RENASCIMENTO

Um ano depois da morte de ‘Super Chico’, mãe luta contra o câncer e quer fundar ONG

Daniela Guedes Bombini, de Bauru, relata o desafio do luto, a própria doença e os planos para ajudar outras famílias

Por Mariana Meira | 21/03/2024 | Tempo de leitura: 2 min
Jornal de Jundiaí

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Superchico
Superchico

A dor do luto por um filho e a batalha contra o câncer de mama formaram um combo que deixou a advogada Daniela Guedes Bombini, de Bauru, com apenas uma opção: juntar os cacos para seguir em frente e ressignificar o sofrimento. Mesmo sem os cabelos compridos que sempre usou, em fase de tratamento e ainda se curando da perda, ela se prepara para, em breve, fundar sua primeira ONG, que vai se chamar Associação Super Chico – em homenagem ao seu caçula, Francisco Bombini, que ficou conhecido nas redes sociais como “Super Chico”. Ele faleceu em fevereiro do ano passado, aos 6 anos de idade.

Daniela foi diagnosticada com câncer apenas 5 meses após a morte de Chico. Começava, ali, o difícil processo da quimioterapia e, depois, de algumas cirurgias delicadas, entre elas um enxerto de mamilo, em janeiro deste ano. “Eu emendei uma luta no luto”, resumiu, em bate-papo com o JJ. “Chico era o ponto central da nossa casa, todo mundo vivia em função dele, mesmo a gente não tendo perspectivas de ele ficar muito tempo conosco. Eu me deparo com tristezas e lembranças, é normal, eu olho para frente porque a vida continua”, completa.

A rotina que a advogada descreveu é só uma parcela de qualquer expectativa de vida anunciada pelos médicos que Chico desafiou. Com Síndrome de Down – descoberta no nascimento, uma vez que nenhum exame na gestação diagnosticou a trissomia do cromossomo 21 -, ele ficou internado na UTI neonatal por vários meses. Além da cardiopatia congênita, associada ao Down, ele também desenvolveu displasia pulmonar e era renal crônico, além de ter hipotireoidismo, comorbidades crônicas que exigiram que ele tivesse suporte de uma infraestrutura hospitalar complexa dentro de casa 24 horas por dia, incluindo oxigênio para respirar e apoio de enfermeiros. Chico passou por sete cirurgias, a primeira delas ainda no útero da mãe, e quinze internações no total.

O dia-a-dia de cuidados de Chico e suas muitas fofuras, ditas apenas com o olhar e com seus sorrisos, era sempre compartilhado em seu perfil no Instagram, que hoje é de Daniela e viralizou no Brasil inteiro, tendo hoje mais de 386 mil seguidores. Apesar de ter enfrentado tantos procedimentos delicados e longos períodos no hospital, o menino morreu em casa, dormindo.

 “A síndrome era o menor dos problemas. A síndrome era, na verdade, um mundo maravilhoso, que mostra que o mundo é feito de pessoas muito diferentes mesmo. A luta dele pela vida é que fez a gente se apaixonar ainda mais por ele”, diz Daniela.

Segundo a advogada, a previsão é de que até o final do ano a Associação Super Chico já esteja em atividade, oferecendo serviços como acolhimento a famílias e até atendimentos jurídicos. “A ideia é mostrar para as outras mães que é possível levar a vida leve mesmo com todos os desafios”, finaliza.

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