimento de frota, porém, há um empecilho: a autonomia deste tipo de carro. O carregamento da bateria de veículos elétricos exige um equipamento específico, usado em uma tomada de 220v. Alguns lugares disponibilizam carregadores, como, no caso de Jundiaí, o Paço Municipal, shoppings e condomínios empresariais ou residenciais. Nas rodovias, a rede Graal dispunha de carregadores nas unidades 67, da Anhanguera, e 56, da Bandeirantes, ambas em Jundiaí e desativadas no ano passado. Ainda no fim do ano passado, porém, houve anúncio da instalação de novos carregadores rápidos na rede, podendo ser reativados os que ficavam em Jundiaí.

 

PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

Uma pesquisa feita nos EUA pela empresa de análise de dados J.D. Power mostra que 48% dos novos proprietários de carros elétricos considera trocar por um modelo híbrido e 39% considera um modelo híbrido ou a combustão futuramente. Essa insatisfação se dá sobretudo pela autonomia e falta de infraestrutura, como pontos de recarga.

Esta foi inclusive a motivação de Celso Zonta, que comprou um elétrico e, somento pelo carro, ficou satisfeito. "O que me levou a adquirir um veículo elétrico foi a vontade de contribuir com o meio ambiente. Eu já havia colocado energia fotovoltaica em casa e pensei que com a vinda do carro elétrico eu poderia ter até economia, por consumir energia limpa, no meu caso, do sol, além de não ter de fazer revisões, como troca de óleo, só fazer a verificação da bateria e ter outros gastos de qualquer carro, como pneu, filtro de ar-condicionado. Obtive todos esses benefícios nos primeiros três meses em que estive com o carro, mas complicou quando precisei fazer uma viagem longa."

Depois de um tempo, porém, este problema surgiu. "Para o litoral de São Paulo, eu fui bem. Tem uma rede de postos com carregador no meio do caminho e em cerca de 30 minutos eu conseguia carregar. Mas quando fui para o lado de Mato Grosso, não existe essa rede de postos com carregador. Tem a venda de carros, mas o avanço de pontos de recarga é lenta."

Aliando as utilidades de carro elétrico e a combustão, Celso trocou o elétrico por um híbrido. "Tenho um carregador portátil, mas nenhum posto cede uma tomada 220v. Isso começou a me limitar em termos de viagem. O carro elétrico é extremamente confortável, moderno, muito melhor que os nacionais. A única questão é a autonomia, mas não tem nenhum problema para uso urbano, o problema mesmo é a rede de abastecimento no Brasil. Não tem uma política pública que incentive a colocação de carregadores nos postos. Voltei para o combustível, mas comprei um carro híbrido, que faz 38km por litro na cidade e 29 km por litro na estrada, então continuo economizando e contribuo com o meio ambiente. Quando o país estiver mais preparado, voltarei para o elétrico sem pestanejar."

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.