OPINIÃO

A nova dimensão da inteligência

27/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Susto, apreensão, medo, desconhecimento. Muito se arrisca sobre futurologia de cenários em relação ao emprego das tecnologias e a Inteligência Artificial (IA). A partir de 30 de novembro de 2022, quando a OpenAI, com sede em São Francisco, lançou o ChatGPT, foi inevitável sua crescente e explosiva popularização. Ganhou os holofotes e tomou a frente das demais, e, em aproximadamente dois meses, já tinha mais de 100 milhões de usuários. As empresas passaram a aplicá-lo na resolução de problemas, como atendimento ao cliente, assistentes pessoais, chatbots, com mais eficiente, reduzindo o tempo de espera e a necessidade de intervenção humana. Estudantes, empresários, pessoas comuns também se movimentaram na direção do ChatGP para conhecer e usá-lo nas tarefas cotidianas, ou simplesmente para experimentação, mas ainda tem muita gente com o pé atrás.

É importante frisar que o ChatGPT não é uma simples ferramenta para resolução de problemas, explica Silvio Meira, o cientista-chefe da tds.company, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco e um dos fundadores do Porto Digital, centro de excelência em inovação do Recife. Para ele, "a inteligência artificial não é uma tecnologia, não é uma plataforma. É uma nova dimensão da inteligência da qual podemos dispor. Processa um conjunto muito maior de dados. A zona de contexto informacional é do tamanho de 60% da Enciclopédia Britânica inteira, equivalente a 40 milhões de palavras. Caminhamos para um modelo de bilhões de tokens (grupos de caracteres que representam a unidade fundamental do texto), na qual ele captura quase toda a informação relevante já produzida pela humanidade.  Então, o contexto conversacional com esses modelos, por exemplo, no fim da década, olhando para 2030, essa inteligência estará acessível numa interface conversacional." Toda informação estará disponível na interface conversacional para você possa elaborar coisas com ela. Silvio Meira exemplifica: "não é no laboratório da Nasa, da Google ou da Microsoft. Teremos o equivalente a toda a literatura em língua portuguesa, tudo que os jornais já publicaram, tudo que já foi feito em português, no mundo inteiro.

O especialista alerta que "até 2040, haverá modelos que lidam com trilhões de tokens por interação e começarão a fazê-lo completamente sozinhos.  Na medida em que o mundo for mudando ao redor deles, irão estendendo não probabilisticamente, ou seja, eles não vão chutar as respostas com uma certa probabilidade, eles vão mudar as regras, eles próprios, para entender o que é esse novo mundo que está lá fora." Respostas errôneas da IA poderão criar oportunidades para evolução em larga escala e numa velocidade que talvez nunca se tenha visto. "Não teremos um modelo capaz de entender o universo como um todo, e nos dar a resposta para o sentido da vida, isso é computacionalmente impossível", acrescenta Silvio.

Interagir com a tecnologia da informação será uma questão de sobrevivência, num futuro muito breve, decreta Silvio Meira, citando Peter Drucker, "o objetivo final da inovação é sobreviver". Não é somente uma questão de informatização dos processos e sim de transformação. Quando mais sofisticada a tecnologia, mais sofisticados precisamos ser.

Rosângela Portela é jornalista, mentora e facilitadora (rosangela.portela@consultoriadiniz.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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