SAÚDE

Psoríase afeta milhões e ainda envolve preconceito

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lidera a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase, doença que acomete cerca de 3% da população mundial

Por Rafaela Silva Ferreira | 25/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

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A psoríase é uma condição autoimune que causa um crescimento acelerado das células da pele
A psoríase é uma condição autoimune que causa um crescimento acelerado das células da pele

A psoríase é uma condição crônica da pele, não contagiosa, que impacta milhões de pessoas globalmente, gerando desconforto físico e emocional. Desde 2016, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lidera a Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase, doença que afeta cerca de 3% da população mundial, totalizando 125 milhões de pessoas, com 3 milhões somente no Brasil.

O dermatologista Gustavo Garbin explica que a psoríase é uma condição autoimune que causa um crescimento acelerado das células da pele, resultando em manchas vermelhas, espessas e escamosas. "Essas manchas, conhecidas como placas, podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas são mais comuns nos cotovelos, joelhos, couro cabeludo e costas."

Os sintomas da psoríase variam de pessoa para pessoa, mas podem incluir coceira, sensibilidade e até mesmo dor. Em alguns casos, a psoríase também pode afetar as articulações, causando artrite psoriásica. "A causa exata da psoríase ainda não é totalmente compreendida, mas sabe-se que envolve um mau funcionamento do sistema imunológico. Fatores genéticos e ambientais também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da doença", pontua.

O diagnóstico geralmente é feito com base na aparência das lesões e no histórico médico do paciente. O tratamento varia dependendo da gravidade dos sintomas, mas pode incluir medicamentos tópicos, terapias de luz, medicamentos orais e biológicos.

"A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, causando desconforto físico, estresse emocional e até mesmo isolamento social. Muitas pacientes com a doença relatam sentir vergonha de sua aparência e evitam atividades sociais por causa da condição", esclarece o médico.

PRECONCEITO

O dermatologista também relata que o preconceito em relação à psoríase é um problema significativo enfrentado por muitos pacientes que lidam com essa condição de pele. "Infelizmente, a falta de compreensão leva a estigmas e discriminação, o que pode ter um impacto profundo na qualidade de vida e na saúde mental dos afetados."

Um dos principais motivos para o preconceito em relação à doença é a aparência visível das lesões na pele. As placas vermelhas, espessas e escamosas podem ser mal interpretadas como algo contagioso ou até mesmo repugnante por aqueles que não estão familiarizados com a condição. Isso pode levar a sentimentos de vergonha e constrangimento por parte dos pacientes.

"Além disso, o desconhecimento sobre a psoríase pode levar a equívocos sobre suas causas e tratamentos. Muitas pessoas acreditam erroneamente que a psoríase é causada por falta de higiene, o que contribui para o estigma associado à condição", finaliza.

CASOS

O estudante de 25 anos André Borges Oliveira dos Santos conta que desenvolveu a psoríase aos 22 anos, por conta de um emprego tóxico. "Minha chefe gritava comigo, além de me rebaixar e humilhar na frente de outros colegas de trabalho. Não sou uma pessoa de discutir ou brigar, acabo guardando muitas coisas para mim e, com isso, a raiva e o estresse somatizam no corpo e surgem essas manchas. Antes, elas não coçavam, agora são mais incômodas."

André não faz tratamento porque nunca sentiu necessidade. "Não vejo isso como algo grave, apenas uma reação do corpo quando não manifesto algum sentimento. Porém, estou pensando em ir ao dermatologista mais para frente."

A auxiliar de produção Rosemary Silva Ferreira, 47 anos, desenvolveu a doença autoimune com 15 anos, devido à relação ruim que tinha com a mãe durante a adolescência. "Quando comecei a trabalhar e ganhar salário, iniciei um tratamento para aumentar a imunidade, mas demandava muito dinheiro e com o tempo, os efeitos colaterais do medicamento que continha corticoide começariam a aparecer, como o ganho de peso." Atualmente, Rosemary controla a doença com remédios de uso tópico e calmantes naturais.

Quanto ao preconceito, a auxiliar comenta que a pior fase da doença foi na época da escola. "O pessoal fazia 'brincadeiras', e como eu já estava mentalmente abalada devido aos atritos familiares, a psoríase começou aparecer em outras partes do meu corpo, como testa e cabeça. Mas hoje em dia encaro bem. Uso produtos específicos e sei que nunca vai estar 100% cicatrizada. No entanto, tento ao máximo mantê-la controlada."

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